Vò, uma pequena cidade no norte de Itália, pode mostrar como lidar com o novo coronavírus após as autoridades de saúde terem travado a disseminação da Covid-19, evitando novas infeções.
A primeira morte da Itália pela Covid-19 foi registada na cidade de Vò, no norte do país, uma comunidade de 3.300 habitantes na província de Pádua, a 50 quilómetros de Veneza. Os cientistas envolvidos dizem que foi uma iniciativa experimental que lhes permitiu criar um “quadro epidemiológico” completo da Covid-19, de acordo com o Financial Times.
Desde o início do surto, as autoridades têm testado e voltado a testar todos os habitantes da cidade – com ou sem sintomas. De acordo com a Newsweek, entre metade e três quartos das pessoas com Covid-19 em Vò, eram assintomáticas.
Quem testasse positivo nestes testes, era colocado em quarentena – assim como todas as pessoas com quem entrara em contato.
Os testes começaram no final de fevereiro, quando aproximadamente 3% dos residentes de Vò estavam infectados com o vírus que causa a Covid-19. Metade era assintomática: não apresentava sintomas como febre, tosse e falta de ar típicos da doença. Uma segunda rodada de testes dias depois revelou que a taxa de infeção tinha caído para 0,3%.
“No segundo teste realizado, registamos uma queda de 90% na taxa de casos positivos. E de todos os que foram positivos no segundo teste, oito pessoas eram assintomáticas”, disse a professora Andrea Crisanti, especialista em infeções no Imperial College London, em período sabático na Universidade de Pádua, em declarações à Sky News.
O sucesso da experiência sugere que testes agressivos combinados com quarentena completa de qualquer pessoa que possa estar infetada pode ajudar a conter o surto noutros lugares.
Ao testar toda a gente, as autoridades locais conseguiram colocar em quarentena portadores assintomáticos – algo que não poderia ser alcançado com métodos de teste mais típicos usados para confirmar o Covid-19 em pessoas que já apresentavam sinais da doença.
“Conseguimos conter o surto aqui porque identificámos e eliminámos as infeções submersas e isolámo-las”, disse Crisanti. “É isso que faz a diferença.”
“É claro que não se pode testar todos os italianos – mas pode-se testar pessoas próximas daqueles que são assintomáticos”, disse Crisanti. “Devemos usar casos assintomáticos como um sino de alarme para ampliar a nossa ação”.
Na quarta-feira, a Organização Mundial da Saúde instou mais países a testar, isolar e rastrear novos casos de Covid-19 para conter a propagação.