Os contornos do trágico atentado terrorista na sede do jornal Charlie Hebdo, em Paris, que matou 12 pessoas, vão-se conhecendo e há agora um dado novo que torna tudo ainda mais dramático.
Os dois homens que perpetraram o atentado, munidos com armas de guerra e reivindicando-se da Al-Qaeda, terão entrado na morada errada, chegando primeiro ao número 6 da Rua Nicolas Appert. Foi aí que lhes indicaram que a sede do Charlie Hebdo era no número 10, segundo reporta o jornal Le Figaro.
Um detalhe que torna ainda mais constrangedora a situação, considerando também que o Charlie Hebdo era alvo de segurança policial permanente, fruto das contínuas ameaças que vinha sofrendo, depois do caso das caricaturas de Maomé.
A France 2 anuncia que um dos dois polícias mortos no tiroteio estava responsável pela segurança do editor do jornal, o caricaturista Stéphane Charbonnier, que também morreu e que era mais conhecido como Charb.
“Prefiro morrer de pé do que viver de joelhos“, tinha dito Charb numa entrevista recente.
O caricaturista, alvo de ameaças constantes pela sua postura provocatória, tinha publicado há alguns meses uma banda desenhada sobre a vida do profeta Maomé e os testemunhos dão a entender que os terroristas visavam claramente matá-lo.
Vítimas mortais no atentado foram ainda os caricaturistas Cabu, Wolinski e Tignous, igualmente conhecidos pela irreverência e atitude desafiante.
O economista Bernard Maris, accionista do jornal, também morreu no decurso do ataque.
Os terroristas entraram no edifício do jornal quando decorria uma reunião de redacção, depois de a desenhadora Coco, que lá trabalha, ter digitado o código que permite a abertura da porta exterior. Ela conta, numa conversa telefónica com o jornal Humanité, que foi abordada por “dois homens encapuçados e armados”, à entrada do edifício, e que estes foram “brutalmente ameaçadores”.
Logo que entraram, os terroristas terão começado a disparar. “Atiraram sobre Wolinski, Cabu. Durou cinco minutos… Eu refugiei-me debaixo de uma secretária… Eles falavam perfeitamente francês… Reivindicavam-se da Al-Qaeda“, contou ainda Coco ao Humanité.
“Vingamos o profeta Maomé. Charlie Hebdo está morto“, terão gritado os terroristas, que continuam em fuga, segundo vários relatos que testemunharam aquele que é o atentado mais mortífero em França em 40 anos.
SV, ZAP