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Técnicos do INEM recusaram-se a sair em quatro ambulâncias por falta de desinfeção

António Cotrim / Lusa

Técnicos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) recusaram-se, nesta segunda-feira, a sair em serviço por falta de desinfeção de quatro ambulâncias destinadas para o transporte de doentes com covid-19.

A notícia é avançada esta terça-feira pelo Jornal de Notícias na sua edição impressa, que dá conta que a GNR deixou de fazer a higienização das ambulâncias e o INEM teve de contratar uma empresa privada que apenas limpou duas ambulâncias.

Sem a devida higienização dos veículos, os profissionais recusaram-se a sair em serviço, temendo o risco de se contaminarem e de contaminarem os outros.

Os técnicos de emergência pré-hospitalar garantem que o INEM foi avisado com antecedência deste problema, não tendo feito nada para o resolver, escreve o JN.

Até esta segunda-feira, era a Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR que garantia a limpeza e desinfeção das ambulâncias do INEM, dos veículos da Cruz Vermelha Portuguesa e das viaturas dos Bombeiros.

Estes profissionais foram entretanto deslocados para a Unidade de Emergência de Proteção e Socorro para os fogos florestais, deixando de ter disponibilidade para efetuar os procedimentos de limpeza após o transporte de doentes com covid-19.

O INEM explicou ao Jornal de Notícias que quer que a desinfeção “volte à sua rotina habitual”, feita pelos técnicos, assegurando que estes têm “todos os equipamentos e produtos necessários para cumprir aquela que é uma das suas funções: garantir a manutenção e prontidão das ambulâncias”.

Sindicato contra decisão

O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar criticou a decisão do INEM de terem de ser os técnicos a fazer a desinfeção das ambulâncias, que era assegurada pela GNR, alertando para o tempo que a operação vai demorar.

Contactado esta terça-feira pela agência Lusa, o presidente Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Pedro Moreira, questionou se a desinfeção feita pelos técnicos garante o mesmo nível de proteção do que a realizada pela GNR.

“Se o próprio instituto reconheceu a necessidade dessa desinfeção ser feita e garantida pela GNR com material e equipamento que por eles era prestado, e que agora não está a ser disponibilizado pelo instituto, interrogámos o que é que levou a isso” e se “garante o mesmo nível de proteção”, disse Pedro Moreira.

Por outro lado, alerta para o tempo que esta operação manual vai demorar em relação à realizada pela GNR, que “era uma “questão de minutos” e com “a garantia efetiva de todo o material e equipamento que estes usavam e o seu profissionalismo”.

“Se o processo pela GNR era um processo rápido em que a indisponibilidade das ambulâncias era de um tempo muito reduzido agora será um tempo aumentado, porque o processo de desinfeção sendo manual, contrariamente ao que estava a ser prestado pela GNR, acarreta uma consequência logo direta de um aumento de tempo já para não falar do local onde as ambulâncias são desinfetadas e todas as condições inerentes do processo no que diz respeito a todo material e ao equipamento de proteção para que isso aconteça”.

Portugal contabiliza pelo menos 1.424 mortos associados à covid-19 em 32.700 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Relativamente ao dia anterior, há mais 14 mortos (+1%) e mais 200 casos de infeção (+0,6%). O número de pessoas hospitalizadas desceu de 474 para 471, das quais 64 se encontram em unidades de cuidados intensivos.

O número de doentes recuperados é de 19.552.

ZAP //

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