Técnica inovadora de transplante cardíaco diminui risco de rejeição

O procedimento envolve o transplante de tecido de uma glândula encontrada no sistema imunitário para encorajar o corpo a aceitar o coração doador.

Um bebé nascido com diversas deficiências cardíacas está a recuperar bem, depois de se ter tornado o primeiro recetor de um método pioneiro de transplante, realizado na Duke University.

O bebé, Easton Sinnamon, nasceu com várias insuficiências cardíacas graves, bem como uma deficiência no timo — uma glândula encontrada por detrás do esterno — que desempenha um papel fundamental no sistema imunitário ao criar um tipo de glóbulos brancos conhecidos como células T.

De acordo a Science Focus da BBC, a sua condição obrigou-o a necessitar de um transplante de coração e de tecido do timo.

O transplante foi realizado na Duke University, na Carolina do Norte, nos EUA. Easton foi o primeiro recetor de uma nova técnica pioneira de transplante. A sua recuperação está a ter sucesso.

Nos procedimentos realizados atualmente, os corações transplantados têm uma vida média entre 10 e 15 anos, devido aos efeitos prejudiciais causados pelos medicamentos imunossupressores utilizados para evitar que sejam rejeitados.

No entanto, os investigadores da Duke desenvolveram uma técnica pioneira, na qual usam tecido de timo doado para aumentar a probabilidade de o órgão transplantado ser aceite.

Esta glândula estimula a produção de células T, que atacam as substâncias estranhas que entram no corpo, pelo que a implantação de tecido retirado do  timo do mesmo doador que o órgão transplantado ajuda o corpo a aceitá-lo.

Esta abordagem demonstrou ser prometedora em estudos anteriores com animais, mas a rara combinação de condições de Easton levou a que os investigadores a tentassem, pela primeira vez, num ser humano.

Segundo Joseph W Turek, diretor do Departamento de Cirurgia Cardíaca Pediátrica da Duke e membro da equipa cirúrgica, “a técnica tem o potencial de mudar a face do transplante de órgãos sólidos no futuro”.

“Se esta abordagem se revelar bem sucedida, e se for contemplada uma maior validação, isso significaria que os recetores de transplante não rejeitariam o órgão doado e também não precisariam de se submeter a tratamento com medicamentos de supressão imunológica a longo prazo, que podem ser altamente tóxicos, particularmente para os rins.”

“Este conceito de tolerância sempre foi o Santo Graal no transplante, e agora estamos à porta”. Easton recebeu ambos os procedimentos em Agosto de 2021, quando tinha seis meses de idade, e desde então diz-se que está bem.

“Se mostrar a sua viabilidade, esta técnica pode ajudar milhares de outras pessoas com filhos que precisam de transplantes”, disse Kaitlyn, mãe de Easton. “Quando falámos sobre esta possibilidade, sobre do género, porque não o haveríamos de fazer, se podemos fazer a diferença para todas as outras pessoas?.”

Inês Costa Macedo, ZAP //

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