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Task force avalia vacinar por idade. Só há um entrave

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José Coelho / Lusa

António Sarmento, a primeira pessoa a ser vacinada contra a covid-19 em Portugal

A Ordem dos Médicos critica a seleção por doenças crónicas, que foi “lenta, complexa e, por vezes, até injusta”. Considerando que o processo de vacinação deve ser facilitado para que seja mais rápido, coloca o critério decrescente da idade em cima da mesa. A pressão está sobre a Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com o Expresso, a exigência feita pela Ordem dos Médicos (OM) recebeu a concordância do coordenador da task force, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo. Só há um entrave: “A DGS continua reticente, mas não vamos desistir”.

O semanário contactou a task force para o plano de vacinação contra a covid-19 que, apesar de não ter negado a mudança de critério, não adiantou qualquer informação. “O assunto encontra-se em avaliação”, referiu apenas. A Direção-Geral da Saúde também foi questionada, mas não respondeu.

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, garante que não vai desistir e adiantou que a OM está a preparar um documento com as dificuldades de vacinar por doença e as vantagens de optar pela idade. Em breve, irá reunir-se com a DGS.

“Temos tido contactos com alguns peritos da DGS e acredito que somos capazes de fazê-los mudar a estratégia”, afirmou o bastonário.

“Ao distribuirmos as vacinas por idade, apanhamos os mais doentes, porque a carga de doença também é maior com a idade. A partir da segunda fase, devemos seguir este critério, podendo ter um ou outro grupo especialmente frágil, como os transplantados”, justificou Miguel Guimarães.

“Se tivermos vacinas e vacinarmos por idade, conseguiremos ganhar, pelo menos, um mês, e continuará a ser possível ter 70% dos portugueses com imunidade até ao verão”, rematou.

Para a segunda fase, estão previstas seis patologias, como diabetes, cancro ativo, doença renal ou hipertensão. A Ordem dos Médicos defende que, depois dos mais idosos, proteger os mais doentes seria o mais justo, mas a teoria é difícil na prática, tanto pela demora na convocatória como pelas dificuldades nas listas de doentes a chamar.

“Na lista nacional há doentes que deviam estar e não estão e outros que estão e não deviam estar. Os doentes seguidos no privado ou sem médico assistente nem constam”, explicou Rui Nogueira, ex-presidente da Associa­ção Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF).

Em causa está a codificação do doente, isto é, o código das doenças que os médicos do SNS registaram no processo da pessoa. “Os centros de saúde codificam – com a dificuldade de existirem vários códigos para a mesma doença -, mas os privados não”, afirmou Miguel Guimarães, acrescentando que, “por idade, deixam de existir erros“.

Magistrados já começaram a ser vacinados

Procuradores e juízes que fazem parte de uma lista de prioritários já começaram a ser vacinados contra a covid-19, mas os funcionários judiciais ficaram de fora.

Segundo o Expresso, os funcionários judiciais apresentaram uma queixa à Provedora da Justiça, Lúcia Amaral, por estarem a ser vítimas de uma “subversão do sistema e uma discriminação grave e não fundamentada”. Antes disso já tinham escrito à ministra da Justiça, à diretora-geral da Administração da Justiça e ao gabinete do coordenador do Plano de Vacinação.

Os juízes e procuradores que estão incluídos numa lista de prioritários já começaram a ser vacinados. Pelo contrário, e além de não estarem a ser vacinados os funcionários judiciais nem sabem se fazem parte da lista de prioritários indicados pelo Ministério da Justiça (MJ) ao Governo.

É completamente imoral, vacinarem-se magistrados que não se deslocam aos tribunais em detrimento de oficiais de justiça que dão o corpo às balas”, lê-se na carta do Sindicato dos Funcionários de Justiça enviada à provedora e a que o matutino teve acesso.

Manuel Soares, presidente da Associação Sindical dos Juízes, acrescentou que há juízes que já foram vacinados, “mas não sabemos quantos nem quais foram os critérios de priorização”.

“Há um secretismo inaceitável” à volta do plano de vacinação dos juízes e o Conselho Superior da Magistratura recusa qualquer responsabilidade na elaboração da lista, apontou.

O Expresso escreve que, numa nota enviada aos juízes, o Conselho Superior da Magistratura garante que não teve “intervenção na priorização e na forma como as vacinas estão a ser distribuídas” e que “foram definidas certas prioridades por determinação do Ministério da Justiça”.

Segundo as prioridades, deverão ser vacinados em primeiro lugar os juízes do Tribunal Central de Instrução Criminal, os de Instrução Criminal, dos juízos Centrais Criminais dos Juízos Locais Criminais, de Pequena Criminalidade, de Execução de Penas e de Família e Menores.

Liliana Malainho, ZAP //

9 Comments

  1. “Procuradores e juízes que fazem parte de uma lista de prioritários já começaram a ser vacinados contra a covid-19, mas os funcionários judiciais ficaram de fora.”

    Isto é escandaloso. De facto o nosso país é igual à generalidade dos países africanos e da América do Sul em praticamente tudo.
    Depois admirem-se que partidos como o CHEGA e outras pantomimices afins vão subindo.

    • Grande “filme”… mesmo à Ventura!…
      Em África ou na América do Sul é que tu estavas bem…
      Só por acaso, boa parte dos países europeus, seguem os mesmos critérios da task force – mas tu nem isso sabes porque preferes mandar os bitaites típicos “de tasca”/Facebook, em vez de te informares!…

  2. Mais uma vez bem demonstrada a corrupção que existe na proteção da justiça que não só não existe como apenas defende criminosos, é só mais uma vergonha neste país!

    • Então os velhotes que nem sabem se morrem no dia seguinte ou daqui a alguns anos, devem ficar prisioneiros nos lares onde já estão isolados e longe de familiares, devem morrer sozinhos?
      O melhor se calhar, seria em vez de andarem sempre a denegrir os russos, lhes comprassem as vacinas, tal como o deveriam fazer também com as vacinas da China.
      Por este andar, nem daqui a um ano vamos estar imunes.

    • Pois mas talvez esses reformados tenham trabalhado o que o sr nunca chegará a trabalhar. Eu disse talvez porque não o conheço.

      • Calma amigo, estás quase reformado, e depois quero ver se o que comes, o que vestes ( fradas por exemplo ) cuidados médicos etc etc não movem economia.
        Para já, você já está a economizar moral, pois como já não produzem, os “velhotes” e os “reformados”, já nada merecem. OMG

        PS. Trabalho e não me reformarei tão cedo

  3. Nada disso. Os idosos só são infetados se alguém que está infetado contactar com eles. Tem uma série de pessoas que cuidam dos idosos diariamente, levando-lhes comida, fazendo a higiene das suas casas e pessoal, no entanto, quem é vacinado é o idoso que não sai de casa. Não acha que estes cuidadores é que deveriam ter sido vacinados? Deixem de piedadezinhas tolas. Só se lembraram dos idosos agora quando deveriam ter criado condições que os protegessem de verdade. Isso era conseguido com a vacinação de todos os que “giram” à volta dos lares.

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