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Após duras críticas, TAP recua no plano de voos para os próximos meses

António Cotrim / Lusa

O presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, intervem durante a apresentação dos resultados da empresa no ano de 2019, em Lisboa, 20 de fevereiro de 2020.ANTÓNIO COTRIM/LUSA

A TAP recuou no plano de voos para os próximos dois meses, junho e julho, após ter sido duramente criticada por ter descurado o Porto e o Norte do país.

De acordo com o jornal Público, a empresa vai ainda hoje anunciar uma revisão do plano de voos.

Rui Rio foi um dos que criticou arduamente o novo plano de voos da TAP, que implica 27 ligações semanais em junho e 247 em julho, sendo a maioria delas de Lisboa. O líder social-democrata classificou a TAP como uma “empresa regional” que “está confinada aqui ao que era a antiga província da Estremadura”.

António Costa também não ficou indiferente e considerou que a Comissão Executiva da TAP tem o dever legal de “gestão prudente” e “não tem credibilidade” um plano de rotas sem prévia informação sobre a estratégia de reabertura de fronteiras de Portugal.

Por sua vez, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, desafiou a TAP a corrigir estratégia de recuperação de rotas agora divulgada.

Também Rui Moreira acusou a TAP de “impor um confinamento ao Porto e Norte” e de “abandonar o país” neste momento de pandemia em que Portugal “mais precisa” da transportadora aérea. Em conferência de imprensa mais tarde, Rui Moreira disse que a TAP é apenas uma empresa pública quando “quer que os portugueses paguem os seus vícios”.

“Se querem dar uma ajuda para uma companhia apenas de caráter regional façam um favor e incorporem a TAP na Carris e façam o que quiserem, não façam é de nós tontos. Não façam, por favor, de nós loucos”, disse o autarca.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou à agência Lusa que “acompanha a preocupação manifestada por vários partidos políticos e autarcas relativamente ao plano de retoma de rotas da TAP, em particular no que respeita ao Porto”.

O PCP defendeu ainda que a retoma da operação da TAP confirma a necessidade de um “efetivo controlo público” que coloque a transportadora aérea ao serviço do país.

“As notícias mais recentes sobre a reposição de voos pela TAP, com um número muito insuficiente a partir do Aeroporto do Porto não podem iludir, antes confirmam a questão essencial: a necessidade de um efetivo controlo público da TAP, afirmando-a como companhia de ‘bandeira’, ao serviço do país e do seu desenvolvimento”, assinala, em comunicado, a Direção da Organização Regional do Porto (DORP) do PCP.

Ainda esta quarta-feira, O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, repudiou a estratégia da retoma da atividade da TAP, sublinhando a “enorme falta de decência” daquela transportadora aérea em relação à região Norte.

Em comunicado, Domingos Bragança lembra que se trata de uma empresa financiada pelo Estado “e que deveria assumir o papel de servir o país, evitando qualquer tipo de assimetrias bem evidente nesta estratégia de retoma da atividade, em claro prejuízo da população do norte”.

Até mesmo o presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERTRL), Vítor Costa, criticou o plano de retoma de voos da TAP, defendendo que a estratégia da companhia aérea “deve ser profundamente reformulada”.

“A concentração de ligações aéreas em Lisboa não é do interesse da região, tendo em conta que a maioria do tráfego é apenas de ligação a outros destinos europeus, ocupando assim slots que podem ser relevantes para a operação turística”, defende Vítor Costa, citado num comunicado.

Entretanto, o PS já entregou na Assembleia da República um pedido para a realização de uma audição parlamentar urgente do presidente da comissão executiva, Antonoaldo Neves, e do presidente do conselho de administração, Miguel Frasquilho, escreve o Público.

ZAP // Lusa

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