O primeiro-ministro considera que a Comissão Executiva da TAP tem o dever legal de “gestão prudente” e “não tem credibilidade” um plano de rotas sem prévia informação sobre a estratégia de reabertura de fronteiras de Portugal.
Estas posições foram transmitidas por António Costa à agência Lusa, em reação ao anúncio feito pela Comissão Executiva da TAP sobre o plano de retoma de rotas a partir de junho.
O primeiro-ministro começou por frisar que “a gestão das fronteiras é responsabilidade soberana do Estado português” e que a presente pandemia “exigiu e exige por tempo ainda indeterminado a imposição de restrições na circulação nas fronteiras terrestre, marítima e aérea”.
“Não tem credibilidade qualquer plano de rotas definido pela TAP, sem a prévia informação sobre a estratégia de reabertura de fronteiras definida pela República Portuguesa”, acentuou.
Costa disse mesmo ver-se “obrigado a recordar à Comissão Executiva da TAP os deveres legais de gestão prudente e responsável da companhia”.
Esse conjunto de deveres legais de gestão prudente e responsável na gestão da transportadora área nacionais, de acordo com o primeiro-ministro, “não é compatível com a definição, divulgação e promoção de planos de rotas cuja viabilidade depende da vontade soberana da República Portuguesa na gestão das suas fronteiras”.
No início da semana, a TAP publicou o seu plano de voos para os próximos dois meses, que prevê 27 ligações semanais em junho e 247 em julho, sendo a maioria de Lisboa.
De acordo com o jornal online ECO, os administradores indicados pelo Estado no conselho de administração da TAP manifestaram a sua discordância em relação a este plano nas reuniões que antecederam a sua divulgação, mas este acabou mesmo por ser adotado.
Os administradores terão proposto mais voos a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, como por exemplo Porto-Milão, tendo considerado que é particularmente relevante para a indústria de calçado e têxtil na região Norte. Mas as propostas foram rejeitadas, e o plano terá sido até divulgado sem aviso prévio no conselho, avança o jornal digital.
Segundo o ECO, a gestão executiva da companhia aérea justifica-se com o facto de não ter condições para operar rotas com prejuízo, sobretudo agora em que está a negociar com o Governo um plano de recapitalização.
“Se a TAP abdicar do Norte, Norte abdicará da TAP”
Este plano de voos está a originar críticas de vários quadrantes, nomeadamente do presidente da Área Metropolitana do Porto.
“A situação criada pela TAP é incompreensível e só vem agudizar o sentimento de hostilidade ao modelo de gestão que está a ser seguido”, afirmou Eduardo Vítor Rodrigues, numa declaração enviada à Lusa.
O presidente da AMP salienta que o Aeroporto Francisco Sá Carneiro não é um aeroporto apenas de voos low cost e defende que as populações do Norte “não mereciam este tratamento”.
“O assunto será de novo tratado no âmbito político com o primeiro-ministro, mas importa começar a ponderar uma estratégia alternativa para a região, com TAP ou sem TAP. Se a TAP acha que pode abdicar do Norte, seguramente o Norte abdicará da TAP”, conclui Eduardo Vítor Rodrigues, que também é presidente da Câmara Municipal de Gaia.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, também já acusou a TAP de “impor um confinamento ao Porto e Norte” e de “abandonar o país” neste momento de pandemia, em que Portugal “mais precisa” da transportadora aérea.
O líder do PSD, Rui Rio, também acusou a TAP de ser uma “empresa regional” que “está confinada ao que era a antiga província da Estremadura”.
O grupo parlamentar do PS entregou, esta terça-feira, no Parlamento, um pedido de audição urgente do presidente da TAP, Miguel Frasquilho, para esclarecer a “desproporção grande” entre as rotas com origem em Lisboa e as que partem do Porto.
O Presidente da República, por sua vez, disse que “acompanha a preocupação manifestada por vários partidos políticos e autarcas relativamente ao plano de retoma de rotas da TAP, em particular no que respeita ao Porto”.
ZAP // Lusa
É mais ou menos como o governo
A TAP não está confinada à antiga Estremadura mas sim à actual província da Estrumadura tal a quantidade de estrume (para não dizer a palavra adequada) que se nota cada vez mais existir dentro das cabeças de quem por lá dá ordens e traça planos…
Quiseram nacionalizar esta empresa…agora aguentem!
Ponham a Easyjet, Transavia, Ryanair e outras companhias generalistas a substituir a TAP nas rotas que são sustentáveis. Eu também gostava de ir a Évora de avião, mas não posso…
Isto de ter vôos para Abijan, Acra, Agadir, Banjul, Conacri, Dakar, mas quem é que vai para estes destinos???
Será o contribuinte português que tanto dinheiro desconta para manter este buraco sem fundo???!!!