Ainda não terminou a caça ao homem. Chérif Chekatt, suspeito do ataque no Mercado de Natal de Estrasburgo, que aconteceu na terça-feira, ainda está à solta e não é um desconhecido para a polícia francesa.
Na terça-feira, quase 24 horas depois do ataque, o primeiro-ministro, Edouard Philippe, anunciou a mobilização de 1800 militares suplementares da Operação Sentinelle a juntar aos mais de 720 polícias e soldados já envolvidos nas buscas no Leste da França e ao longo da fronteira com a Alemanha para tentar encontrar Chérif Chekatt, de 29 anos.
Ao mesmo tempo, a polícia nacional divulgava a foto do suspeito do ataque ao mercado de Natal, que fez três mortos e deixou feridas 12 pessoas – uma está em estado de morte cerebral, apelando à população para estar atenta “sem intervir pessoalmente” contra “um indivíduo perigoso”.
Apesar dos pedidos de cautela do secretário de Estado do Interior, Laurent Nunez, nas conclusões sobre os motivos do ataque, a procuradoria de Paris abriu um inquérito por “assassínio”, “tentativa de assassínio em relação com objetivo terrorista” e “associação criminosa terrorista”, entregando as investigações à Direção Antiterrorismo, à direção inter-regional da Polícia Judiciária e à Direção Geral de Segurança Interna.
Esta última, escreve o Público, assegurava a vigilância “ativa” do suspeito, inscrito desde 2016 na lista de pessoas identificadas para prevenção de radicalização de carácter terrorista.
Todas as 27 condenações de Chérif Chekatt são por delitos comuns, na maioria assaltos, em França, mas também na Alemanha e na Suíça. Detido durante dois períodos em cadeias francesas, as autoridades acreditam que foi na segunda vez, entre 2013 e 2015, que se radicalizou. Na prisão, o jovem “incitava à prática da religião de forma radical, mas nada permitia detetar uma passagem à ação na sua vida corrente”, explicou Nunez.
No dia do ataque, a polícia esteve na casa do suspeito pelas 6h00 para o deter por assalto à mão armada com tentativa de homicídio, um caso de agosto. Em vez dele, a DGSI encontrou uma granada, uma pistola e várias facas.
Desde o segundo encarceramento em França, Chérif Chekatt foi condenado a dois anos e três meses de prisão por roubo na Alemanha, em 2016; cumpriu pouco mais de um ano e foi em seguida expulso para o seu país.
Enquanto prossegue a caça ao homem, a mãe, o pai e dois irmãos do suspeito foram detidos para interrogatório. De acordo com o Le Parisien, depois do ataque, Chekatt terá gritado “Allah Akbar” (“Alá é grande”) e fugido num táxi.
O mesmo jornal conta que o suspeito terá dito ao taxista que quis “vingar os seus irmãos mortos na Síria”. Se o taxista, identificado como M, está vivo, tal deve-se ao facto de ter afirmado ser “muçulmano praticante” que respeita “a oração”.
O nível de ameaça subiu para o alerta mais elevado em França e o centro de Estrasburgo vive um ambiente de recolher obrigatório. O mercado de Natal da cidade, que acolhe a sede do Parlamento Europeu, já contava com uma segurança apertada, incluindo centenas de polícias e dezenas de membros da Operação Sentinelle.
A lista de vigilância, na qual Chekatt está incluído, reúne 26 mil pessoas suspeitas de ameaçar a segurança do país, incluindo dez mil que se pensa terem-se radicalizado, um número que torna impossível que todos estejam sob monitorização permanente. Há muito tempo que se os suspeitos se devem permanecer na cadeia.