Lá como cá: medidas que inflacionam ainda mais o mercado imobiliário, em vez de se apostar na habitação social.
O mercado imobiliário atravessa um período particularmente inflacionado, complicado para milhões de pessoas.
E não é só em Portugal. Habitantes de diversos países estão com mais dificuldades em encontrar uma casa que consigam pagar.
Há medidas que podem suavizar esse “aperto” no mercado imobiliário; há outras que podem aumentar ainda mais os preços.
Da Alemanha chega um exemplo do que não deve ser feito, como destaca o jornal Handelsblatt.
O Estado alemão, mesmo que não tenha essa intenção, está a aumentar – ainda mais – os preços das rendas.
Como? Com os centros de emprego a conceder subsídios de habitação com preços exagerados face à média do mercado.
Um estudo do Eduard Pestel Institut sublinha o exemplo de Munique: quem procura emprego tem direito a um subsídio de habitação de 19,20 euros por metro quadrado. Pago pelo centro de emprego, claro.
Este valor fica bem acima da renda que se paga em Munique, em média: 12,80 euros por metro quadrado.
E o mesmo valor significa que uma casa de 100 m2 custa 1.920 euros por mês. Pagos pelo Estado.
O estudo denuncia um “pagamento indevido” de cerca de 700 milhões de euros por ano, saídos das contas públicas.
Estes números agradam aos senhorios: aproveitam para aumentar os preços que exigem pelos seus espaços.
No fundo, estes subsídios de habitação até podem apoiar os desempregados, mas são “mais susceptíveis de apoiar os proprietários”, lê-se no estudo.
Os custos de alojamento, incluindo custos operacionais e de aquecimento, deverão ter excedido os 20 mil milhões de euros pela primeira vez no ano passado – e numa fase em que há menos famílias a precisar destes apoios estatais.
A melhor alternativa poderia ser apostar nas habitações sociais e, assim, baixar (ou não subir) os preços médios das rendas no sector do imobiliário.