A presidente da Comissão Europeia reagiu, esta segunda-feira, ao incidente diplomático em Ancara, na Turquia. Erdogan e Charles Michel tiveram direito a cadeiras, enquanto a Ursula von der Leyen foi reservado um lugar secundário num sofá lateral.
A presidente da Comissão Europeia assumiu, esta segunda-feira, num debate no Parlamento Europeu, em Bruxelas, que se sentiu “magoada e sozinha” no incidente protocolar ocorrido durante a sua recente deslocação à Turquia, sublinhando que tal aconteceu unicamente por ser mulher.
Num debate sobre os resultados da reunião em Ancara entre os presidentes do Conselho Europeu, Charles Michel, e da Comissão, e o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, Ursula von der Leyen, ao tomar a palavra, abordou imediatamente o episódio e o facto de não lhe ter sido reservada uma cadeira, mostrando a sua revolta por tal ter sucedido apenas por ser mulher.
“Sou a primeira mulher a presidir à Comissão Europeia. Eu sou a presidente da Comissão Europeia, e é assim que esperava ser tratada quando visitei a Turquia há duas semanas: como presidente da Comissão. Mas não fui”, começou por dizer.
“Não posso encontrar nos Tratados da UE qualquer justificação para a forma como fui tratada, pelo que tenho de concluir que aconteceu porque sou uma mulher”, continuou.
Questionando “o que teria acontecido se usasse fato e gravata”, Von der Leyen observou que, pelas fotografias de anteriores reuniões no palácio presidencial de Ancara, nunca notou falta de cadeiras. “Mas também não vi mulheres nessas fotografias”, acrescentou.
“Senti-me magoada, sozinha, como mulher e como europeia”, disse, realçando que aquilo que está em causa não tem a ver “com disposição de assentos ou protocolo”, mas sim “com os valores que a União Europeia defende”, como a igualdade de género, muito longe ainda de estarem garantidos.
Ursula von der Leyen disse ter noção de que está “numa posição privilegiada”, pois, enquanto “presidente de uma instituição muito respeitada por todo o mundo e, ainda mais importante, enquanto líder”, pode falar e fazer-se ouvir.
No entanto, tal não acontece com “milhões de mulheres que são magoadas todos os dias, em todos os cantos do planeta”, mas cuja voz não é ouvida.
A presidente da Comissão notou então que o incidente se tornou rapidamente “viral” pois havia câmaras que o registaram. “Não houve necessidade de legendas nem de tradução, as imagens falaram por si. Mas todos sabemos: milhares de incidentes semelhantes, a maioria dos quais bastante mais graves, não são vistos e ninguém sabe deles”, afirmou.
Reiterando que, no encontro com Erdogan, reforçou a sua “profunda preocupação” com a saída da Turquia da Convenção de Istambul para a prevenção e combate à violência contra mulheres e crianças, pois “a saída de um dos fundadores do Conselho da Europa é um sinal terrível”, para mais no actual contexto da pandemia, Von der Leyen deixou também advertências para ‘dentro’ da UE.
“Para sermos credíveis, também temos de atuar em casa. Vários Estados-membros ainda não ratificaram a Convenção e outros estão a pensar abandoná-la. Isto não é aceitável. Qualquer tipo de violência contra mulheres e crianças é crime e deve ser punido como tal”, disse, merecendo aplausos do hemiciclo.
Von der Leyen anunciou que, até final do corrente ano, a Comissão vai apresentar propostas legislativas para prevenir a violência contra mulheres e crianças e propor a extensão da lista de crimes para incluir todas as formas de crimes de ódio.
Ainda antes da intervenção da presidente da Comissão, teve a palavra Charles Michel, que voltou a lamentar e a tentar justificar o incidente e a sua atuação.
“Já expressei publicamente por diversas vezes a minha consternação pela situação que foi criada. Os factos concretos são conhecidos: a equipa de protocolo do Conselho não teve acesso prévio à sala de reuniões, e a Comissão não enviou a sua equipa. As equipas [protocolares] não tiveram, por isso, acesso à distribuição dos lugares antes do encontro”, começou por justificar.
Reiterando que está comprometido, em conjunto com Von der Leyen, em “tudo fazer para que esta situação nunca mais se repita”, tendo sido dadas “instruções nesse sentido” às equipas protocolares e diplomáticas, Charles Michel justificou por que razão não interveio e se limitou a sentar-se na cadeira que lhe foi atribuída, ao lado de Erdogan.
“Sei que as circunstâncias levaram muitos de vós a considerar que eu deveria ter tido um comportamento diferente na ocasião. É uma crítica que naturalmente registo, mas naquele momento decidi não reagir de outra forma de modo a não criar um incidente político que achei que seria ainda mais grave, e que arriscaria arruinar meses de preparativos políticos e diplomáticos”, explicou.
Admitindo que as imagens “podem dar a sensação a muitas mulheres de se sentirem ofendidas”, Charles Michel reafirmou o seu “compromisso total, completo, absoluto de apoiar as mulheres e a igualdade de género”, matéria que diz ter abordado muitas vezes durante o seu percurso político.
“Nos últimos dias, muitos de vós contactaram-me a propor que utilize este incidente para defender ainda de forma mais forte o papel e os direitos das mulheres. E quero aproveitar esta mão estendida”, disse, concretizando que podem contar com o seu forte compromisso e os seus melhores esforços “para tentar mobilizar os Estados-membros e tentar desbloquear” propostas de diretivas que visam a igualdade de género.
// Lusa
O que ela tinha de fazer naquele momento era ficar de pé até que lhe trouxessem uma cadeira, ou simplesmente abandonar a sala. Ela cedeu, e não cedeu apenas como mulher, cedeu como representante da união europeia. A turquia não é parte da Europa, e nunca há de ser, e nunca poderá fazer parte da união europeia. Temos de respeitar as culturas diferentes da nossa? Sim, mas eles lá e nós cá. Os turcos são especialmente abusadores e mal educados.
Ela não esteve mal. Quem esteve muito mal foi o brutamontes do presidente do Conselho Europeu. Uma criatura sem qualquer nível e uma vergonha para todos os Europeus.