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Depois do Sofagate, agora é von der Leyen quem está a ser acusada de quebrar o protocolo

Aris Oikonomou / AFP

Ursula von der Leyen e Charles Michel

Diplomatas da União Europeia dizem que a presidente da Comissão Europeia quebrou o protocolo, uma vez que foi o seu chefe de gabinete que respondeu ao convite da Ucrânia para que marcasse presença na cerimónia dos 30 anos de independência do país.

Depois do polémico caso SofaGate, é a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que está na berlinda, ao ser acusada de estar a quebrar o protocolo numa resposta à Ucrânia.

Segundo noticiou a organização Politico, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, escreveu à presidente do Executivo comunitário para a convidar a marcar presença nas celebrações dos 30 anos da independência do país, que vão decorrer em Kiev, em agosto.

Além deste evento, o convite estendia-se à participação da alemã na primeira reunião da chamada “Crimean Platform”, que visa mostrar apoio à soberania ucraniana sobre a península que foi invadida e anexada pela Rússia, em 2014.

Só que numa primeira resposta a este convite, em vez de ter sido von der Leyen a responder, como manda o protocolo, foi o seu chefe de gabinete, Björn Seibert, a fazê-lo e a assinar a missiva, o que está a causar indignação entre os diplomatas da União Europeia (UE).

“Lamentavelmente, a presidente não poderá dar uma resposta positiva ao seu convite devido a uma agenda particularmente preenchida nos dias em questão. Agradecemos antecipadamente a sua compreensão”, escreveu Seibert na carta, datada de 7 de abril, a que o Politico teve acesso.

Segundo esta publicação, o motivo exposto para recusar o convite ucraniano também está a levantar dúvidas entre diplomatas e funcionários europeus, uma vez que as celebrações em Kiev estão marcadas para 23 e 24 de agosto, altura em que as instituições da UE estão praticamente fechadas para as férias de verão.

A resposta negativa de von der Leyen também poderá levantar dúvidas sobre o seu compromisso em demonstrar apoio à Ucrânia, num momento em que a Rússia tem o maior número de tropas na sua fronteira desde 2014.

De acordo com o semanário Expresso, a Comissão Europeia já rejeitou que esteja em causa o seu apoio à Ucrânia e acrescentou que a resposta preparada por Seibert não será enviada para Kiev e que será a própria presidente a responder e a assinar uma nova missiva na qual vai recusar o convite.

“A carta ainda não foi recebida pelas autoridades ucranianas. A própria presidente assinará uma resposta ao Presidente Zelensky”, assegurou o porta-voz Eric Mamer, citado por este jornal.

“A Comissão e a UE estão lado a lado com a Ucrânia. A presidente espera reiterar o seu apoio à Ucrânia durante uma próxima reunião com o Presidente Zelensky”, disse ainda este representante.

De acordo com o Politico, a rejeição do convite de Zelensky por parte da presidente da Comissão Europeia também destaca as diferentes abordagens da política externa entre si e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

O belga foi convidado para estes eventos pelo Presidente ucraniano, no mês passado, durante uma visita oficial ao país. O presidente do Conselho Europeu prometeu fazer tudo para marcar presença, nem que tivesse de reorganizar os seus planos para as férias de verão, dizem fontes ligadas à UE.

Esta quinta-feira, segundo o Expresso, Michel voltou a agradecer o convite durante uma conversa telefónica com Zelensky.

“O Presidente Charles Michel expressou profunda preocupação em relação à grande concentração de forças militares russas em curso na fronteira da Ucrânia e na Crimeia, ilegalmente anexada”, pode ler-se no comunicado sobre o telefonema.

O belga sublinhou ainda o “apoio inabalável da UE à independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia nas suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”, considerando que tais “movimentos militares em larga escala representam atividades ameaçadoras e desestabilizadoras”.

Filipa Mesquita, ZAP //

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