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Biden e Merkel pedem a retirada de militares russos (mas já há navios dos EUA a caminho)

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STR / AFP

Um dia depois de a Rússia anunciar que estava a realizar “exercícios militares” perto da fronteira ucraniana, a Ucrânia indicou também estar a proceder a manobras militares. Joe Biden e Angela Merkel apelaram esta quarta-feira à Rússia para que reduza a sua presença militar na fronteira com a Ucrânia.

De acordo com o Diário de Notícias, um dia depois de a Rússia anunciar que estava a realizar “exercícios militares” perto da fronteira ucraniana, em resposta às ações consideradas ameaçadoras da NATO, a Ucrânia indicou também estar a proceder a manobras militares junto à fronteira com a Crimeia.

Por outro lado, Moscovo denunciou terem chegado pelo menos cinco aviões norte-americanos de transporte militar à zona e dois navios de guerra da Marinha dos EUA terão pedido autorização à Turquia para cruzar o Bósforo e entrar no mar Negro, onde devem ficar pelo menos até 4 de maio, escreve ainda o diário.

“Declaram que não estão interessados em reativar o conflito, mas na realidade enviam recursos para armar o Exército ucraniano, aumentam a presença de navios de guerra no mar Negro, planeiam manobras conjuntas, fornecem armas letais, preparam os militares ucranianos”, afirmou o secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev.

Biden e Merkel pedem a retirada de militares russos

O presidente norte-americano, Joe Biden, e a chanceler alemã, Angela Merkel, apelaram esta quarta-feira à Rússia para que reduza a sua presença militar na fronteira com a Ucrânia.

Segundo comunicado do gabinete de Angela Merkel, a chefe de Governo alemã manteve uma conversa telefónica com Biden, durante a qual ambos concordaram em apelar à Rússia para “que reduza os seus recentes reforços de tropas” na fronteira oriental da Ucrânia, a fim de permitir “uma desescalada” da situação.

Antes, a ministra da Defesa alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer, acusou a Rússia de “provocação” e saudou a Ucrânia pela sua “contenção”, indicando que o reforço de tropas na fronteira é seguido “com preocupação”. Segundo o gabinete do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, cerca de 80.000 soldados russos estão estacionados na fronteira com a Ucrânia e na Crimeia.

Os Estados Unidos estimam que a Rússia deslocou nos últimos dias entre 15.000 e 25.000 soldados para a Crimeia ou para próximo da fronteira com a Ucrânia.

A representante norte-americana na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Courtney Austrian, afirmou que a concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia é a maior desde 2014.

“As atividades militares unilaterais da Rússia servem apenas para desestabilizar ainda mais uma situação já volátil e ameaçam desfazer o frágil cessar-fogo no leste da Ucrânia”, disse a representante dos Estados Unidos na OSCE.

A reunião do Conselho Permanente da OSCE, convocada a pedido da Ucrânia, abordou esta quarta-feira o movimento de tropas russas, no quadro de um mecanismo da organização multilateral para fomentar a transparência e a confiança mútua.

A delegação russa, que participou no encontro desta quarta-feira depois de ter estado ausente de uma reunião semelhante no sábado passado, referiu que a Ucrânia é que está a realizar “atividades militares inusuais” na região de Donbass, onde desde 2014 o Exército ucraniano e os separatistas pró-russos se defrontam.

A União Europeia (UE), Estados Unidos e Canadá destacaram, porém, o “facto positivo” de a Rússia estar presente no fórum da OSCE para analisar a situação, lamentando, contudo, a atitude “pouco construtiva” de Moscovo, “que não avançou qualquer informação nova ou relevante”.

A UE referiu que as explicações russas “dificilmente podem considerar-se satisfatórias”, uma vez que não dão qualquer informação relevante para justificar um movimento de tropas tão inusitado.

Nesse sentido, pediu à Rússia que participe “de boa-fé” na reunião e que mostre “uma transparência total” sobre as suas atividades militares, algo a que está comprometida no mecanismo da OSCE, conhecido como “Documento de Viena”.

A Rússia, contudo, enfatizou que pode movimentar as suas tropas dentro do seu território com total liberdade e que o Ministério da Defesa russo enquadrou a movimentação de tropas para a fronteira com a Ucrânia na avaliação anual da capacidade de suas Forças Armadas após o inverno.

Já esta quarta-feira, a Rússia afirmou que pelo menos cinco aviões de transporte militar dos EUA chegaram à Ucrânia nos últimos dias.

“Só nos últimos dias chegaram a território da Ucrânia cinco aviões de transporte militar procedentes de bases aéreas norte-americanas”, declarou Nikolai Patrushev, o secretário do Conselho de Segurança russo, numa reunião realizada na Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014.

Segundo o gabinete do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, cerca de 80.000 soldados russos estão estacionados na fronteira com a Ucrânia e na Crimeia.

ZAP // Lusa

20 Comments

  1. Afinal os navios americanos desistiram de navegar para o Mar Negro. Terão tido receio de alguma coisa? E quanto à Alemanha pedir a retirada de tropas russas da fronteira do seu próprio país, não seria melhor exigir aos EUA que retirem as suas tropas da Europa? Ou será que os americanos querem mais uma guerra generalizada no território do nosso continente? Ainda não morreram europeus que cheguem em duas guerras mundiais?

    • Estás a ver o “filme” ao contrário: ainda há pouco a Alemanha pediu aos EUA para NÃO retirar as suas tropas da própria Alemanha!
      “Alemanha preocupada com possível retirada de tropas americanas”
      DW, 08.06.2020
      .
      Mas um dos maiores problemas da Europa é a Alemanha continuar a “roer a corda” e fazer negócios com os russos e depender do gás russo e, o Putin usa isso como trunfo em qualquer negociação!…
      O Nord Stream é o maior exemplo disso!!

      • O maior problema não é esse. Já em breve vais depender do gás do Azerbeijão e da Turquia. Venha o diabo e escolha.
        O problema da Alemanha é que não se arma devidamente. A UE, ainda para mais sem o Reino Unido, está desmilitarizada face aos restantes blocos (EUA, China, Rússia). Essa é que é a realidade. E que o Putin bem conhece.
        Para teres força a negociar, tens de ter alguma capacidade militar, que a UE não tem. E a NATO (neste caso EUA, já que os outros são em grande parte da UE, tirando Turquia, alguns nórdicos…) não podem servir para tudo.

      • O problema é exactamente esse porque parte da economia da Rússia depende do gás que vende à Europa e, depois usa esse dinheiro para financiar a guerra na Ucrânia, para patrocinar a extrema-direita europeia (para destabilizar a UE, Brexit, etc), etc, etc…
        A UE não está propriamente desmilitarizada… o RU continua a fazer parte da NATO, a França é uma potência nuclear, seguidos da Itália e da Alemanha… não são propriamente paises “desarmandos”…
        Mas, é natural que na UE prefiram investir no bem estar das populações em vez de gastar tudo em armamento – como tem feito o Putin – o resultado é a qualidade de vida da maioria dos russos ser cada vez pior!…

      • Ilustre Eu!,

        A Crimea pertence efectivamente à Ucrânia e foi recentemente ocupada pela Rússia.

      • Desde a sua incorporação no Império Russo, no século XVIII, até 1954, a Crimeia pertenceu à Rússia. Em 1954 o grande democrata Nikita Khuschef decidiu transferir a Crimeia para a República Soviética da Ucrânia, apesar da sua população ser esmagadoramente russa. Agora os habitantes da Crimeia decidiram em referendo, e com mais de 95% dos votos, solicitar a reintegração da Crimeia na Federação russa. Melhor exemplo de auto-determinação não há. Estamos a acusar da Rússia de quê?

      • Estamos a acusar a Rússia de invasão e anexação de vários territórios pertencente a países da Ex- URSS – coisa que a Rússia se comprometeu a não fazer!
        Sabes muito bem (ou devias saber) como foi feito o referendo na Crimeia e portanto sabes que vale ZERO!
        .
        Para quem preferir a realidade (e não estoirinhas), aqui fica um excelente artigo sobre a Crimeia:

        “Os factos e os mitos sobre a Crimeia”

        “Facto 1. A história da Crimeia conhecida pela humanidade tem alguns milénios. A península da Crimeia fez parte do Império Russo durante 134 anos, da União Soviética, durante 33 anos e há 63 anos que pertence à Ucrânia soviética e independente.

        Anteriormente, durante séculos, dominaram os citas e os kiméricos, existiram colónias gregas, e a Crimeia foi protetorato do Império Romano. Posteriormente, foi conquistada por godos e hunos, e encontrava-se sob o controlo dos povos turcos otomanos e antigos búlgaros. Ao longo da Idade Média, pertenceu ao Império Bizantino e ao Caganato Cazar. Durante cerca de dois séculos, desde meados de século XV até 1783, a Crimeia pertenceu ao Canato de Horda Dourada, formando assim o Canato de Crimeia, que foi vassalo do Império Otomano.

        Durante mais de três séculos, a Crimeia estivera inteiramente ligada ao povo tártaro. Como se pode verificar, na lista dos pretendentes à península do ponto de vista histórico, a Rússia não se encontra em primeiro lugar. Porém, reflexões históricas, em princípio, não têm importância nenhuma na identificação da pertinência estatal e jurídica da Crimeia.

        Em conformidade com o tratado sobre a criação da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) de 08.12.1991, o Tratado de Amizade, Cooperação e Parceria entre a Federação Russa e a Ucrânia de 31.05.1997, o tratado entre a Federação Russa e a Ucrânia sobre a fronteira estatal entre estes os dois países de 28.12.2003, a Rússia considerou e garantiu a soberania e integridade territorial da Ucrânia, incluindo a República Autónoma da Crimeia e a cidade de Sebastopol. Desde o momento da assinatura e ratificação dos tratados mencionados, quaisquer referências à rica história da Crimeia, na argumentação das reclamações territoriais da Rússia, são meros argumentos de especulação”.

        JN, 22 Maio 2017

  2. E que tal retirarem todos e haver uma desmilitarização da zona? Não será melhor do que andar a ver quem tem a arma mais comprida e poderosa? E isto serve também para os USA que onde intervém só fazem e deixam merda, no entanto acham-se os policias do mundo, que de boas intenções nada têm a não ser em cada intervenção tirarem algum partido econômico dela. Basta ver Iraque Líbia etc…Acham que só eles é que devem ter bases pelo mundo fora, só eles devem ter poderio económico, mas quando outros países também querem ter uma décima parte do que eles têm caem-lhes logo em cima.
    Se dedicassem esse orçamento a outro tipo de projetos talvez o mundo estivesse bem melhor. E que não venham dizer que os EUA são mais democráticos que a Rússia ou outros que tal, basta ver onde estavam antes do Natal passado.

  3. A UE não é desmilitarizada mas está muito longe de ser uma potência militar, e salvo a utilização de armamento nuclear, não teria como competir com uma Rússia ou China. Percebo que se queira investir no bem estar das populações, mas esse bem estar pode desaparecer de um dia para o outro, se não existir capacidade de defesa. De qualquer forma, apesar dos últimos 4 anos nos EUA, estou convencido que a Europa poderá sempre contar com os EUA.

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