Muitos portugueses não chegaram a receber qualquer mensagem da Protecção Civil a apelar à calma e com recomendações básicas sobre como deveriam agir perante o apagão. O SMS enviado só chegou após o regresso da energia elétrica – e só a algumas pessoas.
Mais uma vez, o SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) falhou, como já ocorreu em várias outras situações de crise no país, como durante os incêndios de Pedrógão Grande.
Desta feita, o SMS enviado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) a apelar à “serenidade de todos” durante o apagão eléctrico que se sentiu em todo o país, nesta segunda-feira, 28 de Maio, e a garantir “os serviços essenciais e a normalização da situação nas próximas horas”, não chegou aos destinatários na altura certa.
Muitas pessoas não chegaram a receber o aviso “PROCIV” assinado pela ANEPC nos seus telemóveis e que anunciava que a “ligação de energia” estava a ser “gradual”.
Há quem tenha recebido a mensagem já depois do regresso da energia eléctrica, por volta das 22 horas, a noite, ou seja, “11 horas depois” do apagão e quando já estava “tudo normalizado”, como foi o caso do utilizador da rede social X, o antigo Twitter, Gonçalo Cruz.
“Eu não recebi absolutamente nada da Protecção Civil. Questionei-me várias vezes o porquê de não terem feito qualquer contacto à população”, lamenta, por seu turno, a utilizadora do X Catarina Costa.
Já a utilizadora Filipa com “i” considera que “a Protecção Civil não podia fazer mais“. O “112 funcionava”, havia “transportes gratuitos para assegurar regresso rápido e seguro a casa” e as “situações complexas foram asseguradas para não haver sobrecarga de telefonemas”, sublinha ainda também no X.
11 horas depois a primeira comunicação da proteção civil recebida. Quando já tudo esta normalizado na zona.
Parabens a todos os envolvidos, planeamento de gestão de crise 10/10. pic.twitter.com/1qgK0X1Q8L
— Gonçalo Cruz, does ideological parkour (@GoncaloPCruz) April 28, 2025
SIRESP “não funcionou como devia”
O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, revela em declarações à CNN Portugal, que “a mensagem da Protecção Civil foi enviada a meio da tarde“, mas reconhece que “muitos portugueses” só a receberam “mais tarde” porque “as redes de comunicação estavam em baixo”.
Leitão Amaro explica que “havia uma sequência de mensagens prevista” para ser enviada, já temendo problemas de comunicações. “Testámos a primeira para prever como é que o sistema estava e percebemos imediatamente que, provavelmente, não iam chegar todas”, nota.
Desse modo, não foi enviada mais nenhuma mensagem da Protecção Civil por SMS “para não congestionar mais o sistema“, refere ainda o ministro.
Leitão Amaro defende a actuação do Governo durante o apagão, salientando que “todos os meios foram utilizados”, mas reconhece que “há aqui uma melhoria” a fazer.
Até porque o SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) “não funcionou como devia”, assume.
“Andamos há décadas a falar do SIRESP”
O SIRESP “já precisava de uma análise e precisa de uma avaliação porque foi um dos sistemas que não funcionou como devia”, sublinha Leitão Amaro a propósito da rede de comunicações exclusiva do Estado Português para o comando, controlo e coordenação de comunicações em situações de emergência e segurança.
O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, reconhece também que “o SIRESP não funcionou a 100%” e que “teve falhas”, conforme declarações à SIC Notícias.
“Mais uma vez. Andamos há décadas a falar do SIRESP e o SIRESP teve falhas“, reforça Pinto Luz, notando que “temos de tirar lições”.
O SIRESP deveria ser uma rede de comunicações resiliente durante emergências para permitir a coordenação entre diferentes entidades, como forças de segurança, bombeiros e serviços médicos, para assegurar uma resposta rápida e eficaz em momentos críticos.
Contudo, este sistema tem enfrentado falhas significativas quando as redes de telecomunicações não estão operacionais, como se verificou durante o apagão desta segunda-feira.
Prioridade do Governo foi a Rádio
A “prioridade” do Governo em termos de comunicações foi a Rádio porque era o meio que dava melhores garantias de chegar às pessoas não havendo energia eléctrica, destaca ainda Leitão Amaro.
“30 e poucos minutos depois da interrupção [de energia], estava a falar a várias rádios e depois a várias televisões, a explicar o que se passava”, aponta o ministro.
O Governo também recorreu às suas redes sociais para “emitir informação e actualizações sobre o que estava a acontecer”, acrescenta, considerando que é “profundamente injusto” criticar a comunicação do Executivo durante o apagão.
Até porque no fim de contas, “em termos de Protecção Civil e de segurança, não houve incidentes relevantes durante a noite porque houve uma orientação do Governo de reforço do policiamento nas ruas”, conclui Leitão Amaro que e elogia o “esforço monumental” de todos os que se envolveram na reparação da rede energética, na organização nos hospitais e noutros serviços públicos.
Mas o ministro também realça a “resposta colectiva extraordinária” dos portugueses em geral.
Apagão na Europa
-
29 Abril, 2025 Cinco mortes em Espanha associadas ao apagão
Cada vez estamos pior, nada funciona em condições quando é preciso.
Se praticamente ninguém tinha telemóvel nem internet estavam á espera de quê? Pombo correio ou sinais de fumo
Caro amigo, os alertas de emergência não necessitam das operações “normais” de telecomunicações para funcionar; assim como, mesmo sem haver rede nas operadoras de telecomunicações e/ou sem um “cartão SIM” inserido num dispositivo poder-se efectuar ligações de emergência para o 112. O “SIRESP funciona — ou deveria funcionar — com o mesmo princípio e dentro do mesmo protocolo. Infelizmente neste país nada funciona e a incompetência dos “especialistas” é alarmante e de um amadorismo vergonhoso.
Nem sequer se pôde ligar para o INEM. Vai-me à loja, puto!
Todos reguilas!
Se era para o apagão de 28 de Maio (sic) ainda veio muito a tempo…
Sim, recebi SMS e nunca me faltou a internet nem TV, tenho meo Go.
É preciso obrigar os elementos da Protecção Civil desde o topo até à base da cadeia hierárquica a declarar se colaboraram/pertenceram ou colaboram/pertencem à Maçonaria ou a outras sociedades secretas (Jesuítas, Opus Dei, etc.) depois de identificados terão de sair, posteriormente a Protecção Civil deve ser extinta e substituída por outra entidade.
Claro que não recebemos, se nada havia sido declarado excepto ao final do dia, é óbvio que SMS algum não seria enviado. Circulou mais depressa Fake News do que um SMS ou comunicado da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, este devia ter sido enviado quando a SIC já tinha noticiado antes mesmo de as pessoas ficarem sem comunicações. Ainda estou à espera do SMS (sentado). É o estado do país que temos, está tudo a cair de podre, retirem-se os subsídios às renováveis se não produzem. Quem está na ANEPC já devia ter apresentado a demissão se isto fosse um país a sério.
Mais uma prova da competência de Antonio Costa desbaratar os dinheiros públicos