Os sindicatos da Administração Pública saíram “desiludidos” da reunião com o Governo, esta terça-feira, sobre os aumentos salariais.
O secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, reuniu-se com os sindicatos da função pública numa reunião suplementar, a pedido dos representantes dos trabalhadores, depois de o Executivo ter fechado as negociações salariais com uma proposta de aumentos que deixa de fora a maioria dos trabalhadores.
“Desilusão”, “deceção” e “desconforto” foram as palavras usadas pelo secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão, à saída da reunião suplementar.
“Foi reiterada a última proposta de atualização salarial que nos foi feita e neste quadro o que resulta daqui é uma desilusão, uma deceção na justa medida em que continuamos na lógica da compressão da Tabela Remuneratória Única. Daí a exigência da FESAP na sua alteração”, disse o sindicalista, lamentando também o “desconforto” ao serem agravadas injustiças ao deixar “550 mil trabalhadores” sem qualquer aumento salarial.
No entanto, o porta-voz considerou que “valeu a pena, apesar de tudo, fazer esta reunião”, numa referência ao compromisso assumido pelo Governo de, na primeira quinzena de março, iniciar negociações para a revisão do sistema de avaliação de desempenho dos funcionários públicos (SIADAP).
A informação foi também dada aos jornalistas pela presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Helena Rodrigues, no final da reunião desta manhã.
Em causa está a proposta do ministério liderado pela ministra Alexandra Leitão, apresentada na quarta-feira aos sindicatos, que aumenta a remuneração base da função pública em 20 euros, para os 665 euros (valor igual ao do salário mínimo nacional) e que prevê aumentos de 10 euros para salários entre os 665 euros e os 791,91 euros.
Esta proposta representou uma valorização face à apresentada na primeira reunião, em que o Governo tinha proposto um aumento de 10 euros apenas até aos salários de 693,13 euros mas, ainda assim, foi considerada insuficiente pelos sindicatos.
Segundo o Governo, a atualização chegará a 148 mil trabalhadores numa despesa prevista de 41 milhões de euros.
De acordo com os cálculos feitos pelo jornal online ECO, em descontos, a maioria dos trabalhadores do Estado vai perder até 15% das atualizações salariais anunciadas. E há funcionários públicos que verão mesmo mais de 80% do seu aumento “absorvido” pelos impostos e contribuições, recebendo, em termos líquidos, menos de dois euros dos aumentos.
ZAP // Lusa