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Ventura adianta detalhes do desconfinamento: “Vai haver um sinal na próxima segunda-feira”

Pedro Reis Martins / Lusa

André Ventura

Marcelo Rebelo de Sousa está a ouvir esta quarta-feira os nove partidos com assento parlamentar, por videoconferência, sobre a renovação do estado de emergência. André Ventura revelou que o desconfinamento avança já no dia 15 e começa pelas creches

Depois da reunião, André Ventura falou no Parlamento e disse que o que “parece que está em cima da mesa para o Governo” é a reabertura das creche e pré-escolar, alguns estabelecimentos com venda ao postigo, e ainda está a ser “avaliada” a reabertura de cabeleireiros e similares – eventualmente com limitação de horários e diferenciação aos fins de semana.

O líder do Chega adiantou que “é o que o governo admite fazer, uma espécie de primeiro desconfinamento muito limitado. Parece-me ser o que está em cima da mesa para o Governo”, disse.

O deputado mostrou-se de acordo com um “nível de desconfinamento por regiões”, mas afirma que pediu ao Governo “mais clareza” nos indicadores apresentados, de modo a que não seja “a confusão” da última vez. No entanto, o Chega, defende um desconfinamento em duas fases, para dar sinais robustos à economia, e não um desconfinamento tão faseado.

Ventura afirma que parece certo que o Governo vai avançar já na próxima semana com algum grau de desconfinamento “leve”, em jeito de teste para o pós-Páscoa. “Vai haver já um sinal de desconfinamento na próxima segunda-feira”, referiu.

Também Francisco Rodrigues dos Santos falou aos jornalistas depois da audiência com o Presidente da República. O Presidente do CDS disse que deu nota ao Chefe de Estado sobre a necessidade de testar massivamente não só as escolas do público como do privado, e que o desconfinamento deve ser “gradual e progressivo” até ao verão.

Acrescentou ainda que o desconfinamento só deverá começar depois da Páscoa, para não haja avanços e recuos nomeadamente nas aulas presenciais – que devem ser o primeiro passo a dar.

Sobre as escolas, o líder do CDS diz que o Governo não deu indicadores concretos sobre o que está a preparar, mas o CDS defende que estas devem ser prioritárias e que o ensino presencial deve ser retomado nos alunos até aos 12 anos.

Para o líder do CDS, é também importante para o bem-estar físico e mental das pessoas que haja uma reabertura gradual do pequeno comércio (que deve começar pelos serviços de necessidade como os cabeleireiros) e do desporto. “Devem ser retomadas as competições desportivas dos escalões mais jovens, identificadas pela DGS como de baixo e médio risco”, diz.

Em relação às novas variantes, o líder do CDS defende um reforço do controlo das fronteiras para impedir a entrada da variante britânica em Portugal, sendo que há muita circulação de pessoas entre os dois países.

Relativamente à economia, Francisco Rodrigues dos Santos diz que a “propaganda do Governo” tem sido enganadora, e o “dinheiro não está a chegar à economia real”.

“Exigimos ao Governo que faça chegar o dinheiro à economia e exigimos que peça à Comissão Europeia um prazo maior para amortização das moratórias, que são uma verdadeira bomba relógio”, disse Francisco Rodrigues dos Santos.

O CDS esteve ontem com o primeiro-ministro, em São Bento, e hoje reuniu-se por videoconferência com o Presidente da República.

Por sua vez, a deputada do PEV, Mariana Silva, defendeu um desconfinamento realizado “de forma planeada, organizada e bem comunicada”, com medidas reajustáveis, alertando que “o pico” das consequências sociais e económicas ainda não é conhecido.

Para Mariana Silva, “o desconfinamento planeado” do governo “poderá ser de alguma forma o mais indicado para que não tenhamos que dar passos atrás neste longo caminho em que as pessoas já começam a ficar cansadas e para que não sintam sequer que estão injustiçadas nas medidas que venham a ser tomadas para o futuro”.

De acordo com a deputada, na audiência foi ainda abordada a vacinação, na qual os Verdes “fizeram questão de dizer que é necessário comprar a outros fornecedores, é necessário pensar se é possível produzir a vacina em Portugal, para que realmente este processo seja mais célere e que 70% da população possa estar vacinada em agosto”.

André Silva, do PAN, falou também no Parlamento depois de reunião com o PR. O deputado antevê alguma reabertura baseada em critérios mas que “seja socialmente justa e adequada”. Diz ainda que deu nota ao PR no sentido de abertura de algumas atividades culturais. “É possível fazer abertura gradual de atividades culturais com metodologias e regras claras”, defendeu.

João Cotrim Figueiredo, líder do Iniciativa Liberal disse aos jornalistas que o “Governo está ainda muito atrasado e atabalhoado sobre como” proceder ao desconfinamento do país.

Depois das audições com Presidente e Governo, Cotrim de Figueiredo defendeu que o plano “devia ter claramente expressos os critérios e circunstâncias em que as medidas poderiam ou não ser aplicadas”, acrescentando que “nisso o governo está atrasado”.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, mostrou “preocupação face ao agravamento da situação económica e social”, mas sublinhou que as medidas já não estão a ter eficácia: “Quando começam a desacreditar nos efeitos e benefícios das medidas, as pessoas não compreendem o sentido e alcance delas”.

O comunista sugere que o Governo não deve seguir cegamente os especialistas médicos e que é fundamental, para que as pessoas acreditem, que o processo de rastreio e testagem se faça, não só com o anúncio.

Para Catarina Martins, coordenadora do BE, refere que há uma preocupação e uma prioridade: “Amanhã estamos numa situação delicada na AR, de aprovação de um decreto de emergência que é de transição para o desconfinamento, sem ainda termos plano de desconfinamento. Mas há urgência da abertura das creches, pré-escolas e primeiro ciclo. Esta é prioritária, ainda antes da Páscoa”, disse.

A bloquista deixou outro apelo ao Governo: esta “ponderação deve ser feita com os apoios no terreno. Ora, uma parte desses apoios só está garantida para as que têm atividade cancelada pelo estado de emergência. É importante abrir setores, mas sendo ela faseada, não podem ser excluídos dos apoios. E era bom que não piorássemos a situação para os setores mais afetados”.

Ana Isabel Moura, ZAP // Lusa

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