Investigadores académicos criaram sensores de frescura para alimentos, que podem substituir os prazos de validade. Esta constitui nova maneira de evitar o desperdício de comida.
O desperdício de comida é um problema real e crescente, que traz consequências a nível ambiental e económico. Por ano, são desperdiçados cerca de 1,3 mil milhões de quilogramas de comida — o equivalente a 30% da produção mundial.
Um dos responsáveis por este desperdício de comida é o prazo de validade dos alimentos. Algumas pessoas seguem quase religiosamente esta indicação, deitando fora produtos assim que atingem o prazo descrita. No entanto, cerca de 60% desta comida que é deitada fora, avaliada em 12,5 mil milhões de libras, ainda está em condições de consumo seguras.
Como solução, os cientistas criaram um sensor de frescura de baixo custo, utilizável por smartphone e amigo do ambiente. Os sensores, que permitem averiguar se o alimento está em boas condições para ser consumido, seriam incorporados nas embalagens de carne e peixe.
O sensor permite detetar gases como amoníaco e trimetilamina, normalmente libertados por comida estragada. O Tech Explorist explica que, recorrendo a um banal smartphone, o consumidor poderia fazer um scan ao código NFC e verificar se estava em boas condições.
“Os sensores podem eventualmente substituir o prazo de validade — um indicador menos confiável de frescura e comestibilidade. Custos mais baixos para os retalhistas podem também diminuir os custos para os consumidores“, disseram os cientistas responsáveis. O estudo que levou à criação do sensor foi publicado no mês passado na revista ACS Sensors.
Os prazos de validade foram criados para nos manterem seguros, mas segundo Firat Güder, um dos autores do estudo, “na verdade, as datas de validade não são completamente confiáveis em termos de segurança, pois as pessoas muitas vezes adoecem devido a doenças transmitidas por alimentos devido ao armazenamento deficiente, mesmo quando um produto está dentro da data de validade”.
“Embora a indústria de alimentação e os consumidores sejam compreensivelmente cautelosos quanto ao prazo de validade, é hora de adotar uma tecnologia que detete com maior precisão a comestibilidade dos alimentos e reduza o desperdício de comida e a poluição de plásticos”, disse o investigador principal, Giandrin Barandun.
Além disso, o sensor pode ter também usos práticos na deteção de produtos químicos na agricultura, na qualidade do ar e até mesmo detetar indícios de doenças renais.