As “purgas”. Nos últimos dias multiplicaram-se as críticas dentro do PAN, que são semelhantes a descrições do Chega.
Pessoas – Animais – Natureza (PAN) e Chega são partidos que pouco ou nada têm em comum, se olharmos para os programas políticos ou se ouvirmos palavras dos seus militantes.
No entanto, ao longo dos últimos meses, têm-se acumulado críticas à direcção actual do PAN que são quase fotocópias do que já se ouviu e leu sobre a direcção actual do Chega.
Recuemos a Agosto de 2022. Numa altura em que se falava sobre uma onda de demissões/desistências no Chega – com destaque para Gabriel Mithá Ribeiro – evocaram-se os motivos principais para esses desentendimentos.
No centro da questão estavam: falta de democracia interna, divergências com os dirigentes locais (no caso das autarquias) e funcionamento irregular dos órgãos dos partido.
Poucos dias depois, um antigo vice-presidente do Chega disse que André Ventura, líder actual do partido, é um “ditadorzinho”.
E o possível opositor interno Nuno Afonso acrescentou: “É praticamente impossível fazer alguma coisa com os regulamentos que o partido tem actualmente, fechados ao ponto de inviabilizar qualquer candidatura contra o actual presidente”.
Dia “quente” no PAN
Agora saltamos para Maio de 2023. Mês de eleições no PAN, ganhas novamente por Inês de Sousa Real. Nelson Silva, candidato derrotado, perdeu mas deixou avisos: vai manter-se na oposição “se a democracia (dentro do partido) continuar a ser atacada” e disse que o PAN “escolheu um caminho de fecho à sociedade e de fecho aos seus militantes”.
As críticas à aparente “ditadura” dentro do PAN multiplicaram-se ao longo dos últimos dias, por causa das eleições na Madeira.
O partido fechou um acordo com o PSD mas o porta-voz do PAN/Madeira, Joaquim Sousa, disse que o acordo é ilegal porque a deputada eleita Mónica Freitas não tinha legitimidade para assinar o documento; e o movimento ‘Mais PAN, Agir para Renovar’ referiu uma “já habitual violação estatutária” que combina com a forma “autocrática e arbitrária” de liderar partido” e descreveu este acordo como algo “cozinhado à porta fechada, envolvendo meia dúzia de apaniguados” de Inês de Sousa Real.
Esta quinta-feira foi dia “quente” no PAN. A Comissão Política Nacional do partido suspendeu Joaquim Sousa com efeitos imediatos. A comissão considera que o porta-voz na Madeira “colocou em causa o bom nome” do partido.
Horas antes, a porta-voz nacional Inês de Sousa Real já tinha avisado: Joaquim Sousa “apelou publicamente à não votação no seu próprio partido e andou a negociar e em conversações com outras forças políticas”.
Também à tarde, Francisco Guerreiro, eurodeputado que foi militante do PAN, disse na rádio Observador que ao longo dos últimos anos tem havido menos “liberdade democrática” no PAN e menos “discussão interna”, além de uma “concentração de poderes” na comissão política.
Inês = Ventura
Entretanto, já depois da decisão da comissão, Joaquim Sousa demitiu-se e desfiliou-se do PAN. Justificou a decisão: “É impossível continuar a trabalhar com uma porta-voz que patrocina golpes nas estruturas locais do PAN, que promove purgas por delito de opinião, que mente sobre os factos que ocorrem de modo a condicionar a acção dos membros dissonantes do partido”.
“Não consigo compactuar com tantas ilegalidades normativas que são cometidas pela porta-voz nacional, que usa e abusa dos estatutos a seu belo prazer para cumprir os seus devaneios e vinganças pessoais, com a agravante do órgão regional ser inútil pois as nossas decisões são ignoradas, os nossos meios foram pirateados pelo seu gabinete, as escolhas são suas e ostensivamente, por sua indicação, a Comissão Política Regional deixou de funcionar”, lê-se na carta de demissão citada na agência Lusa.
Joaquim Sousa ainda faz uma comparação: “Os procedimentos de Inês Sousa Real e do Chega são realmente muito parecidos, tão parecidos que também têm problemas com o Tribunal Constitucional e com os estatutos. Quem discorda de André Ventura, normalmente é afastado. Quem discorda de Inês Sousa Real, naturalmente é afastado”.
Sim, são partidos políticos liberais/maçónicos assim como os restantes partidos que se encontram na Assembleia da República (AR) e fora dela.
Todos os partidos fazem parte do PUAR.
Claro que não há semelhanças… tirando as que existem com todos os partidos políticos com assento parlamentar!