Expulsão à vista no PAN

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Estela Silva / LUSA

Inês de Sousa Real, Joaquim Sousa (ao centro) e Nelson Silva

Joaquim Sousa, porta-voz do PAN na Madeira, apelou à não votação no seu próprio partido e negociou com outros partidos, revela Inês Sousa Real.

A direção do PAN vai propor a suspensão imediata de funções e a expulsão do porta-voz regional, Joaquim Sousa, numa reunião da Comissão Política Nacional marcada para hoje, disse Inês Sousa Real à Lusa.

“A proposta por parte da direção será nesse sentido, de suspensão imediata das suas funções e a aplicação de pena máxima de expulsão do partido, porque é inaceitável e constitui uma infração muito grave que alguém com responsabilidades políticas, independentemente de poder concordar ou não com a decisão que os órgãos tomaram da substituição da lista, tenha andado a apelar publicamente à não votação no seu próprio partido e inclusivamente andado a negociar e em conversações com outras forças políticas”, indicou.

Inês de Sousa Real indicou que a Comissão Política Nacional do PAN, o órgão máximo de direção política entre congressos, vai reunir-se hoje para analisar o futuro de Joaquim Sousa no partido, apontando que esta questão, que constitui “matéria de infração disciplinar”, será tratada internamente, “em sede própria”.

A deputada única do Pessoas-Animais-Natureza indicou que Joaquim Sousa ainda é o porta-voz regional do PAN na Madeira, e recusou antecipar o desfecho do processo, mas disse que não se revê “de todo no comportamento” do dirigente regional, que o partido “não pode deixar passar em branco”.

Sousa Real salientou que a sua direção “tem toda a confiança em Mónica Freitas, no trabalho que vai desenvolver” e considerou que “não faria qualquer tipo de lógica” que a deputada eleita do PAN na Madeira “se fizesse acompanhar pelo atual porta-voz, tendo em conta todo o contexto que aconteceu”.

Questionada sobre a deputada eleita ter comunicado aos jornalistas na terça-feira que Joaquim Sousa deixaria de ser o porta-voz da estrutura regional e que o iria substituir no cargo, Inês de Sousa Real desvalorizou e justificou com a “intensidade e a pressão” dos últimos dias, que foram “muito difíceis” e considerou que “não foi feito nenhum comentário depreciativo por parte de Mónica Freitas”.

“Compreendo que no calor do momento possa ter dito esses comentários, porque ninguém é de ferro, muitos menos quando somos alvo de ofensas, de ataques e comentários absolutamente depreciativos”, defendeu, apontando que Mónica Freitas “até foi muito comedida no seu comentário, tendo em conta tudo o que foi feito ao longo destes últimos tempos por parte de Joaquim Sousa”.

Sobre o futuro da comissão política regional do PAN, a porta-voz nacional referiu que “toda essa questão vai ser analisada internamente e, no momento próprio, será tudo comunicado”.

Inês de Sousa Real indicou ainda que foi decidido “por larga maioria” a nível nacional e regional a alteração da lista do PAN às eleições regionais da Região Autónoma da Madeira, e que “Joaquim Sousa deixou de ter condições de apresentar sequer lista porque a maioria das pessoas que constavam da lista deixaram-na e não queriam ser parte da lista de Joaquim Sousa a estas eleições”.

Joaquim Sousa tomou posse como porta-voz da comissão política regional do PAN em novembro de 2022, após uma eleição com lista única. Em julho deste ano, foi indicado como cabeça de lista do partido às eleições regionais da Madeira, mas em vésperas da entrega da candidatura no Tribunal Judicial da Comarca da Madeira, o PAN anunciou a sua substituição por Mónica Freitas, justificando, em comunicado, a decisão com “uma incompatibilidade”.

Na quarta-feira, o porta-voz do PAN/Madeira admitiu demitir-se do cargo caso a porta-voz nacional não reconhecesse a ilegalidade do acordo de incidência parlamentar assinado com a coligação PSD/CDS-PP, que venceu as regionais sem maioria absoluta.

Algumas horas depois, a Comissão Política Nacional do partido ratificou o acordo por “ampla maioria”.

// Lusa

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