PAN: entre a “autocracia” e a “oportunidade histórica”

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José Sena Goulão / Lusa

A líder do PAN, Inês de Sousa Real.

A líder do PAN, Inês de Sousa Real.

Comissão nacional do partido aprovou o acordo na Madeira. Não há “carta branca” ao PSD mas há críticas internas duras; acordo será ilegal.

O acordo parlamentar com o PSD na Madeira (o CDS-PP não participou no acordo) foi aprovado na Comissão Política Nacional do PAN.

Em comunicado enviado – já de madrugada – às redacções, o partido afasta-se das notícias dos últimos dias que “carecem de rigor e não reflectem com precisão a realidade dos acontecimentos”.

Repete os seus objectivos centrais, como “a transformação da sociedade, para uma sociedade mais empática, mais justa e progressista” e considera que “a participação activa e construtiva na política é essencial para atingir esses objectivos”.

Em relação ao acordo na Madeira: “É uma oportunidade histórica para introduzir as causas e valores do partido na governação regional, contribuindo, assim, para melhorar a qualidade de vida das pessoas, numa Madeira onde a protecção animal seja uma realidade e a proteção ambiental não seja apenas um agitar de bandeira”.

O PAN tem noção do “enorme sentido de responsabilidade” que está associado a este acordo.

Ao mesmo tempo, avisa que não vai dar “carta branca” ao PSD Madeira ou ao seu líder, Miguel Albuquerque.

O partido assegura que vai reforçar as suas propostas: regulamentação do turismo e implementação da Taxa Turística, o Passe-Saúde para os Porto-Santenses, vacinas gratuitas para os animais, apoio à esterilização de animais, atualização dos apoios às rendas de casas, ou a proteção da Laurissilva, entre outras.

Horas antes, na Assembleia da República, a porta-voz nacional Inês de Sousa Real disse aos deputados que este acordo “quebra o totalitarismo que existia na Madeira” e trava a “agenda arcaica, bafienta e conservadora” do Chega.

Críticas internas

Também horas antes, o porta-voz do PAN/Madeira, Joaquim Sousa, disse que este acordo é ilegal.

“Por uma razão muito simples: a doutora Mónica Freitas, se assinou o acordo em papel timbrado do PAN, não tem legitimidade para o fazer, porque ela é apenas deputada eleita, ainda não tomou posse, não representa em juízo o PAN. O PAN tem uma estrutura regional que é representada em juízo pelo seu porta-voz regional”.

E Joaquim Sousa admite que pode demitir-se, caso Inês de Sousa Real não reconheça a “ilegalidade” do acordo.

Os dirigentes do partido, que criticam a direcção actual, também criticaram o acordo. Alegam que foi “cozinhado à porta fechada, envolvendo meia dúzia de apaniguados” de Inês de Sousa Real que “não estavam mandatados para tal”.

“Esta violação estatutária (o que já se tornou habitual) revela uma vez mais a forma autocrática e arbitrária de conduzir os destinos do partido”, indica um comunicado do movimento ‘Mais PAN, Agir para Renovar’, citado no jornal Público.

ZAP //

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