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Assassino do embaixador russo era polícia de elite nas forças antimotim turcas

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As forças de segurança turcas detiveram seis pessoas no âmbito do caso do homicídio do embaixador russo Andrey Karlov na capital turca, informou esta terça-feira a estação NTV.

O pai, a mãe e a irmã do alegado assassino, Mevlüt Mert Altintas, foram detidos durante a noite em Soka, cidade natal do atacante, situada no oeste da Turquia.

O jornal da oposição Hürriyet informou que uma das pessoas detidas é o companheiro de casa do alegado autor do crime em Ancara.

Altintas era polícia e estava há dois anos e meio nas forças antimotim.

O presidente da Câmara de Ancara, Melih Gokçek, sugeriu na rede social Twitter a possibilidade de o ataque ter ligações a Fethullah Gulen, acusado pelas autoridades turcas de envolvimento na tentativa de golpe de Estado na Turquia no passado mês de julho.

“Condeno de forma vigorosa este ato de odiável terror“, disse Fethullah Gulen num comunicado difundido após a morte do diplomata russo, Andrei Karlov.

“Nenhum ato terrorista pode ser justificado, seja quem for o autor e as suas motivações”, acrescenta o líder religioso turco, antigo aliado do presidente turco e atualmente principal elemento da oposição a Erdogan.

“O povo turco e o mundo esperam a realização de um inquérito, por parte do governo, sobre as circunstâncias deste acontecimento para que sejam identificados os ajudantes do autor e para que sejam tomadas medidas. Para que o mesmo não volte a acontecer”, diz ainda Fethullah Gulen.

Exilado nos Estados Unidos desde o final dos anos 1990, Gulen tem desmentido as acusações de envolvimento na intentona militar de julho, que já levou à prisão de 37 mil pessoas, sendo que 100 mil foram suspensas dos cargos que ocupavam na administração do Estado.

Autoridades turcas impedem cobertura dos factos

As autoridades turcas impuseram esta terça-feira um ‘blackout’ temporário sobre a cobertura do tiroteio do embaixador russo na Turquia, segundo a Associated Press (AP).

A ordem que impede a cobertura dos factos, proíbe temporariamente as reportagens, imagens e comentários que não sejam feitos pelas autoridades oficiais, adianta a AP.

Isto afeta toda a cobertura jornalística distribuída dentro de Turquia e órgãos de comunicação social são aconselhados a procurar assessoria legal se pretenderem transmitir notícias para o próprio país.

O embaixador russo Andrei Karlov estava a discursar em Ancara, no âmbito de uma exposição de fotografia, quando um homem abriu fogo contra ele, e não resistiu aos ferimentos de bala.

O embaixador foi baleado várias vezes por um homem de fato, que também atirou vários tiros para o ar, e que entretanto já foi “neutralizado” pela polícia.

O atirador, que estava mesmo atrás do embaixador, terá puxado da arma e começou a gritar “Não se esqueçam de Aleppo, não se esqueçam da Síria” e a frase em árabe “Allahu Akbar” (“Deus é grande” em tradução para português).

Os EUA e o Irão anunciaram o encerramento das respetivas embaixadas e consulados na Turquia durante o dia de hoje.

Nas últimas horas, um grupo de 18 investigadores, agentes dos serviços secretos e diplomatas russos foram enviados para a Turquia para a investigar o homicídio.

“O grupo vai operar na Turquia no quadro do inquérito sobre a morte do embaixador da Rússia Andreï Karlov, conforme acordado pelos Presidentes russo e turco durante a sua conversa telefónica” na noite de segunda-feira, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O incidente acontece na véspera de uma reunião em Moscovo entre os chefes da diplomacia da Rússia, Irão e Turquia para discutir um cessar-fogo em Aleppo.

ZAP / Lusa

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