O segredo para o combate à crise climática está em pequenos cocós no oceano

Brian Hunt / UBC

Os investigadores pretendem aumentar o sequestro de carbono oceânico através da introdução de partículas de argila na dieta do zooplâncton, aproveitando os seus hábitos alimentares naturais.

Os investigadores de Dartmouth introduziram uma abordagem inovadora para mitigar as alterações climáticas, tirando partido dos hábitos alimentares naturais do zooplâncton.

O estudo, publicado na revista Nature Scientific Reports, propõe o reforço da bomba biológica de carbono do oceano através da utilização de partículas de argila, que aceleram o sequestro de carbono atmosférico no oceano profundo.

O método começa com a pulverização de pó de argila na superfície do oceano no final do florescimento das algas. Estas florescências removem anualmente cerca de 150 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono, convertendo-o em partículas de carbono orgânico.

No entanto, grande parte deste carbono capturado é normalmente libertado para a atmosfera à medida que as florescências se decompõem. A equipa de investigação descobriu que a argila se liga às partículas de carbono, formando flocos pegajosos que o zooplâncton consome rapidamente. Os animais excretam depois estes grânulos de carbono carregados de argila a grandes profundidades, transportando efetivamente o carbono para o fundo do oceano para armazenamento a longo prazo.

De acordo com Mukul Sharma, professor de Ciências da Terra e principal autor do estudo, esta abordagem melhora significativamente a eficiência da bomba biológica. “Os cocós carregados de argila gerados pelo zooplâncton afundam-se mais rapidamente, acelerando o processo de enterramento do carbono”, explicou Sharma na conferência anual da American Geophysical Union.

A equipe conduziu experiências usando amostras de água do Golfo do Maine durante uma floração de algas em 2023 e descobriu que as partículas de carbono orgânico revestidas de argila não apenas afundaram mais rápido, mas também reduziram a atividade bacteriana que normalmente liberta carbono de volta para a atmosfera.

Na água do mar tratada, as partículas orgânicas pegajosas capazes de sequestrar carbono aumentaram 10 vezes. Além disso, os flocos de argila-carbono não consumidos aumentaram de tamanho à medida que se afundavam, aumentando ainda mais a captura de carbono, explica o SciTech Daily.

O estudo destacou a migração vertical diurna do zooplâncton – um movimento diário das águas profundas para a superfície – para ilustrar o potencial de transporte eficiente de carbono. Ao alimentarem-se perto da superfície e ao regressarem a águas mais profundas, estas criaturas microscópicas aceleram a transferência de carbono para as profundezas do oceano.

Sharma planeia testar este método no terreno ao largo da costa do sul da Califórnia, utilizando pó de argila de aviões que retiram o pó das colheitas. Sensores a várias profundidades monitorizarão as interações do zooplâncton com os flocos de argila e carbono para otimizar o momento e o local de aplicação em grande escala.

Apesar dos resultados promissores, Sharma sublinhou a prudência. “É crucial identificar as configurações oceanográficas corretas para garantir a eficiência do método e a segurança ambiental”.

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