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Seca na Irlanda revela magicamente monumento de 5 mil anos

Mythical Ireland / Twitter

Novo “henge” (um local de reunião) com 5 mil anos descoberto na paisagem arqueológica de Brú na Bóinne, na Irlanda.

Depois de uma seca brutal, sinais misteriosos de um monumento de 5.000 anos de idade apareceram magicamente numa plantação irlandesa.

O monumento foi revelado por imagens feitas no último dia 10 de Julho, com recurso a um drone que sobrevoou a paisagem arqueológica de Brú na Bóinne, Património Mundial da UNESCO, localizada a cerca de 48 quilómetros a norte de Dublin, a capital da República da Irlanda.

Brú na Bóinne é o maior e mais importante conjunto de arte megalítica pré-histórica da Europa. O local possuía funções sociais, económicas, religiosas e funerárias há vários milénios. Existem três “cemitérios” conhecidos como Knowth, Newgrange e Dowth na área, cercados por cerca de 40 túmulos.

A descoberta foi feita por Anthony Murphy, escritor e fotógrafo, que suspeitava que as recentes condições de seca pudessem revelar evidências de um “henge” na plantação, uma espécie de recinto construído há milhares de anos e que servia como local de reunião.

As fotografias aéreas mostraram uma série de descolorações na terra, causadas por diferenças no solo, espalhando-se por cerca de 150 metros de largura num padrão circular, que indiciam que se trata, de facto, de um novo “henge que era, até agora, desconhecido, como repara Anthony Murphy numa publicação no seu perfil do Twitter.

De acordo com arqueólogos, o povo neolítico provavelmente construiu este “henge” com grandes estacas de madeira. Dado que ajuda a explicar porque é que as características do solo que formam o monumento retêm a humidade melhor do que a restante área. A madeira teria apodrecido ao longo do tempo, mas o solo manteria as diferenças, permitindo-lhe lidar melhor com as condições de seca. Nestes pontos, a vegetação cresce mais rapidamente de de forma mais saudável.

Michael MacDonagh, arqueólogo do Serviço Nacional de Monumentos da Irlanda, explicou ao The New York Times que se trata de uma descoberta “única numa vida” que vai “acrescentar muito ao nosso conhecimento desta paisagem arqueológica mágica”. Até porque, embora evidências de outros “henges” tenham sido encontradas nas proximidades, ainda se sabe pouco sobre eles.

Não há uma escavação significativa nesta região desde a década de 1970, como nota Stephen Davis, professor de arqueologia da University College Dublin, também no NYT. Por este facto, os investigadores não conseguiram, ainda, datar com precisão os “henges“.

Se os cientistas conseguissem espreitar para debaixo do solo, provavelmente encontrariam carvão, ferramentas de pedra e osso, entre outras coisas. Mas é pouco provável que o local recém-identificado seja alvo de escavações, uma vez que é propriedade privada.

MacDonagh salienta no NYT que o Serviço Nacional de Monumentos vai continuar a investigar o novo achado, mantendo a consulta com o proprietário que não foi identificado publicamente.

A onda de calor que assola a região revelou outros segredos, incluindo assentamentos britânicos há muito perdidos e quintas e fortes romanos com mais de 1.500 anos de idade.

A última vez que uma seca desta magnitude atingiu a zona foi em 1976, mas nessa altura, a tecnologia para sobrevoar a área era demasiado onerosa para ser utilizada, pelo que as descobertas agora revelada não terão sido identificadas.

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