“Nunca digas nunca”. Santos Silva não descarta candidatura a Belém e nega ter dirigido o discurso ao Chega

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António Cotrim / Lusa

Augusto Santos Silva

Santos Silva considera ainda que houve uma total convergência nos discursos de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa na tomada de posse do Governo. “Um pediu, o outro comprometeu-se”, afirma.

Recém-eleito como Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva comentou o seu discurso em entrevista à CNN Portugal e recusa a ideia de que o seu discurso foi dirigido ao Chega.

A intervenção foi interpretada como um recado ao partido de André Ventura devido à distinção entre patriotismo e nacionalismo, ao apelo à diversidade e à rejeição completa do discurso de ódio e do “vírus” do populismo.

“Eu fiz uma defesa da democracia pluralista e da importância da Assembleia da República como centro da democracia pluralista. A Assembleia da República representa o país na sua diversidade”, refuta Santos Silva, que ressalva que que “uma das diferenças fundamentais” uma democracia e uma ditadura é que a primeira admite “no seu seio pessoas ou grupos que a querem destruir”.

Augusto Santos Silva reforça que, no seu novo cargo, vai fazer o seu papel para combater o “vírus” da “pulsão nacionalista” e que todo o Parlamento deve fazer o mesmo, lembrando que esta luta seria mais simples se as crenças populistas estivessem apenas cingidas a um único partido.

Sobre a resposta de André Ventura ao discurso, que disse que o seu partido defende o mesmo “nacionalismo positivo” que inspira a resistência ucraniana, Santos Silva refere que “cada um se define como entender“.

O novo número 2 da nação afirmou que vai assumir uma posição conciliatória e comentou ainda os discursos do primeiro-ministro e do Presidente da República na tomada de posso do Governo, considerando ambos “excelentes” e falando numa “manifesta convergência”.

“Disseram o mesmo — que era todo o interesse que o actual Governo vá até ao fim da legislatura. Um pediu, o outro comprometeu-se“, defende. Já sobre os avisos de Marcelo a Costa, Santos Silva chuta para canto: “Não me compete a mim responder” e “terá de perguntar ao Presidente da República”, falando apenas na “impossibilidade da ditadura da maioria” num “regime democrático”, depois dos recados do chefe de Estado sobre a importância de fiscalização da AR a um Governo maioritário.

Relativamente à sua saída do Ministério dos Negócios Estrangeiros e sobre se esta foi uma boa decisão dado o contexto da guerra na Ucrânia — algo que até alguns socialistas colocaram em dúvida — Santos Silva atira a resposta para António Costa: “Mais uma vez, é uma pergunta que deve colocar ao primeiro-ministro“.

“O que eu posso dizer, como ministro dos Negócios Estrangeiros, é que fui sucedido, e estou a ser sucedido, por duas personalidades que são incomparavelmente mais competentes que eu próprio. O próprio primeiro-ministro que me substituiu durante 48 horas e agora o novo ministro dos Negócios Estrangeiros”, declara.

Ainda antes de ser conhecida a composição do novo Governo, falava-se de uma saída de Santos Silva para a Presidência da Assembleia República que já teria em vista uma eventual candidatura a Belém em 2026, depois da saída de Marcelo.

Nunca digas nunca“, responde Santos Silva sobre esta possibilidade, afirmando que “o futuro a Deus pertence” e que “ainda estamos em 2022”, faltando ainda muito até às próximas presidenciais, pelo que agora está focado em “fruir o presente”.

Adriana Peixoto, ZAP //

4 Comments

  1. Tanta coisa que queria regressar ao ensino…
    Quando o PS estava, aparentemente na mó de baixo, lá foi dizendo que estava com saudades das aulas e que o PS tinha de o libertar para o regresso à sua atividade profissional que tanto gostava. Afinal, parece que não gostava assim tando de dar aulas.

  2. Este quer é tacho. Há melhor vida que politico? Ia dar aulas aturar rapazitos quando como politico tem todas as mordomias, ganha bem e faz pouco ou nada.

  3. Já vais aí? Ainda agora ofendeu uma boa parte dos portugueses logo na tomada de posse na AR e já sonha ser presidente de alguns de nós?

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