O sol e a subida de temperaturas que se fizeram sentir este fim de semana convidaram milhões de pessoas por todo o país a sair de casa. O último sábado, dia 27 de fevereiro, foi o mais movimentado desde o início de 2021.
De acordo com a consultora PSE, que tem vindo a medir a mobilidade dos portugueses, quatro milhões de portugueses saíram à rua este sábado.
Este foi o sábado mais movimentado desde que o ano de 2021 começou, e corresponde a uma tendência crescente de desconfinamento ad-hoc à medida que o tempo passa.
O desconfinamento antecipado foi praticado mais por homens do que por mulheres, e revela-se mais frequente nas classes baixas. A diferença de comportamentos consoante os estratos sociais tem algumas explicações: por um lado, há profissões onde o teletrabalho não é possível; por outro, condições de habitabilidade mais precárias tornam a vida fora de portas mais apelativa.
Segundo a consultora, além do bom tempo que convidou a população a fazer passeios ao ar livre, também a crescente sensação de que o perigo já foi maior, por via do decréscimo do número de mortes e de internamentos causados pela pandemia, faz com que as pessoas se sintam mais à vontade para sair casa.
Depois de um período inicial em que as saídas de casa sofreram um decréscimo significativo, os portugueses estão não só a voltar à rua como a fazê-lo mais vezes e por períodos de tempo mais prolongados, porque começaram a arriscar ir para mais longe.
O especialista em análise de dados da PSE Nuno Santos, observa que “o aumento da mobilidade é uma tendência crescente que se tem vindo a verificar desde o encerramento das escolas“.
Também na última sexta-feira foram à rua quase seis milhões, o que equivale a 75% das que circulavam habitualmente neste dia da semana antes de surgir a covid-19. Só se registou uma redução de 25% relativamente aos tempos de normalidade, quando os estudos internacionais apontam para uma necessidade de baixar pelo menos 40% das deslocações para causar algum impacto na pandemia, afirma o mesmo responsável.
Segundo o Público, o aumento de deslocações registado ao longo das últimas semanas, não discriminou regiões nem idades. Apesar de os idosos continuarem a ficar mais tempo em casa, tal como as mulheres, todos os escalões etários registaram um aumento das saídas de casa.
Mesmo assim, o analista de dados mostra-se otimista, pois “apesar desta erosão do confinamento, os portugueses têm mostrado um comportamento exemplar desde o início da pandemia, respeitando aquilo que lhes é pedido ou imposto”.
Em declarações ao Jornal i, o gabinete de crise covid-19 da Ordem dos Psicólogos pede ao Governo que se estudem fatores além da mobilidade e das taxas de incidência.
Tiago Pereira, responsável pelo gabinete, explica que é uma mistura de vários fatores que não estão a ser estudados pelo Governo da forma como deviam e “que seriam importantes para percebermos mais concretamente o comportamento das pessoas”.
Apesar de existirem “mais pessoas a movimentar-se agora do que no primeiro confinamento”, a verdade é que o “número de infeção e internamentos” também desceu muito mais rapidamente do que aquilo que podemos observar no ano passado, refere o especialista que justifica esta situação com o facto de “hoje haver mais condições para essa mobilidade”.
Coronavírus / Covid-19
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Não acredito que – considerando a enorme afluência de pessoas nas ruas – os números estejam a baixar.
Embora a liberdade de expressão comece a ser uma miragem no ZAP e a censura invariavelmente se faça sentir no que tenho escrito a título de mera opinião nos últimos tempos, sempre se dirá que não foi só no sábado nem na sexta-feira que mais de metade do povo português desconfinou «ad hoc». Ontem, domingo, alguns santuários do norte de Portugal, que têm o condão de estar situados no topo de montanhas, bem arborizadas, com água e belas vistas, estavam à pinha de automóveis cujos passageiros, para evitar uma investida das forças policiais, derivavam em magotes por entre a floresta e penedios, fartos de estarem enfiados em gaiolas, vulgo andares, em altura ou geminados, porque Portugal pouco mais sabe fazer do que gaiolas de todos os tipos e feitios. E houve quem visse – eu também vi mas não tinha essa informação – pessoas que ainda há menos de um mês estiveram à morte em hospitais, outros que tiveram sintomas (falta de paladar, de cheiro, etc.) e que lá arrebitaram sozinhos. Aliás, era o próprio povo quem dizia: «olha aquela anda aqui e ainda há dias tinha febre e falta de “sabor”»; «olha aquele que ainda há quinze dias saiu do hospital» etc., etc. É caso para perguntar se a Senhora Dona Marta Temida, ministra da saúde com mérito, não viu nada, não deu conta de nada. Eu quando tal vi e ouvi fugi a sete pés, direitinho ao meu quinchoso, onde cheguei com ar desvairado de tal modo que a minha Maria se saiu com esta: «Ai home parece que viste sete lobos». Eu nunca mandei em nada nem ninguém, mas que é preciso explicar a esta malta que não podem sair aos magotes, que as vacinas não conferem imunidade para sempre e que podemos estar contaminados sem o saber e contaminar os outros, lá isso era. Ou então qualquer dia começa de novo a saga dos hospitais a abarrotar, de novos confinamentos e a falência de vez do Portugal milenar. Corda bem curta, porque muita gente não vai de outra maneira.
Isto é que é vida. Depois de nos empanturrarmos com ovos da Páscoa, e com polvo de escabeche, o vírus desaparecerá.