“Putin é um assassino”. Rússia reage a acusações de Biden e chama embaixador nos EUA

A Rússia anunciou ter convocado o seu embaixador nos Estados Unidos para consultas, ao mesmo tempo que garantiu que quer evitar a “degradação irreversível” das relações com Washington, que estão “em estado difícil” há anos.

Os ânimos exaltaram-se esta quarta-feira entre Washington e Moscovo, na sequência de uma entrevista do presidente dos EUA Joe Biden, na qual este concorda que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, é um assassino e que “irá pagar as consequências” por Moscovo de ter interferido nas eleições presidenciais de 2020 em favor de Donald Trump, escreve o Diário de Notícias.

O Kremlin reagiu imediatamente à entrevista e descreveu essas acusações como infundadas, garantindo que a Rússia está preparada para proteger os seus interesses em face de uma possível nova ronda de sanções por parte dos Estados Unidos.

“É histeria devido à impotência. Putin é o nosso Presidente. E um ataque contra ele é um ataque contra o nosso país”, escreveu Viatheeslav Volodine, presidente da câmara baixa do Parlamento russo, na sua conta da rede social Telegram.

“Com as suas declarações, Biden insultou os cidadãos do nosso país”, acrescentou Volodine, que já foi o número dois do Governo russo entre 2011 e 2016.

Na sequência da entrevista de Joe Biden, e de acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, o embaixador Anatoly Antonov foi chamado a Moscovo “a fim de analisar o que fazer e até onde ir nas relações com os Estados Unidos”.

A diplomacia russa lembrou que o Presidente norte-americano, Joe Biden, já está há quase dois meses no poder, pelo que este é um “motivo adequado para tentar perceber o que está a correr bem com o novo Governo” dos EUA.

“Para nós, o importante é definir quais podem ser os caminhos para melhorar as relações russo-americanas, que estão a passar por uma situação grave e que Washington conduziu a um beco sem saída, nos últimos anos”, explicou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Svetlana Zakharova.

Zakharova disse ainda que a Rússia tem interesse em evitar “a degradação irreversível” das relações com os Estados Unidos, “se os americanos estiverem conscientes dos riscos que isso implica”.

Apesar de a relação entre os EUA e a Rússia ter os ingredientes para se manter numa espécie de guerra fria, tendo em conta as divergências sobre quase todos os temas, da ocupação da Crimeia à repressão aos opositores, dos ciberataques às interferências nas campanhas eleitorais, Joe Biden considerou, na mesma entrevista televisiva, existir uma linha de possível entendimento noutros temas, como por exemplo o regresso do Irão ao acordo nuclear.

Além disso, o Presidente dos Estados Unidos ressalvou que quer trabalhar com os russos “quando for do interesse comum”, como foi o caso da prorrogação do acordo de desarmamento nuclear Novo START, promulgado dias depois de tomar posse, escreve ainda o DN.