Rússia vai anexar formalmente as regiões ocupadas na sexta-feira, anunciou o Kremlin

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Maxim Shipenkov / EPA

Protestos na Rússia

O Kremlin anunciou esta quinta-feira que o Presidente Vladimir Putin vai assinar na sexta-feira um decreto anexando Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Kherson, as quatro regiões ucranianas ocupadas.

De acordo com a agência estatal TASS, citada pelo Guardian, a informação foi avançada pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. A cerimónia de assinatura do decreto será realizada às 13:00 locais. Durante o evento, o Presidente se encontrará com os administradores das regiões ucranianas, nomeados por Moscovo.

Na terça-feira, o Ministério da Defesa britânico avançou que havia uma “possibilidade realista” de Putin se estar a preparar para anunciar a adesão dos territórios ocupados na sexta-feira, o que agora se confirma.

Os parlamentos das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk, reconhecidas pelo Kremlin a 21 de fevereiro passado, convocaram um referendo de integração na Rússia entre 23 e 27 de setembro, ao qual se juntaram as regiões de Kherson e Zaporíjia, parcialmente sob domínio russo.

O Kremlin já informou que, após a anexação, qualquer ataque às quatro regiões será considerado um ataque direto à Rússia. O referendo de quatro dias, que ficou concluído na terça-feira, mostrou um “apoio esmagador” à adesão, segundo resultados relatados pelos meios de comunicação estatais russos.

Moscovo recruta russos em fuga junto às fronteiras

As longas filas de russos que procuram escapar à mobilização militar parcial anunciada pelo Presidente Vladimir Putin continuam a entupir as estradas para fora do país, Moscovo a estabelecer gabinetes de recrutamento nas fronteiras para tentar intercetar os cidadãos.

A Ossétia do Norte, região russa que faz fronteira com a Geórgia, decretou estado de “alerta máximo” e anunciou que comida, água, equipamentos de aquecimento e outras ajudas devem ser trazidas para aqueles que passam dias em filas, referiram agências de notícias russas.

A região restringiu a entrada de muitos carros de passageiros no seu território e montou um gabinete de recrutamento na fronteira de Verkhy Lars.

No outro lado da fronteira, na Geórgia, voluntários também estão a mobilizar água, cobertores e outros tipos de assistência. De acordo com o Ministério do Interior da Geórgia, cerca de 10 mil cidadãos russos estão a atravessar diariamente a fronteira.

Alguns meios de comunicação divulgaram fotos junto à fronteira, onde era visível uma carrinha preta com as palavras: gabinete de alistamento militar. Outro gabinete deste género foi estabelecido no lado russo junto à fronteira com a Finlândia, segundo a agência de notícias russa independente Meduza.

O anúncio de Moscovo da mobilização de 300 mil reservistas, feito na semana passada, está a desencadear o êxodo de um grande número de homens russos em idade militar que se recusam a lutar na Ucrânia, alvo de uma ofensiva militar russa desde Fevereiro passado.

Embora Putin tenha anunciado em 21 de setembro uma mobilização “parcial”, muitos russos temem que seja muito mais amplo e arbitrário. Na Rússia surgem inúmeros relatos de homens sem formação militar e de todas as idades a receberem avisos para serem mobilizados.

Aleksandr Kamisentsev, que deixou a sua casa em Saratov e fugiu para a Geórgia, descreveu a situação no lado russo da fronteira como “muito assustadora”.

“É tudo muito assustador, lágrimas, gritos, um grande número de pessoas. Há um sentimento de que o governo não sabe como organizá-lo. Parece que eles querem fechar a fronteira, mas ao mesmo tempo têm medo de que os protestos aconteçam e deixam as pessoas saírem”, contou o russo à agência Associated Press.

Os russos têm atravessado a fronteira de carro, mota, bicicleta ou a pé. Também há longas filas na fronteira com o Cazaquistão, que recebeu mais de 98 mil russos desde a semana passada. No total, a Rússia faz fronteira terrestres com 14 países.

O presidente do Parlamento russo, Vyacheslav Volodin, lembrou no Telegram aos cidadãos russos que é proibido por lei fugir à mobilização militar.

“Desde o momento em que a mobilização é anunciada, os cidadãos que estão registados estão proibidos de abandonar o seu lugar de residência sem a permissão dos responsáveis militares”, afirmou. “Esta é uma norma que está na lei e todos os que estão sujeitos ao serviço militar devem cumpri-la”.

ZAP // Lusa

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