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Roubo de material de guerra: armazém sem videovigilância e vedação a precisar de obras

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Paulo Cunha / Lusa

Guarita abandonada no complexo militar de Tancos

É a primeira vez que um incidente com esta dimensão acontece em instalações militares. Os Paióis Nacionais de Tancos, assaltados na quarta-feira, estão sem videovigilância há dois anos e o roubo de material de guerra foi mais grave do que o inicialmente avançado.

Segundo o Diário de Notícias, além das 120 granadas ofensivas e 1500 munições de calibre 9 mm – apenas autorizado a forças de segurança e militares – inicialmente avançadas, foram ainda roubadas 20 granadas de gás lacrimogéneo, 44 lança-granadas e quatro engenhos explosivos “prontos a detonar” das instalações militares dos Paióis Nacionais de Tancos.

O Exército ainda não confirmou que foi este o material bélico roubado, mas segundo a Renascença o levantamento levado a cabo pela Polícia Judiciária já está terminado.

O General Loureiro dos Santos adiantou que um roubo desta natureza e dimensão só pode ter acontecido devido a “uma falha de segurança, que nos deve preocupar a todos”. O General confirmou ainda que o sistema de videovigilância da instalação militar está avariado há dois anos.

No entanto, apesar da falta de videovigilância, o material estaria a ser vigiado todos os dias, 24 horas por dia, através de rondas feitas a pé e em viaturas, em horários aleatórios, pelo que pode ser possível à Polícia Judiciária Militar – entidade responsável pela investigação – situar, com precisão, o intervalo de tempo em que o assalto foi feito.

A preocupação está neste momento virada para o uso que será dado ao material roubado. Uma vez que as granadas são armamento de guerra não têm escoamento no circuito nacional da criminalidade, o que significa que o autor – ou autores – do roubo só poderá lucrar com elas no mercado negro internacional.

Filipe Pathé Duarte, porta-voz do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), lembrou que “quando o armamento entrar em circulação pelo espaço europeu é de acesso fácil a grupos terroristas ou indivíduos que integrem células terroristas”.

A polícia vai também tentar seguir o rasto do armamento, comunicando às autoridades internacionais o roubo, para dessa forma detetar se o material aparece para fornecer forças militares ou rebeldes de alguns países sem armamento que pagam bem pelo acesso a material bélico.

Os primeiros indícios do roubo revelam que a rede foi cortada e os autores do roubo entraram na zona militar entre 400 e 600 metros até ao paiol, numa área sem videovigilância, furando a rede metálica exterior com cerca de 2500 metros de extensão.

Segundo o Expresso, a rede metálica que cerca o perímetro dos Paióis Nacionais de Tancos, tem vindo a ser intervencionada. O perímetro poente recebeu obras no final do ano passado e já este mês foi aberto o concurso para a “reconstrução da vedação da periferia exterior no perímetro Norte, Sul e Este dos paióis nacionais de Tancos”.

A intrusão ocorreu cerca das 18h00 de quarta-feira e foi detectada por uma ronda móvel. O facto de ter sido cometido pela parte de fora das instalações leva à possibilidade dos suspeitos serem civis – hipótese que poderá vir a ser investigada pela PJ.

Uma fonte policial sublinhou ainda que “é também da competência da PJ a investigação dos crimes que poderão ser o destino deste armamento: crime organizado e terrorismo” e adiantou que estão a ser verificados os inventários de todos os outros 14 paióis do quartel, uma vez que há suspeita de roubos anteriores.

O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, já se pronunciou sobre este caso. Diz que o roubo foi “bastante profissional” e garantiu que “nada ficará por levantar” durante as investigações.

“Evidentemente é um facto grave, não vale a pena estar a desvalorizar esse facto. É sempre grave quando instalações militares são objeto de ação criminosa tendente ao furto justamente de material militar”, disse aos jornalistas, em Bruxelas, à margem de uma reunião da NATO.

ZAP //

14 Comments

  1. Só mesmo em Portugal é que se tem instalações militares desta natureza sem videovigilância há mais de 2 anos! É uma vergonha… Gasta-se dinheiro noutras coisas menos importantes e não se tem “meia duzia” de euros para reparar um sistema de videovigilância?… Enfim…

  2. Ainda existem pessoas admiradas com isto!!??! Ainda não perceberam que esta democracia é mesmo assim!? Para gastar em coisas necessárias eles não gastam, porque precisam do dinheiro para gastar em viagens, presentes, distribuir pelos tachos, etc…Continuo a perguntar porque andamos a pagar impostos se para isto não há dinheiro!? Mas para que pagamos impostos!?

  3. Será que a moda vai pegar? Antes foi no armeiro da PSP que roubaram armas e munições, agora no paiol de armamento de Tancos, a desculpa só serve para cobrir ouvidos moucos porque a responsabilidade é do Comandante de qualquer aquartelamento depois seguirá a erarquia militar. Pergunto para que servem os sentinelas nas 24 horas do dia? A ronda anda de carro, porque não anda a pé como em anos anteriores? Tanto estou a referir aos militares como a qualquer policiamento as distancias são relativamente curtas e fáceis de fazer daí acabem com desculpas de informática, de vigilância electrónica, façam o trabalho como deve ser e coloquem na cadeia os responsáveis até serem julgados em tribunal, tudo mudaria rapidamente e teria-mos um Portugal melhor

  4. Não consigo entender como isto é possível. Nos tempos em que fui militar (1969/1972) um acto destes era absolutamente impensável, pelos menos por 2 motivos: 1º, ninguém, no seu juízo normal, se atrevia a assaltar um quartel, porque sabia o que o esperava; 2º, os quartéis (paióis, em particular) estavam bem guardados, 24h/dia, 7 dias/semana e não havia video vigilância… Preocupante, não só pelo acto, que denuncia a fragilidade de certas instalações militares, mas pelo uso e danos que o material roubado vai provocar. Sem mais comentários!!!

  5. Vivemos no pais de ninguém, existem uns senhores que se apresentam muito preocupados com todas estas situações (incêndios, sistema de comunicações, roubo de armamento etc.), vem para a praça pública muito preocupados com tudo isto, e mostram-se muito indignados e fazem discursos muito bonitos, mas as preocupações deviam ter sido muito ante das coisas acontecerem, se as situações acontecem é a prova que nada está feito ao respeito, porque se não eram evitadas. E assim o tempo passa, as situações repetem-se e nada acontece. Mas uma coisa é certa o dinheiro que se devia investir nessas e outras áreas vais para alguém e para o povo não vai certamente….. os governos mudam o dinheiro circula e os bolsos de quem nada faz por este pais que está sem dono continuam cheios. Já agora um alerta, reforcem a vigilância dos paios do Campo Militar de Santa Margarida, com o que lá existe dá para fazer uma guerra……

  6. Tenham calma!
    De certeza que os responsáveis políticos vão perguntar o que se passou, e se tudo correr bem também vão lembrar-se de perguntar o que fazer. Eu tenho esperanças que alguém, que saiba o que fazer, responda aos políticos.
    Depois, um primeiro azar acontece a qualquer um. Vamos ter esperança que depois deste episódio se aprenda alguma coisa e as coisas fiquem realmente como devem ser.

    • Ah, vi agora na televisão que afinal já houve dois casos parecidos, um em 2011 em que foram roubadas armas do quartel da Carregueira, e ainda em Fevereiro de 2017 foram roubadas armas e munições da sede da Direcção Nacional da PSP em Lisboa. Por coincidência, ou não, os responsáveis políticos tinham as mesmas caras que agora. Fiquei muito mais confiante: com tanta experiência acumulada de certeza que se vão tomar as decisões correctas.

  7. Um paiol com o armamento e explosivos que foi roubado, teria de ter vigilância militar em cada porta 24 horas/dia. Há lugares militares ou residências de autoridades que têm essa vigilância e lá não há nada para roubar.
    Esta ocorrência e o roubo das pistolas GLOCK à PSP, são a melhor evidência da incompetência que grassa na estrutura militar e nos respectivos políticos que os enquadram ( será que enquadram…? ).
    Olho a foto é só vejo palhaços satisfeitos por não terem levado também os paiois…
    Estamos entregues à bicharada.
    E se amanhã houver um atentado em Portugal com aqueles explosivos, vamos ter novamente que olhar para estas carinhas sorridentes ?!
    Fosse outro país de verdade, e estariam todos com guia de marcha para a reforma.

  8. Isto de facto está a ficar bonito com buracos por todo o lado, devem ser as tais medidas de entrar em fantasias e ser-se obrigado a cumprir o défice, nalgum lado há-de dar buraco e a verdade é que já há mortes inocentes no caso dos fogos e responsáveis parece não haver.

  9. bem, vamos ter calma mesmo, isto não é nada, não é fogos nem o reste que importa aos políticos, é saber se as intenções de votos ainda esta em alta para voltar ao taxo..
    é pena no uso de essas armas não seja para limpar todos os políticos que a em Portugal, para que os próximos pensam antes de cometer os mesmos erros

  10. Ladrões assaltarem a polícia, que tem como missão, além de outras, reprimir os roubos prendendo os ladrões, é no mínimo uma situação caricata. Ladrões assaltarem forças militares que são os únicos com capacidade para armazenar armamento e explosivos, proporcionando assim que a vida dos terroristas esteja facilitada, quando a sua missão, dos militares, deveria ser a protecção do povo contra quaisquer actos de guerra, é de bradar aos céus. A desculpa de falta de meios para proteger os armamentos e explosivos à sua guarda não encaixa na actividade militar. Já o desvio de meios para outras actividades, o desleixe dos responsáveis, a incapacidade das chefias e a inoperância dos políticos me deixa muito apreensivo quanto à prioridade de valores e actuações. Será que em tão poucos portugueses que somos, apenas 10 milhões, tem tanta gente incompetente? Será que são sempre os mesmos? Ou será ganância de desviar os dinheiros para proveito próprio?
    Não sei e tenho a certeza que nunca virei a saber. É apenas a minha opinião e vale o que vale.

  11. De facto, não foi a total a surpresa! Sendo natural do distrito de Santarém, passo naquela zona quando em vez, pelo que, tendo conhecido aquele espaço militar de outros tempos (bem cuidado), já me havia interrogado porquê aquela unidade militar estaria com aspecto descuidado e abandono!!!
    Vejamos; capim alto, arbustos próximos dos edifícios paióis que até aqui desconhecia se destinavam à guarda de munições e armamento pesado, etc.
    Em caso de incêndio já seria grave, com a vegetação alta acrescia também um convite à visita…
    Tendo sido possível o desvio por pessoal interno ou por indivíduos do exterior, não é crível que o tivessem executado em uma ou duas horas, pelo que aguardemos pelo final do inquérito que a todos nós nos preocupa.
    A culpa não será do Ministro (!) , é de todos aqueles a quem o edifício militar estava confiado.
    Pelo menos, esta oportunidade seja motivo de reflexão para todos os responsáveis das unidades militares similares que guardam nas suas entranhas a segurança do Estado.

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