Os romanos usavam moedas especiais nos bordéis (que incluíam gravuras sexuais)

Andrew McCabe / Flickr

As moedas serviam para facilitar a comunicação entre pessoas que não falavam a mesma língua e podem até ter circulado numa sub-economia no Império Romano focada exclusivamente no mercado sexual.

A sociedade do Império Romano adorava as suas libertinagens. Desde esculturas em formas de pénis ou homens que supostamente morreram a masturbar-se em Pompeia, a sexualidade era abertamente celebrada pela população.

Não será por isto de estranhar que os bordéis fossem lugares muito populares no Império — tanto que até haveria moedas próprias que não circulavam na economia e eram usadas apenas para se pagar os serviços sexuais prestados.

Numa das faces, as moedas tinha um numeral e na outra tinha várias gravuras de relações sexuais para todos os gostos. Uma das teorias mais populares sobre o propósito destas moedas é que serviviram para publicitar o preço dos actos sexuais.

A troca destas moedas também ajudaria a manter a privacidade entre os dois (ou mais) envolvidos, o que seria participarmente importante para os indivíduos com um estatuto social mais alto e cuja reputação podia ser posta em causa caso os seus gostos sexuais se tornassem públicos, relata o Ancient Origins.

Os historiadores especulam ainda que as gravuras tenham servido para facilitar a comunicação entre os habitantes de um Império tão vasto e diverso como o romano, já que indicavam logo o que o cliente queria e eliminavam as barreiras linguísticas.

Estas moedas só foram usadas durante um pequeno período no primeiro século, mas terão inspirado a criação das espíntrias na Idade Média. Eram notoriamente raros os exemplares com moedas com gravuras de relações homossexuais, o que indica que estas já eram muito mais estigmatizadas pelos romanos do que tinham sido pelos seus antepassados gregos.

É possível que estas moedas tenham sido usadas a certa altura como uma forma de pagamento, apesar de circularem apenas nos bordéis. Geoffre Fishburn, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade de New South Wales, acredita que isto seria notável porque “teríamos provas de uma sub-economia distinta dentro da economia romana”, um privilégio que mais nenhum sector teria.

Esta hipótese ganha força devido a um relato historiador romano Dião Cássio, que revelou que no século III, durante o reinado de Caracala, um homem usou uma moeda com a cara do Imperador num bordel e quase perdeu a vida por isso, já que o governante interpretou isto como uma falta de respeito.

“Um jovem cavaleiro levou uma moeda com a sua imagem para um bordel e os informantes reportaram isto. Por causa disto, o cavaleiro foi preso e aguardava a execução, mas foi mais tarde libertado, porque o Imperador morreu entretanto”, escreveu Dião Cássio.

É sabido que Caracala era especialmente tempestivo e pode ter reagido de uma forma mais extrema do que outros Imperadores, mas quem sabe, talvez a sua reacção tenham servido de aviso para outros aventureiros que preferiram criar as suas próprias moedas para pagarem os serviços sexuais e evitarem o mesmo destino.

Adriana Peixoto, ZAP //

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