Os novos drones guiados por computadores e produzidos em massa podem ser um divisor de águas no conflito com a Rússia.
Na primavera passada, já se testavam os drones ucranianos comandados por computadores. O The Wall Streeet Journal (WSJ) conta como um piloto que se escondia num abrigo na linha da frente do conflito fez um clique num tablet e viu o robô descer até junto de um camião de munições russo.
“Deixem-o arder”, disse um dos militares que se encontrava no abrigo. E ardeu mesmo: num vídeo transmitido dentro do abrigo e gravado por um drone de reconhecimento (há uma câmara que acompanha o robô), observava-se uma nuvem de fumo.
O ecrã que comanda estes robôs foi projetado pela empresa americana Auterion, mas outras empresas, inclusive ucranianas, tiveram sucesso na projeção de outros “robôs assassinos”, que traduzem uma aposta nos computadores por parte da Ucrânia para derrotar a Rússia no conflito.
“Nada disto é novo”, disse ao WSJ o fundador e diretor executivo da Auterion, Lorenz Meier. Mas a diferença, agora, “é o preço.”
Kiev vai receber dezenas de milhares de computadores em miniatura da Auterion, conhecidos como Skynode, que devem chegar em massa ao campo de batalha no início do próximo ano, conta o jornal americano.
Também a Vyriy Drone, uma das maiores empresas ucranianas de drones, garantiu que vai produzir vários milhares de robôs com piloto automático a partir deste mês. E há outras empresas estão também a aumentar a produção.
Esta aposta na tecnologia para destronar os tanques e outras armas utilizadas pelos russos constituem uma alternativa barata aos mísseis e projéteis de artilharia mais caros, lembra o WSJ, o que pode ajudar Kiev caso o governo Trump corte na ajuda militar à causa ucraniana, como prometeu.
“A tecnologia passou do conceito para o campo de batalha, mas a questão é: existirá em número suficiente para ter impacto?”, disse Samuel Bendett, colaborador no programa Europa, Rússia e Eurásia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
Mas as inovações não ficam por aqui: como sugere o WSJ, podem mesmo existir, de acordo com vídeos que circulam na Internet, drones explosivos guiados através de fibra ótica, o que evita interferências e aumenta a qualidade de transmissão de vídeo.
“Os drones, rápidos e ágeis, têm quatro rotores e são do tamanho de um prato de comida”, conta o órgão de comunicação americano. São conhecidos como drones de visão na primeira pessoa, ou FPVs, e têm explosivos acoplados que detonam aquando do impacto.
Até agora, a Rússia era capaz de abater 4 em cada 5 drones ucranianos, abafando o o sinal entre o controlador e o robô. Agora, será muito difícil travar estas aeronaves: o sistema de controlo está integrado no drone através de um software carregado num minicomputador produzido a baixo custo — muito baixo custo, mais precisamente 14 euros.
A Auterion foi fundada após a invasão russa em 2022 por Oleksiy Babenko, de 26 anos, “um fanático por motas que estudou sociologia”, como o descreve o WSJ, a quem contou que “O melhor de tudo é que é muito barato”, e que “não podemos colocar uma ligação de vídeo de preço elevado”.
O modo de piloto automático destas aeronaves pode ser ativado, agora, bem longe do curto alcance dos bloqueadores. Os drones com piloto automático podem atingir objetos atrás de colinas, uma vez que não precisam de manter um sinal com o piloto na fase de ataque.
Esta inovação pode ser o “game changer” para o desempenho ucraniano na linha da frente. À Auterion, houve mesmo quem dissesse, depois de experimentar a nova tecnologia, que pilotar estes drones era tão fácil que “se tornava aborrecido”.
Guerra na Ucrânia
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