Rio tem discurso ensaiado e tropas unidas. A égide laranja recompôs-se (e só um opositor não virou aliado)

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Estela Silva / Lusa

O presidente do PSD, Rui Rio, discursa durante o terceiro dia do 39.º Congresso Nacional do Partido Social Democrata (PSD), no Europarque, em Santa Maria da Feira

O presidente do PSD, Rui Rio, discursa durante o terceiro dia do 39.º Congresso Nacional do PSD

Após o 39.º Congresso Nacional do PSD, Rui Rio parte para as legislativas de janeiro com a égide que há muito o deixara de o proteger. Sob o escudo laranja de um partido unido, prepara-se para fazer frente a António Costa, convicto de que a melhor solução para o país passa pelo Partido Social Democrata.

Depois de ter vencido as diretas do partido, e já “picado” para vencer as eleições legislativas antecipadas, Rui Rio sai reforçado do 39.º Congresso Nacional do PSD, que se realizou este fim de semana em Santa Maria da Feira.

O aparelho prometeu unir-se em prol de um objetivo comum: sentar Rui Rio no cadeirão de António Costa, fazendo do maior líder da oposição a escolha óbvia não só de quem acarinha os laranjas, como dos indecisos, que devem pender para a oposição.

Após o período de azáfama, com uma estrutura interna ameaçada e fragmentada, Rio está agora na força máxima dos seus quatro anos à frente do PSD e pronto para aproveitar o lanço que já o leva a tocar nos pés do PS nas sondagens.

Os discursos – em especial, o de encerramento – foram o espelho da retórica que o líder se prepara para usar na campanha eleitoral. Acabar com a “má memória” dos “anos perdidos” com o Governo PS, é a prioridade número 1.

Ser “a diferença” sem, no entanto, “destruir” o que foi feito. A estratégia está traçada.

A sete semanas das legislativas, restam poucas dúvidas de que o PSD está pronto para o desafio que o próximo ano traz já em janeiro. A porta está fechada à disputa interna (pelo menos, por agora), as estratégias traçadas, os rostos alinhados e o partido em sintonia.

Há apenas uma exceção, que não ameaça a solidificação do presidente do partido: Miguel Pinto Luz.

De todos os adversários do aparelho, foi o único que não se deixou convencer completamente pelo rioísmo. No sábado, subiu ao palco para uma intervenção que serviu para colocar o dedo na ferida. “Eu até sou rioísta. Sabem porquê? Porque eu sou do PSD”, atirou.

Mas “para ganharmos eleições e dar um novo rumo ao país, precisamos de juntar a gente do PSD, ao contrário de excluir, ao contrário de separar“, criticou o vice-presidente da Câmara de Cascais, salientando que é “do tempo em que havia debate de ideias, livre, descomprometido, sem corrermos o risco de sermos acusados de traição ou deslealdade”.

Aliás, em entrevista à TSF assumiu mesmo que acredita que é uma “voz discordante” no meio desta “lua-de-mel” que agora se vive no partido. “É assim que eu exerço a minha militância”, revelou.

Não discordou com o simples propósito de desestabilizar o seio laranja, mas de apontar que hoje o PSD “é um partido mais pequeno, sem os liberais e os conservadores, com menos diversidade e mais unicidade de opiniões”.

O partido “afunilou ao centro e esqueceu todos os outros”, vivendo hoje numa “unicidade” onde falta agregar outras visões do mundo, “senão é um partido de um homem só”.

Apesar disso, Miguel Pinto Luz, candidato às eleições diretas em 2019, mostrou-se disponível para fazer campanha ao lado de Rui Rio, num gesto de solidariedade para com o líder do PSD.

Já aquele que foi o maior rival de Rio está com ele. Hoje, pelo menos. Amanhã, logo se verá.

Luís Montenegro quebrou o silêncio de que há muito é adepto para vincar que concorda com a estratégia, a unificação é o sentido e até não se opõe a um acordo com os socialistas, desde que haja reciprocidade do lado de António Costa.

Com as costas quentes de todos os que agora o abraçam, Rio fechou a porta do Europarque, este domingo, sem estrondo e com a promessa de um PSD mais unido e confiante de que pode alcançar o primeiro lugar a 30 de janeiro.

Liliana Malainho, ZAP //

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