Em tom pré-eleitoral, Rio critica solução governativa “esgotada” e de “má memória” do PS e anuncia “educação e infância” como prioridades do PSD

2

José Coelho / Lusa

O líder do PSD, Rui Rio

Líder do PSD acusou o Governo de “delapidar” dinheiro destinado à recuperação económica “apenas com o objetivo de aprovar Orçamentos”.

Enquanto o PSD tentava esclarecer a sua liderança interna, Rui Rio chamava a atenção para o avanço que o PS ganharia, na antecâmara das eleições, para dar a conhecer o seu programa eleitoral e, desta forma, sedimentar a sua vantagem para as legislativas de janeiro do próximo ano. Resolvida a questão, o reafirmado líder do PSD não perdeu tempo para, no discurso do encerramento do congresso que este fim de semana decorreu em Santa Maria da Feira, atacar o PS pelos anos e oportunidades que considera perdidos.

Desde as opções económicas, passando pela educação e sem esquecer o mandato de Eduardo Cabrita, o líder laranja passou os últimos anos em revista, apresentando-se ao eleitorado como a melhor figura para dirigir os destinos do próximo Governo português. Rio voltou a realçar uma tendência para entendimentos, sublinhando que é preferível um entendimento com outras forças políticas à discórdia e “à mera tática partidária de curto prazo“. “A visão clubísitica, que trata adversários quase como inimigos, não se coaduna com a forma como vejo a atividade partidária“, vincou.

Mesmo assim, não se inibiu de criticar a solução governativa protagonizada pelos partidos ao longo dos últimos anos, a qual considera estar “esgotada” e ser de “má memória“, uma vez que, aponta, o governo de António Costa se limitou a “apostar no presente”, com “desprezo pela construção de um futuro melhor e mais sólido” e com  “baixos” níveis de investimento público.

No que respeita ao dinheiro que o país tem recebido no âmbito dos programas de recuperação a propósito da pandemia, o líder do PSD diz que estes têm sido “delapidados apenas com o objetivo de aprovar Orçamentos“. “Foram utilizados para distribuir, nunca para investir e criar riqueza, porque é essa a lógica socialista, agravada, nestes anos, por uma esquerda radical que ainda mais acentuou o tique imediatista do PS”, atirou. Houve também palavras críticas para a gestão de dossiers como a TAP, o Novo Banco e até os negócios com a EDP.

“Depois de uma vida de mão estendida ao Orçamento do Estado, a TAP, é, também, um exemplo da gestão socialista, com largos milhões de euros dos portugueses nela despejados“, referiu.

O líder do PSD resumiu todo este processo numa frase: “tudo mau. Pior, era impossível”. “É má a solução de fechar a TAP, depois das avultadas verbas que lá foram enterradas. É má a solução de a manter, porque ainda falta lá meter muito mais dinheiro. E será má a situação do nosso país, se a Comissão Europeia vier a reprovar o plano que lhe foi apresentado pelo Governo”, elencou. Para Rio, “foi a isto que conduziu esta governação do PS, em geral, e deste Ministério das Infraestruturas, em particular”.

“O Governo reverteu a privatização mal tomou posse — antes ainda da crise causada pela pandemia — e, com esse ato, voltou a meter o Estado num buraco que parece não ter fundo”, recordou. Contas feitas, já “foram metidos mais de 2.000 milhões de euros nos últimos dois anos” na TAP. “Ainda falta meter mais sabe-se lá quanto, e o plano de viabilização, se assim se pode chamar, continua encalhado em Bruxelas, vindo agora o Governo dizer que pode não ser aprovado e que, depois de tanto dinheiro perdido, a TAP afinal pode fechar“, criticou.

Nas questões temáticas, Rui Rio optou por destacar a educação e a saúde, com natural destaque para o Serviço Nacional de Saúde. “Não é compreensível que a uma profissão tão decisiva para a formação das novas gerações, ou seja, para o futuro do país, não sejam conferidas a dignidade e as condições de trabalho que merece. Um Governo do PSD terá de dar uma especial atenção aos professores“, defendeu.

Rio disse que será necessária tornar “a profissão mais atrativa par aos jovens”, mas também “ser criteriosos e exigentes na sua seleção“. “Considerá-los todos como iguais é, neste como em todos os demais setores da nossa sociedade, não só desvalorizar o mérito e a competência, como ignorar um elemento absolutamente decisivo para o sucesso, que é o brio profissional”, afirmou.

O presidente do PSD apontou mesmo a política educativa dos últimos seis anos como “o melhor exemplo do que não deve ser feito“, e recuperou uma expressão utilizada pela ex-líder do CDS-PP, Assunção Cristas, que falava nas esquerdas unidas ou encostadas.

“O Governo do PS, e particularmente a esquerda unida, tudo fizeram para mudar o que a muito custo se tinha conseguido. Acabaram com as provas finais de ciclo, aligeiraram o currículo, definiram um perfil do aluno em que o conhecimento e a disciplina passaram a letra morta, desautorizaram os professores, desinvestiram na escola pública, desprezaram o ensino profissional, ignoraram a educação de infância”, disse, considerando que estas mudanças “agravaram as desigualdades” entre os alunos. “Temos de reconhecer que é obra, conseguir tanto mal em tão pouco tempo“, criticou.

Como prioridade nesta área, apontou a educação para a infância: “Temos de lançar bem cedo os pilares do futuro; desde o berço ao jardim escola, da creche ao pré-escolar. É necessário um aumento da oferta, especialmente nas áreas metropolitanas, bem como um claro apoio às famílias, de forma a proporcionar a todas as crianças as melhores oportunidades“, disse.

No que respeita à saúde, Rui Rio fez um diagnóstico negro da governação socialista, marcado pela “falta de rigor e a gestão por impulsos”. “Falta planeamento, os hospitais têm fraca autonomia, o Governo destruiu as parcerias público-privadas – mesmo as que se revelavam vantajosas – e o serviço público é cada vez menos atrativo para os profissionais de saúde. Como consequência desta política, o SNS não está, objetivamente, a dar resposta satisfatória às necessidades das pessoas”, considerou.

Rui Rio defendeu que o SNS precisa de uma reforma “capaz de gerar melhores resultados em saúde e que, articulando-se com as iniciativas privada e social, consiga o necessário aumento da acessibilidade da população, sem perda da qualidade dos cuidados prestados”. “O PSD, como partido personalista, não pode deixar o Serviço Nacional de Saúde à sua sorte, e, muito menos, seguir a mesma lógica da esquerda mais radical, que, proclamando querer salvá-lo, apenas tem contribuído para a sua degradação”, apontou.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Eu penso desta vez ajudar o PS a ter a maioria absoluta, para bem de Portugal, não podemos andar a brincar ás eleições, iremos ter de pagar isto tudo para alem das enormes contas do Covide que nos serão apresentadas mais tarde ou mais cedo, se os resultados das eleições forem os das sondagens o PS quase empatado com o PSD acho que é a nossa desgraça, porque continuamos na mesma, poderei, ou poderemos reconsiderar no caso do PSD não se ficar pelas criticas, passar a comprometer-se com as soluções, só com as soluções a par das criticas conseguirá mudar o sentido de voto, apesar de estarmos queimados com o PSD que o Passos Coelho prometeu umas coisas depois fez o contrario, de qualquer forma quem quer que ganhe tem de ser com maioria absoluta, ajudarei a quem me parecer que a consegue.

  2. O PSD quando está no governo começa logo por vender as empresas públicas aos grandes grupos económicos estrangeiros, facto esse que não se tem, mostrado benéfico para os trabalhadores como foi o caso da altice. O discurso do Rio a mim não me convençe.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.