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Ricciardi vai testemunhar no DCIAP sobre Mexia, Pinho e Salgado

José Maria Ricciardi, antigo administrador do BES e da EDP, vai ser ouvido no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) a 25 de outubro, para depor sobre o processo que investiga suspeitas de corrupção envolvendo a EDP e o antigo ministro da Economia Manuel Pinho.

De acordo com os autos do processo, consultados pelo Expresso, Ricciardi será inquirido no DCIAP na manhã de 25 de outubro, apesar de os procuradores titulares deste processo, Carlos Casimiro e Hugo Neto, terem tentado agendar a inquirição para 15 de outubro.

O antigo administrador do Banco Espírito Santo (BES) e da EDP deverá ser chamado a prestar esclarecimentos sobre as relações que tinha com vários dos principais arguidos deste processo, incluindo o atual presidente executivo da EDP, António Mexia, o ex-presidente do BES Ricardo Salgado, e o antigo ministro Manuel Pinho.

O processo começou, no início de 2012, com uma averiguação preventiva à operação de privatização da EDP, a qual rendeu comissões de dez milhões de euros ao então BES Investimento (posteriormente vendido ao banco chinês Haitong), durante anos presidido por Ricciardi. O mesmo BES Investimento receberia ainda outros dois milhões de euros de comissão na privatização da Redes Energéticas Nacionais (REN).

Ricciardi é atualmente sócio da empresa de assessoria financeira Optimal Investments, juntamente com Jorge Tomé (antigo executivo do Banif e da Caixa Geral de Depósitos). De 2003 a 2015 esteve à frente do BES Investimento (continuando mais um ano depois de a entidade ser vendida ao Haitong). Ricciardi assessorou diversas operações financeiras envolvendo a EDP.

O gestor testemunhou em 2017 na Operação Marquês, tendo então afirmado que a escolha de Manuel Pinho para ministro da Economia (em 2005) de José Sócrates decorreu de uma indicação de Ricardo Salgado, tese que Sócrates viria a negar.

Ricciardi é uma de 10 testemunhas que os procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto vão inquirir durante este mês, de acordo com o Expresso.

A 9 de outubro será inquirida a presidente da Experimenta Design, Guta Moura Guedes (que tem um relacionamento com António Mexia). No dia seguinte será a vez de ir ao DCIAP Manuel Fernando Moniz Galvão Espírito Santo Silva, antigo presidente da Rioforte e primo de Ricciardi e de Ricardo Salgado.

A 11 de outubro os procuradores deverão inquirir Pedro Raposo (diretor de recursos humanos do Banco de Portugal) e Ana Marques Passos (antiga adjunta de Manuel Pinho no Ministério da Economia).

Os procuradores irão inquirir o antigo auditor interno da EDP Vítor Franco, o ex-sócio da Boston Consulting Group Alexandre Abreu, o atual diretor da mesma Boston Consulting Group, Miguel Abecassis, o antigo administrador da Fundação EDP Sérgio Figueiredo e a diretora de regulação da EDP, Joana Simões.

Os procuradores irão ainda ouvir Fernando Mourão, do BCP, mas só no final de dezembro.

Manuel Pinho é acusado de  seis crimes, sendo um de prevaricação, dois de corrupção passiva, dois de participação económica em negócio e um de branqueamento de capitais.

Os procuradores sustentam o seu processo na tese de que Manuel Pinho tomou decisões enquanto ministro que favoreceram os interesses económicos da EDP e do GES, vindo a obter vantagens de 4,56 milhões de euros.

ZAP //

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