Num artigo de opinião no jornal Público, o Presidente da Câmara de Loures critica quem “favorece o populismo” e “ignora o elefante na sala”.
Ricardo Leão escreveu pela primeira vez um artigo, no qual reage às suas próprias declarações e a todo o caso que se criou à volta dessas palavras.
O presidente da Câmara Municipal de Loures defendeu o despejo “sem dó nem piedade” dos inquilinos de habitações municipais que tenham participado nos distúrbios que têm ocorrido na Área Metropolitana de Lisboa.
Duas semanas depois dessa reunião pública da Câmara Municipal, Leão admite que esse foi “um momento menos feliz” e que não quis dizer aquilo, nem pensa assim.
“Mas não posso aceitar ser condenado por uma frase menos feliz. Humanismo, solidariedade e inclusão são valores que muito prezo e que têm pautado a minha conduta pessoal, profissional e política. São valores que fazem de mim um homem de esquerda“.
“Mas ser de esquerda não pode significar enfiar a cabeça na areia quando se trata de temas mais sensíveis de gerir”, continua o autarca, no artigo de opinião no jornal Público.
Ricardo Leão explica que um desses temas sensíveis é a segurança. E aqui menciona um elefante na sala: “Conciliar este valor com a solidariedade, entreajuda e políticas públicas sociais é o elefante que temos na sala e que muitos, conscientemente, teimam em ignorar”.
O presidente da Câmara espera que a esquerda “tenha a coragem” de abordar a segurança – até porque “continuar a ignorar é entregar questões estruturais à direita e ao populismo. Sabemos bem que a política, tal como a natureza, tem horror ao vazio”.
Numa aparente resposta ao artigo de António Costa, José Leitão e Pedro Silva Pereira, o militante socialista (que nunca menciona nomes) acha que combater o populismo exige firmeza e respostas, apelando ao PS para não fugir a este debate.
Mais abaixo, novo aviso: “Nunca enfiei a cabeça na areia. Tenho uma estratégia clara que há três anos coloquei em prática e cujos resultados falam por si: com responsabilidade, eu e a minha equipa cumprimos o que nos propusemos. Só depois de o fazer é que podemos pedir que também cumpram com o município. É com humanismo e proximidade que trabalhamos pela inclusão”.
Ricardo Leão sublinha depois o que a Câmara tem feito no capítulo da habitação, com “centenas de histórias bem-sucedidas de pessoas e famílias devidamente integradas na comunidade”.
E garante que já não se verifica o “jogo do empurra de responsabilidades, em que cidadãos não pagavam a renda acusando a câmara de não arranjar as casas ou em que a autarquia assumia não proceder a obras de melhoria devido ao não pagamento de rendas”.
Leão destaca que a Câmara trabalha com pessoas, que tem parcerias com diversas comunidades, deixando exemplos do que tem feito “pela dignidade e qualidade de vida” de quem mora em Loures.