Operação de 25 de Novembro de 1975 fora das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril

António Cotrim / Lusa

Uma mão a segurar um cravo na Assembleia da República, durante as cerimónias do 25 de Abril

A Crise 25 de Novembro de 1975 – que ditou o fim do PREC – não consta no programa das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril. A decisão foi consensualizada por membros de todos os partidos com assento parlamentar.

O 25 de Novembro de 1975 ditou o fim do chamado “Período Revolucionário em Curso”, conhecido pela sigla PREC, acabando com um possível golpe militar de extrema-esquerda, tese ainda hoje contestada pela chamada “esquerda militar”, que saiu derrotada.

Um dispositivo militar, com base no regimento de comandos da Amadora, sob a direção do então tenente-coronel Ramalho Eanes, que viria depois a ser Presidente da República, travou a tentativa de sublevação de unidades militares conotadas com sectores da extrema-esquerda. Ao fim da tarde, foi decretado o Estado de Sítio em Lisboa.

Os 50 anos dessa operação militar – que garantiu a estabilização da democracia representativa em Portugal – estarão, no entanto, fora do programa oficial das comemorações parlamentares do cinquentenário da revolução de 25 de Abril de 1974 e da Constituição de 1976.

Em conferência de imprensa, esta terça-feira, o presidente da Assembleia da República afirmou que a comissão organizadora das comemorações, que inclui membros dos partidos com representação parlamentar, decidiu que o programa de iniciativas deveria ser consensualizado.

“Na comissão organizadora decidimos que seria assumido como programa as datas e os eventos que tivessem uma leitura consensual entre nós. Por isso, decidimos focarmo-nos na sequência da revolução de 25 de Abril de 1974, primeiras eleições livres, aprovação da Constituição e primeiras eleições para a Assembleia da República, Presidente da República, autonomias regionais e autárquicas”, justificou Augusto Santos Silva.

Ainda sobre esta questão do 25 de Novembro de 1975, o ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros ressalvou a seguir que tal “não significa que não venham a existir outras iniciativas de comemorações de outras datas”.

“Iniciativas de grupos parlamentares, da conferência de líderes ou de mim próprio nesse decurso”, completou.

Já em relação à presença de chefes de Estado de antigas colónias portuguesas na sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 na Assembleia da República, Augusto Santos Silva referiu esse evento institucional está fora da órbita da comissão parlamentar das comemorações, salientando que envolve interação com outros órgãos de soberania.

ZAP // Lusa

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