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Russos apanhados a votar mais do que uma vez nas eleições. “Podiam ser gémeos”

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Enric Fontcuberta / EPA

Fotógrafos da Reuters apanharam vários eleitores russos a votar mais do que uma vez nas eleições presidenciais do passado domingo.

Segundo a agência Reuters, que tinha fotógrafos em várias mesas de voto russas, a propósito das eleições presidenciais que elegeram, no passado domingo, Vladimir Putin para um quarto mandato, houve eleitores que votaram mais do que uma vez.

No total, foram apanhadas 17 pessoas a votar em mais do que uma mesa de voto em Ust-Dzheguta, no sul da Rússia. De acordo com a agência, citada pelo Diário de Notícias, quando confrontados com esta situação, vários afirmaram não ser eles nas fotografias ou recusaram fazer comentários.

Um desses casos foi Ludmila Sklyarevskaya, administradora de um hospital russo que votou, pelo menos duas vezes, nas eleições, segundo o jornalista da Reuters que seguiu os seus movimentos. A russa negou estas acusações e quando as fotografias foram mostradas a um membro da comissão eleitoral de uma das secções, Leila Koichuyeva, esta argumentou que “podiam ser gémeos”.

Segundo a agência, citada pelo DN, muitos dos que alegadamente votaram mais do que uma vez pareciam deslocar-se em grupos, algumas vezes em pequenos autocarros com nomes de serviços estatais.

Confrontado com esta questão, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirma que há procedimentos estabelecidos para relatar violações eleitorais. “Se esses relatos da respeitada agência Reuters forem confirmados por declarações às autoridades dos observadores que estavam em cada secção de voto, então é preocupante. Se não forem confirmados, não nos preocupa”, cita o jornal.

Durante o escrutínio, a oposição russa e a organização não-governamental Golos, especializada na vigilância das eleições, denunciaram milhares de irregularidades.

Alexei Navalny, o opositor “número um” do Kremlin e o grande ausente destas eleições devido a uma antiga condenação judicial, divulgou centenas de casos de fraude. No Twitter, o opositor falou de uma urna cheia de votos falsos numa assembleia de voto no extremo-oriente do país e contou que alguns observadores do seu movimento denunciaram impedimentos ao seu trabalho.

Tal como parece ter sido provado pela Reuters, outros militantes da oposição também referiram, na altura, que alguns eleitores foram levados de autocarro pela polícia até assembleias de voto e outros receberam cupões de desconto por terem ido votar.

Sem grandes surpresas, Putin, de 65 anos, assume o quarto mandato presidencial depois da sua primeira eleição em 2000. Nos primeiros dois mandatos, o Presidente russo cumpriu quatro anos, em cada um, à frente do Kremlin, tendo a duração dos mandatos sido ampliada para seis anos a partir de 2012.

As eleições ocorrem num momento em que a Rússia é alvo de sanções britânicas, em reação ao envenenamento do ex-agente duplo russo Serguei Skripal, num caso que parece ter confirmado o regresso de uma nova Guerra Fria.

O conflito sírio, a acusação de ingerência nas presidenciais americanas que deram a vitória a Donald Trump e a crise ucraniana, com a anexação da Crimeia depois do referendo de 2014, são cenários que têm justificado um crescente clima de tensão.

ZAP //

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