O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, admitiu que o Reino Unido está a preparar-se para “uma série de cenários”, como consequência da rebelião do grupo Wagner.
O Governo britânico está a preparar-se para as consequências do motim do grupo paramilitar Wagner, que ocorreu durante o último fim-de-semana, na Rússia.
A revelação foi feita hoje no parlamento, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, James Cleverly.
Numa intervenção hoje sobre a situação na Rússia, o ministro considerou que o motim foi um “ataque muito público à autoridade de Vladimir Putin, por um dos seus protegidos e aliados mais próximos”.
“Não me sinto à vontade para especular, mas os analistas do meu departamento e de outros vão analisar os cenários potenciais e garantirão que temos medidas de mitigação em vigor, se for caso disso”, garantiu.
Cleverly admitiu que “a história completa dos acontecimentos deste fim de semana e os seus efeitos a longo prazo levarão algum tempo a tornar-se claros e não é útil especular”.
“Mas a rebelião de Prigozhin constitui um desafio sem precedentes à autoridade do Presidente Putin e é evidente que estão a surgir fissuras no apoio russo à guerra”, acrescentou.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, já tinha dito aos jornalistas esta manhã que o executivo estava a preparar-se para “uma série de cenários”.
O jornal The Times noticiou hoje que análises internas do Governo instaram o governo a preparar-se para o colapso súbito da Rússia.
Embora a instabilidade social já fosse prevista na Rússia devido à guerra, o jornal refere que a rapidez dos acontecimentos no fim de semana levou diplomatas “a prepararem-se apressadamente para diferentes desfechos”.
Num discurso hoje numa conferência sobre Guerra Terrestre do centro de estudos Royal United Services Institute (RUSI) em Londres, o Chefe de Estado Maior do Exército, Patrick Sanders, alertou que a instabilidade interna na Rússia pode ameaçar a segurança europeia.
“Ao longo da sua longa e turbulenta história, a Rússia tem sido um país de combates. Devemos também ter em conta que uma Rússia fraturada não será provavelmente uma coisa boa para a segurança europeia”, avisou.
Evitando comentar diretamente a situação, referiu que “independentemente dos acontecimentos turbulentos deste fim de semana, os motivos de vigilância a Putin mantêm-se inalterados”.
“O debate interno na Rússia gira em torno da forma de combater a guerra mais eficazmente, não sobre como acabar com ela”, vincou.
No sábado, o chefe do grupo paramilitar Wagner suspendeu as movimentações da rebelião na Rússia contra o comando militar, menos de 24 horas depois de ter ocupado Rostov, cidade-chave no sul do país para guerra na Ucrânia.
Vladimir Putin, qualificou de rebelião a ação do grupo, afirmando tratar-se de uma “ameaça mortal” ao Estado russo e uma traição, garantindo que não iria permitir o início de uma “guerra civil”.
Ao fim do dia de sábado, em que foi notícia o avanço de forças da Wagner até cerca de 200 quilómetros de Moscovo, Prigozhin anunciou ter negociado um acordo com o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.
Depois de ter parado as movimentações e na sequência de uma conversa com o presidente bielorrusso, o grupo paramilitar travou o movimento.
Horas depois, surgiu a indicação oficial que não haverá processo criminal contra o líder do Wagner e que Yevgeny Prigozhin vai morar na Bielorrússia.
Hoje, num vídeo de 11 minutos, publicado na rede social Telegram e citado pela AFP, Prigozhin esclarece que o objetivo da marcha de protesto era apenas “garantir a sobrevivência do Grupo Wagner”, evitando a sua destruição.
Tudo começou depois do grupo Wagner ter acusado o Exército russo de atacar acampamentos dos seus mercenários, causando “um número muito grande de vítimas”, acusações que expõem profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia.
ZAP // Lusa