Yevgeny Prigozhin, líder do grupo paramilitar Wagner que na sexta-feria iniciou uma marcha de protesto que só parou a 200km de Moscovo, rompeu esta segunda-feira o silêncio — 3 dias após se ter retirado para a Bielorrússia.
O líder do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, quebrou o silêncio esta segunda-feira, com um vídeo de 11 minutos no qual garante que não pretendia derrubar Vladimir Putin.
No video, publicado na rede social Telegram e citado pela AFP, Prigozhin esclarece que o objetivo da marcha de protesto era apenas “garantir a sobrevivência do Grupo Wagner”, evitando a sua destruição.
Na que é a primeira intervenção pública do líder do grupo paramilitar desde que, no sábado, aceitou fazer regressar as suas tropas e exilar-se na Bielorrússia, Prigozhin garante que “não tinha o intuito de derrubar o poder no país” e lamenta que o seu exército tenha tido que “atingir a aviação russa”
Segundo Prigozhin, o grupo Wagner “estava ameaçado de desmantelamento pelas autoridades” russas.
Prigozhin explica também que ordenou a retirada das suas tropas “para evitar o derramamento de sangue de soldados russos, e sublinha que os civis que encontrou durante a rebelião apoiaram a organização paramilitar.
Na declaração áudio, Prigozhin voltou a negar ter tentado atacar o Estado russo e disse que agiu em resposta a um ataque às suas forças que matou cerca de 30 dos seus combatentes.
“Começámos a nossa marcha por causa de uma injustiça“, disse Prigozhin, que não explicou as circunstâncias em que se deram os confrontos.
Ainda segundo o líder mercenário, o espetacular avanço das tropas do grupo Wagner em direção a Moscovo durante a sua efémera rebelião levante revela “graves problemas de segurança” na Rússia.
“A marcha evidenciou graves problemas de segurança no país”, declarou Prigozhin, realçando que os seus homens viajaram 780 km sem encontrar muita resistência.
Na sua mensagem, Prigozhin não revela a sua localização atual.
O chefe do grupo paramilitar Wagner suspendeu a marcha de protesto contra o comando militar russo e o Ministro da Defesa do país, quando se encontrava a 200 km de Moscovo, menos de 24 horas depois de ter ocupado Rostov, cidade-chave no sul do país para guerra na Ucrânia, e terá seguido para a Bielorrússia.
Não se sabe ao certo que garantias foram dadas por Alexander Lukashenko, presidente da Bielorrússia, ao líder do Grupo Wagner, na conversa decisiva para o fim do movimento militar na Rússia.
O Kremlin afirmou ter feito um acordo para que Prigozhin se mudasse para a Bielorrússia e que fosse amnistiado, juntamente com os seus soldados.
Não houve confirmação do seu paradeiro, embora um canal de notícias russo na rede social Telegram tenha informado que Prigozhin foi visto num hotel na capital bielorrussa, Minsk.
Na mensagem que hoje divulgou, Prigozhin sublinhou que o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, apresentou soluções para permitir que o grupo Wagner continue as suas operações a partir de Minsk.
Lukashenko, que serviu sábado de mediador entre o Kremlin e a Wagner, propôs soluções para permitir que o grupo paramilitar continue a operar, disse Prigozhin.
“Lukashenko estendeu a mão e ofereceu-se para encontrar soluções que permitam ao grupo Wagner continuar o seu trabalho de forma legal”, disse Prigozhin.
No sábado, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, qualificou de rebelião a ação do grupo, afirmando tratar-se de uma “ameaça mortal” ao Estado russo e uma traição, garantindo que não iria deixar acontecer uma “guerra civil”.
Algumas teorias tentam explicar por que motivo Prigozhin parou depois de uma marcha triunfante e sem resistência de quase 800km no coração da Rússia.
Segundo o portal russo independente Meduza, Prigozhin terá percebido que tinha ido “longe demais” e que “as perspectivas de sua coluna continuar a avançar eram fracas”.
Segundo a revista alemã Der Spiegel, reforça-se: ministérios do Governo alemão acreditam que o líder do Wagner não recebeu das forças russas o apoio que pensava que iria receber, e interrompeu a marcha sobretudo por falta de apoio.
ZAP // Lusa