Russos e alemães explicam porque Prigozhin parou a marcha

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Arkady Budnitsky/EPA

Líder do Grupo Wagner telefonou a Vladimir Putin, no sábado. Presidente da Rússia recusou conversar com o “traidor”.

Os dias 23 e 24 de Junho entraram para a história da Rússia. Estaria em marcha uma tentativa de golpe de Estado, organizado pelo Grupo Wagner.

A marcha do grupo paramilitar iniciou-se ainda na noite de sexta-feira e, já no sábado, Rostov estava controlada e bases militares em Voronezh também estariam nas mãos do Wagner.

No entanto, a marcha não durou mais do que 24 horas. Ao fim da tarde de sábado, e para “evitar derramamento de sangue”, Yevgeny Prigozhin anunciou o fim do movimento.

Há imagens de combatentes do Grupo Wagner a não reagir fisicamente perante habitantes de Rostov que protestavam contra a sua presença. O movimento apresentou-se como pacífico, sem batalhas sangrentas, mas estima-se que 13 pilotos russos morreram por causa da rebelião (helicópteros da Força Aérea russa terão sido abatidos).

Quem surgiu como protagonista essencial neste “travão” foi Alexander Lukashenko, presidente da Bielorrússia, que conversou com Prigozhin e convenceu-o a parar a marcha.

Antes, ainda na sexta-feira, o Kremlin iniciou negociações com Prigozhin, logo a seguir ao início da sua “marcha pela justiça”.

Mas foram conversas complicadas. As exigências de Prigozhin eram vagas e estranhas, descreve o portal Meduza: queria mais autonomia nas decisões dentro do Grupo Wagner, mais financiamento e exigia a saída do ministro da Defesa, Sergei Shoigu.

O Governo de Moscovo ainda tentou resolver a questão pacificamente mas, a partir do momento em que não houve acordo com o líder do Grupo Wagner, um irritado Vladimir Putin disse na televisão que aquele movimento era uma “traição”.

Pouco depois, Prigozhin reagiu e disse que o presidente da Rússia estava “profundamente enganado”.

Ao fim da manhã de sábado, Yevgeny Prigozhin tentou falar com Vladimir Putin, ao telefone; mas Putin não quis falar com o “traidor”.

As horas iam passando e, acrescenta o portal, Prigozhin terá percebido que tinha ido “longe demais” e que “as perspectivas de sua coluna continuar a avançar eram fracas”.

Além disso, o líder do grupo paramilitar pensava que, logo nas primeiras horas, ia ter mais apoio dos soldados do exército russo do que realmente teve.

Na Alemanha, escreve a revista Der Spiegel, reforça-se: ministérios do Governo alemão acreditam que o líder do Wagner não recebeu das forças estatais russas o apoio que pensava que iria receber. Por isso, interrompeu a marcha sobretudo por falta de apoio.

Aí, o Kremlin terá visto que Prigozhin estava a mudar de planos e decidiu evitar um “confronto sangrento” com o Grupo Wagner.

Em mais uma ronda de negociações – que seria a última – Prigozhin insistiu que queria a presença (à distância) de altos funcionários. Falou com o chefe de gabinete do Kremlin, com o secretário do Conselho de Segurança da Rússia e com o embaixador russo na Bielorrússia.

Além do líder das negociações, o “salvador” Lukashenko, que entrou nas conversas por dois motivos: Prigozhin conhece o presidente da Bielorrússia há muitos anos e Lukashenko “gosta de publicidade”.

Prigozhin acabaria por perder: “Foi expulso da Rússia. O presidente não vai perdoar isto”, avisa uma fonte próxima do Kremlin. O líder do Wagner não terá a influência e os recursos que tinha até à semana passada.

Em relação ao futuro, pouco deve mudar no Kremlin. Mesmo no ministério da Defesa, um alvo principal desta marcha. Porque Vladimir Putin “quase nunca cede sob pressão”.

ZAP //

3 Comments

  1. A Wagner e o seu lider são aparentemente mais perigosos que Putin, a unica pena é que não tenham havido confrontos serios com mais baixas para as forças russas. Quando dois criminosos de guerra lutam, quando um pais terrorista e um grupo de mercenarios assassinos lutam o que se deseja é que matem o mais possível.

  2. MISTEEEEEEEEEEEÈRIO – ” Há algo de podre no reino da Dinamarca” , diria o grande pensador Williams Shakespeare.. Lá pelas bandas da Rússia as coisas andam de mal a pior e a luta pelo poder está “pegando fogo” ,e , em breve ouviremos o grito de alarme: “salve-se quem puder” !!! .. Na linguagem dos bajuladores, o Czar Vladimir tem o controle da situação, mas, algo nos mostra uma briga interna pelo poder. Desconfia-se que a saúde do Czar não anda bem depois da QUEDA na ESCADARIA e pode a qualquer momento acontecer “explosões” intestinais insuportáveis e inevitáveis. É o que pensa ,, joaoluizgondimaguiargondim – [email protected]

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