Putin promete evitar guerra civil na Rússia e ameaça com acções “muito duras”

Pavel Bednyakov / EPA

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, diz que a rebelião do grupo paramilitar Wagner é um “ameaça mortal ao Estado russo e garante que não vai deixar que aconteça uma “guerra civil”, apelando à “unidade” e prometendo respostas “brutais”.

Numa declaração divulgada pela televisão russa, Putin refere que o país está a travar “a batalha mais difícil pelo seu futuro”, enquanto o líder do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, lidera uma rebelião armada.

“Qualquer turbulência interna é uma ameaça mortal ao nosso Estado como nação; representa um golpe para a Rússia, para o nosso povo e para as ações que estamos a tomar para proteger a nossa pátria”, sustenta Putin.

Classificando a rebelião do Wagner como “traição”, o presidente da Rússia promete  ainda “defender o povo” e o Estado.

Putin tenta isolar Prigozhin das suas tropas

“Aquele que organizou e preparou a rebelião militar traiu a Rússia e vai responder por isso”, declara também Putin, durante um discurso à nação.

Putin não identifica Prigozhin pelo nome e trata de o distinguir das forças do grupo Wagner, pedindo “àqueles que foram pressionados a provocar esta rebelião militar” para deporem as armas, no que denunciou como uma “punhalada” nas tropas russas e no povo.

“As nossas acções para defender a pátria desta ameaça serão muito duras e os responsáveis serão levados à justiça”, afirma o presidente russo.

“Todo aquele que pegou em armas contra o exército russo é um traidor”, aponta, alertando que vão ser “castigados”.

“Faremos tudo para proteger a Rússia. Venceremos, saíremos disto mais fortes“, garante também ao povo.

Entretanto, o Serviço Federal de Segurança russo apelou aos combatentes do grupo Wagner para que detenham o líder da organização paramilitar.

A mesma agência indicou que o Comité Nacional Antiterrorista da Rússia instaurou um processo penal contra Prigozhin que arrisca 20 anos de prisão, acusado pelas autoridades russas de organizar um motim armado.

Putin admite situação “difícil” em Rostov

Putin assume, contudo, que a situação em Rostov, cidade que terá sido tomada pelo grupo Wagner, é “difícil” e que as suas forças estão a tentar estabilizar a situação.

Prigozhin anunciou que o grupo paramilitar controla as instalações militares e o aeródromo de Rostov, uma cidade-chave para o ataque da Rússia à Ucrânia.

Putin reconhece que o funcionamento dos “órgãos de administração civil e militar está de facto bloqueado” naquela cidade, no sul da Rússia, onde está localizado um quartel-general militar com forte intervenção na guerra na Ucrânia.

O líder do grupo paramilitar disse ter 25.000 soldados às suas ordens e prontos para morrer, instando os russos a juntarem-se a estes numa “marcha pela justiça”.

Prigozhin acusara antes o Exército russo de realizar ataques a acampamentos dos seus mercenários, causando “um número muito grande de vítimas”, acusações negadas pelo Ministério da Defesa da Rússia.

As acusações de Prigozhin expõem as profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia.

O líder do grupo Wagner já tinha afirmado que o Exército russo está a recuar em vários sectores do sul e leste da Ucrânia, Kherson e Zaporijia, respectivamente, e em Bakhmut, contrariando as afirmações de Moscovo de que a contra-ofensiva de Kiev era um fracasso.

ZAP // Lusa

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