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Receitas do Turismo ficaram 75% aquém das previsões do Governo

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websummit / Flickr

Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital

Para o setor do turismo chegar ao fim do ano com receitas equivalentes às previstas pelo Governo teriam que ser encaixados mil milhões de euros por mês até dezembro, o que é pouco provável apesar da melhoria que se espera nos meses de verão.

Perante a total paragem do setor do Turismo que decorreu da pandemia da Covid-19 e das fortes quebras que o setor sentiu, o Governo apresentou, em maio deste ano, o plano Reativar o Turismo, Construir o Futuro, cujo objetivo era ajudar o setor a recuperar. De acordo com as contas e previsões do ministério de Pedro Siza Vieira avançavam que uma das metas era terminar 2021 com um total de 9.303 milhões de euros em receitas, um valor inferior aos alcançados no pré-pandemia, mas acima do registado em 2020.

A longo prazo, a meta seria fechar 2027 com receitas na ordem dos 27,4 mil milhões de euros, acima do recorde alcançado em 2019 — cerca de 18,4 mil milhões. Para a alcançar, um investimento para o setor na ordem dos 6.112 milhões de euros foi anunciado, do qual fazem diversas medidas, como o selo Clean&Safe 2.0 e os planos Adaptar 2.0 e Valorizar 2.0.

No entanto, três meses depois do anúncio, os primeiros indicadores indicam que os números reais podem ficar aquém das previsões feitas pelo Governo. De acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP), no primeiro semestre de 2021 foi alcançada uma receita na ordem 2.398 milhões de euros, o que corresponde a apenas 25% do estimado pelo Governo para o total do ano.

Em linha com os dados do Bdp estão os do Instituto Nacional de Estatística (INE), que mostram que apesar da recuperação dos últimos meses os números do turismo ficam a cerca de metade dos registados antes da pandemia. Em junho, as unidades hoteleiras portuguesas receberam 1,4 milhões de hóspedes, que representaram 3,4 milhões de dormidas, uma subida face a maio, mas uma queda de 50% em comparação com 2019.

Confrontado pelo Eco com estes números, o Ministério da Economia permanece otimista e  diz estar “empenhadamente a trabalhar em diferentes dimensões“, prometendo “tudo” fazer “para para que os objetivos traçados sejam alcançados”. “No mês de agosto registámos uma mudança muito positiva no turismo. A evolução do plano de vacinação a nível nacional e internacional, assim como as estratégias adotadas pelo setor, têm permitido que esta evolução positiva nos fluxos turísticos ocorra de forma segura e sustentada”.

Há várias justificações para o otimismo governamental, a começar pelo verão, passando pelo número diminuto de restrições em vigor e a terminar no número crescente de população vacinada — e, consequentemente, detentora de certificado digital, o que lhe permite aceder aos espaços sem que isso resulte num aumento dos contágios. O mesmo raciocínio é válido para os turistas britânicos, franceses, alemães e espanhóis que enfrentam atualmente menos constrangimentos para entrar em território nacional.

No entanto e tal como sublinha o Eco, apesar da se prever uma melhoria da situação no verão não é previsível que a meta do Governo seja alcançada, já que para isso ser possível teriam que ser encaixados mais de 6,9 mil milhões de euros até ao final do ano, ou seja, mais de mil milhões de euros por mês até dezembro.

Uma das medidas incluídas no plano Reativar o Turismo, Construir o Futuro foi a criação do IVaucher, iniciativa que entrou em vigor a 1 de junho e que permite que os consumidores acumulem o IVA gasto na restauração, alojamento e cultura para posteriormente o descontar nos mesmos setores. A medida foi orçamentada pelo Executivo em 200 milhões de euros — o que se estimava ser o valor acumulado pelos portugueses entre junho, julho e agosto.

Contudo, dos dados que já são conhecidos, relativos a junho, é possível afirmar que a adesão dos portugueses está a ser menor do que era expectável, já que o valor arrecadado foi de 21,2 milhões de euros, o equivalente a dois euros por cada contribuinte — com os empresários da restauração e do alojamento a afirmarem que a medida está a ter pouco impacto.

Ana Rita Moutinho, ZAP //

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