Yefferson Suárez / Lusa

António Pestana Drumond realiza expedições às regiões de selva do Delta Amacuro e do Parque Nacional Canaima
Há 25 anos que o português António Pestana Drumond realiza expedições às regiões de selva do Delta Amacuro e do Parque Nacional Canaima, leste da Venezuela, onde é conhecido pelos indígenas locais como o Rambo lusitano.
“Tudo começou há anos, quando morei no Parque Nacional Canaima, na selva, durante dois anos, com os nativos. Desde há 25 anos que faço expedições à selva. Adoro a selva, o mato, os animais e os indígenas nativos”, conta António Pestana Drumond à Lusa.
Nascido em Curaçau, de onde depois emigrou para o Porto Santo e a Madeira, o português explicou que inicialmente tratavam-no como Indiana Jones Luso, depois Tarzan e agora Rambo. “Vão-me mudando o nome, mas é pela paixão que tenho pela natureza”.
Pestana conta que começou por promover o turismo tradicional para a ilha venezuelana de Margarita, a nordeste de Caracas, porque não queria fazer o que todos fazem ao chegar à Venezuela: “vender doces e bolachas pelo país“.
Naquela altura, estavam à procura de pessoas que falassem português, inglês, espanhol e italiano, que pudessem ir viver para a selva e fazer viagens diárias para o arquipélago de Los Roques e outros destinos.
“Já fiz muitas expedições e todas deixaram uma marca especial. Já fiz expedições para a National Geographic, para televisões de outros países do mundo, Espanha, Portugal, mas a que mais me marcou foi ser guia de pessoas cegas”, relata António Drumond.
Yefferson Suárez / Lusa

A região de selva do Delta Amacuro e do Parque Nacional é “o Vietname da Venezuela”
“Foi uma maneira de vencer algo que não era tão fácil, trabalhar em turismo com cegos. De facto éramos 30 guias a receber formação e apenas ficámos cinco”.
O Rambo Luso sublinha que acabou por se apaixonar pelo que fazia, “por morar na selva, nas praias virgens das Caraíbas, da Venezuela, e ter contacto com os nativos” e que, disse, é algo que leva “no coração”.
“Nós chamamos-lhe o Vietname da Venezuela. Está entre os dez maiores deltas do mundo. É talvez um dos mais bonitos, e nele vive uma etnia especial que são os waraos. Tem bonitas paisagens e o rio Orinoco que proporciona uma experiência incrível, a sensação de mergulhar nas águas do rio, nadar com as piranhas, poder comer o que eles comem e fazer caminhadas na selva”, descreveu.
Segundo o português, os warao, ou “homens da canoa”, são uma comunidade indígena que cultiva pequenas hortas junto das suas casas, feitas de folhas de palmeira, de onde extraem o “Ocumo chinês”, também chamado de Ocumo do Delta, uma espécie de batata, que é um dos principais ingredientes da gastronomia local, a par do peixe, que constitui a base da alimentação destes nativos.
Os waraos comem “uma larva que é uma fonte de proteína muito importante e que é conhecida como o ‘viagra’ da selva”. “Aqui nós aprendemos a comer as formigas, o palmito, coração da palmeira”, exemplifica António Drumond.
Para os warao, as canoas são como as bicicletas ou os triciclos para os portugueses: usam-nas desde meninos, porque é o que lhes permite sair das cabanas e ir a qualquer lado.
Todos deveriam conhecer as belezas da selva venezuelanas, diz António Drumond. Para o Rambo Luso, “o Delta Amacuro é o destino mais exótico da Venezuela“.
ZAP // Lusa