Uma simples conversa em direto no Instagram fez com que uma “onda de fãs portugueses” chegasse a uma estação de rádio em Longyearbyen, na Noruega.
Neste período de quarentena, Bruno Nogueira decidiu entrar todas as noites em direto, na sua conta de Instagram, para falar com vários amigos, muitos deles também conhecidos do grande público.
O formato, que seria apenas uma forma de o humorista se sentir menos sozinho em tempos de pandemia, tornou-se um verdadeiro sucesso entre os seus seguidores (normalmente, tem cerca de 50 mil pessoas a assistir), e já ganhou até um nome: “Como é que o bicho mexe?”.
O também humorista e locutor de rádio Nuno Markl é um dos convidados quase com presença garantida nestas conversas noturnas. E foi assim que, esta terça-feira à noite, uma simples conversa entre amigos provocou um fenómeno na Internet.
O radialista contou que, através da aplicação Radio Garden, descobriu uma rádio desconhecida do Polo Norte, chamada Arctic Outpost, que passa sobretudo jazz e blues. Markl pediu, então, às pessoas que viam o direto que seguissem a conta de Instagram do radialista responsável pelo projeto, Cal Lockwood, que, na altura, contava apenas com três seguidores.
Mais tarde, já em conversa com o ator e músico Nuno Lopes, Bruno Nogueira sugeriu que pedissem ao radialista norueguês para que passasse uma música do pianista português Mário Laginha. E isso acabou por acontecer, por volta das três da manhã, ao som de “Fuga em Fá Maior”.
Um dia depois de toda esta conversa, Lockwood já tinha no seu Instagram quase 50 mil novos seguidores, todos eles portugueses, e o aumento de ouvintes na sua rádio foi tão significativo que o site foi abaixo.
“Problemas de ligação devido a aumento de ouvintes. Pedimos desculpa se está a ter problemas quando se tenta conectar ao nosso stream online. Estamos a trabalhar para melhorar esta situação. Olá, Portugal!“, lê-se na mensagem partilhada por Lockwood, que se fez acompanhar pela imagem da bandeira nacional.
Na sua conta de Instagram, Nuno Markl contou que “a onda de fãs portugueses” deixou o seu colega radialista “tão feliz quanto stressado”. “Diz-me ele que é um resistente das ondas média e curta, e que faz esta rádio recôndita de música antiga, na sua estação em Longyearbyen, mais para seu gozo, por achar que ninguém quer saber. Só que queremos”.
“Nestes tempos de isolamento, esta inesperada ponte Portugal — Polo Norte foi uma espécie de fábula que envolveu muita gente e tornou a solidão menos solitária. E passa música incrivelmente boa. Cal já está a aumentar a capacidade dos servidores e está muito grato pelo interesse!”, disse ainda.
E aqui está mais uma prova de que, mesmo longe de tudo e todos, em tempos de quarentena e de pandemia, nunca estivemos tão perto.