Putin aprova passaportes a habitantes de regiões anexadas

Mikhael Klimentyev / Kremlin / EPA

Vladimir Putin

O Presidente russo, Vladimir Putin, aprovou na segunda-feira a concessão de passaportes aos habitantes das quatro regiões ucranianas anexadas pela Rússia: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporíjia.

De acordo com a agência estatal russa TASS, citada pela espanhola EFE, o decreto presidencial inclui o regulamento para o pedido e concessão de documentos de identidade russos a todos os que renunciem a cidadania ucraniana. Tal inclui menores de 14 anos, que podem tornar-se automaticamente cidadãos russos.

O passaporte não será concedido em casos em que o habitante de uma das quatro regiões anexadas se negue a jurar lealdade à Rússia.

Segundo o decreto, os requerentes deverão receber o passaporte em mãos, num prazo que não exceda os dez dias desde que remetem a documentação necessária.

Em setembro, o Presidente russo anunciou a anexação de quatro regiões ucranianas (Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Kherson), depois de se terem realizado referendos locais denunciados como fictícios por Kiev e pela comunidade internacional.

O exército russo não controla a totalidade de nenhum destes territórios. Atualmente, a Rússia controla quase todo o território de Luhansk, grande parte de Zaporíjia, mais de dois terços de Kherson e pouco mais de metade de Donetsk.

Com a anexação destas quatro regiões, a Rússia conta agora com 89 entidades federais, embora Donetsk e Luhansk (no leste ucraniano) sejam consideradas repúblicas, e Kherson e Zaporíjia (no sul da Ucrânia) apenas regiões.

As alterações à Constituição russa, introduzidas em 2020, impedem a entrega a um país estrangeiro de territórios que pertencem ao Estado russo. Tal inclui territórios como a península ucraniana da Crimeia, as quatro regiões anexadas e as ilhas Kuriles, reivindicadas pelo Japão.

A Ucrânia garante que o Kremlin prepara uma grande ofensiva, com o intuito de conquistar a totalidade das quatro regiões anexadas, enquanto o Ocidente desconfia que Moscovo pretende ocupar novos territórios no país vizinho.

Ucrânia quer cimeira de paz no final de fevereiro

A Ucrânia quer ter uma cimeira de paz no final de fevereiro, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmitro Kuleba, indicando que Kiev vai fazer todos os possíveis por ganhar a guerra e destacando o papel importante da diplomacia, em declarações à Associated Press.

“Todas as guerras acabam como resultado das ações levadas a cabo no campo de batalha e da mesa de negociações”, disse, afirmando o desejo de ter uma cimeira sob os auspícios das Nações Unidas, e possivelmente com a mediação do seu secretário-geral, António Guterres.

Guterres provou “ser um mediador e negociador eficaz e, mais importante, um homem de integridade e de princípios”, pelo que a sua “participação ativa” seria vista com bons olhos pela Ucrânia.

Horas antes, Kuleba tinha pedido, no Twitter, a expulsão da Rússia das Nações Unidas, argumentando que o país ocupou ilegalmente “o lugar da URSS no Conselho de Segurança da ONU” desde a dissolução da União Soviética, em 1991, e que a sua presença é marcada por invasões de outros países.

Há 9 milhões de ucranianos sem eletricidade

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, anunciou que cerca de nove milhões de pessoas estavam sem acesso a eletricidade em várias regiões da Ucrânia.

 

“Os apagões continuam. Esta noite, em diferentes regiões da Ucrânia, quase cerca de nove milhões de pessoas estão sem eletricidade. Mas o número e duração dos apagões está a diminuir”, afirmou, no habitual discurso diário.

Na segunda-feira, a situação energética foi o tema de uma reunião entre o chefe de Estado e membros do Governo ucraniano.

O líder ucraniano aproveitou o discurso para lançar um novo alerta sobre a possibilidade de ataques russos na época das festas. Na véspera do Natal, a Rússia bombardeou a região de Kherson, provocando pelo menos oito mortos.

“Os invasores estão a usar todos os recursos disponíveis – e são recursos significativos – para evitar qualquer tipo de avanço”, avisou. Na região de Donbass, em particular as cidades de Bakhmut e Kreminna requerem agora “os máximos esforços e concentração de todo o país”.

ZAP //

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