A crença de que a História pode fornecer soluções para os problemas actuais é muito mais perigosa, avisa o historiador Andrey Zorin.
Para justificar a invasão à Ucrânia, o presidente da Rússia utilizou argumentos relacionados com a História, como quando afirmou que o colapso da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi a principal catástrofe geopolítica do século XX.
Entre outras justificações, Vladimir Putin disse também que a Ucrânia não é um Estado e que o mundo ocidental é uma ameaça para a Rússia.
Tudo está incluído na ideologia oficial russa. Em 2022 ainda persiste o mito de que a Rússia está em perigo, que há muitos inimigos a tentar destruir o país e, por isso, é preciso defender (ou atacar).
“O facto de Putin ou a sua comitiva conhecer mal a História não é nem metade do problema”, comentou o historiador Andrey Zorin, que avisa: “Por si só, a crença de que a História pode fornecer soluções para os problemas actuais é muito mais perigosa. É impossível pensar em algo mais prejudicial do que usar esses argumentos para resolver questões políticas”.
O debate deixa de ser apenas teórico e “enche-se de sangue vivo”, lamenta o professor, no portal Meduza: “Ideias primordialistas ultrapassadas, que datam do início do século XIX e há muito rejeitadas pela ciência, de repente transformam-se, não numa ilusão teórica, mas numa justificação para um homicídio em massa”.
Zorin é especialista na História da Rússia e tem-se focado na ideologia que se mantém no país. E deixa novo alerta: “A cultura russa é caracterizada por uma sensação constante de perigo e ameaça mortal, que é superada por uma dramática transformação e avanço”.
A ideia na Rússia é que um líder não tem der ser apenas forte, mas também transformar em vitória qualquer aparente derrota. “Um verdadeiro rei, um verdadeiro líder, é aquele que coloca o país à beira da destruição – mas depois o leva ao triunfo”, analisou.
Além disso, muitos especialistas – incluindo o próprio Zorin – não repararam que, ao longo dos últimos anos, foi desenvolvida e reforçada a teoria de “nós, russos, estamos a cumprir tudo; e os outros países é que não cumprem”; e isto originou um dos argumentos fortes para esta guerra.
E a interpretação que se instalou, e que ainda se verifica, é que o colapso do império soviético foi causado por forças externas. Ou seja: uma derrota que terá de ser convertida em vitória.
Por fim, a nostalgia: haverá muitos russos com a ideia de que, no tempo da União Soviética, vivia-se melhor. E mais importante: “Todos tinham medo de nós. Era o paraíso soviético mas fomos seduzidos pelas cobras do Ocidente. Agora precisamos de outro avanço e outro verdadeiro rei”, explica Andrey Zorin.
“Um mito é muito difícil de introduzir conscientemente. Mas é possível implementar certos modelos ideológicos – e isso pode ser bem sucedido quando eles são baseados em uma mitologia estável. O mito é: o que foi arrancado de nós é o que precisamos de unir. E aqui a narrativa padrão da História russa, que remonta a Kiev, funcionou bem: esse foi o ponto principal que perdemos”, analisou o historiador.
O pior é que tudo na história da Rússia é apenas é só de responsabilidade interna!
Se eu fosse russo também estaria apreensivo com a ameaça que representa a Nato a circundar as fronteiras do país e com toda a narrativa da ameaça russa que os EUA têm montado ao longo dos anos. Esta narrativa da russofobia tem sido um negócio gigantesco para os EUA que vendem os seu material militar com exclusividade e ao mesmo tempo apontam os seus misseis a Moscovo a 2 minutos de distância. A segurança de uns não pode ser feita à custa da insegurança de outros. A Nato não é uma força de paz nem defensiva mas de opressão e condicionamento ao serviço dos interesses dos EUA, os europeus que se desenganem enquanto é tempo, ou vamos ter mais guerras na Europa (não nos EUA).
“Se eu fosse russo também estaria apreensivo com a ameaça que representa a Nato a circundar as fronteiras do país […]”
A NATO também circunda as fronteiras da Suíça.
A NATO também circunda as fronteiras da Áustria.
A NATO também circunda as fronteiras da República da Irlanda.
A NATO também circunda as fronteiras da Suécia.
A NATO também circunda as fronteiras da Finlândia.
Porque é que a NATO não é uma ameaça para a Suíça?
Porque é que a NATO não é uma ameaça para a Áustria?
Porque é que a NATO não é uma ameaça para a República da Irlanda?
Porque é que a NATO não é uma ameaça para a Suécia?
Porque é que a NATO não é uma ameaça para a Finlândia?
Talvez seja porque a Suíça, a Áustria, a República da Irlanda, a Suécia e a Finlândia não têm planos para invadir outros países nos próximos tempos.
Talvez a NATO não seja uma ameaça para nenhum país. Talvez a NATO seja uma ameaça, sim, mas para os *planos* de invadir outros países.
Isso é uma coisa boa, não é? É bom que os planos de invasão sejam ameaçados, não é?
Hahahaaaa… melhor só as teorias daquele ex-juiz negacionista que veio todo alucinado do Brasil…
E claro que a Terra é plana!…
Todos os fascistas usam mitos. Mussolini com o renascimento do Império Romano, Hitler com os protocolos dos sábios do Sião, Salazar com o seu Viriato e o D. Afonso Henriques, com o qual se travestiu, com a sua espada a defender o seu castelinho, mais o papel civilizador de Portugal. Enfim, se não fossem poderosos, estariam internados em hospícios. Este Putin é a mesma coisa. Como bem afirmou o presidente da Chéquia, internem-no!