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PSD faz ultimato: ou Cabrita muda a direção do SEF ou deve sair do Governo

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Mário Cruz / Lusa

Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita

O PSD exigiu esta terça-feira ao ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que faça imediatamente “mudanças estruturais” no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e avisou que se não o fizer deve abandonar as suas funções no Governo.

Esta posição foi transmitida à agência Lusa pelo deputado Duarte Marques em nome do Grupo Parlamentar do PSD e surge sobretudo em consequência da reação da cúpula do SEF ao caso da morte de um cidadão ucraniano no aeroporto de Lisboa, pela qual já foram acusados três inspetores deste serviço de segurança.

Em declarações à agência Lusa, Duarte Marques afirma que o PSD “encara com preocupação” a situação atual no SEF.

“Está em causa a falta de ação e a falta de decisões por parte do ministro da Administração Interna para fazer mudança estruturais” neste serviço de segurança “e para remover imediatamente uma direção que tem acumulada problemas, contradições e situações que envergonham aqueles que prezam o Estado de Direito e o respeito pelos Direitos Humanos”, acusa o antigo líder da JSD e deputado eleito pelo círculo de Santarém.

No plano político, Duarte Marques considera que, “ao não remover a direção do SEF, ao não tomar medidas urgentes, é o próprio ministro que deve pedir a sua substituição”.

“O que está a acontecer é uma situação inaceitável para os portugueses, uma inação por parte do Governo e, sobretudo, um adiar soluções por parte do ministro da Administração Interna”, reforça o deputado social-democrata.

Interrogado sobre a recente ideia de ser colocado um “botão de pânico” acessível a estrangeiros que se encontrem sujeitos a interrogatório por parte de inspetores deste serviço de segurança, o porta-voz do Grupo Parlamentar do PSD para as questões de segurança interna observa que “o SEF tem sido envolvido num conjunto de situações embaraçosas, ou outras demasiado graves“.

“O SEF tem demonstrado também que tem falta de meios e de capacidade para dar resposta e cumprir o seu papel. Mas, ao criar este botão para tentar resolver um problema, o ministro Eduardo Cabrita está sobretudo a desconfiar do próprio serviço de segurança”.

Na perspetiva do deputado do PSD, Eduardo Cabrita, no fundo, “está a acusar o serviço de segurança de praticar recorrentemente um tipo de atos“.

“É o próprio ministro que tutela a Administração Interna e o SEF que está a dizer às pessoas que desconfia dos seus agentes, que desconfia do SEF. Esse é o maior sinal de desconfiança num serviço público que deve proteger todos. Este episódio do botão é não só anedótico, como também irresponsável, não passando de uma tentativa de tapar o sol com a peneira”, considera Duarte Marques.

O deputado social-democrata salienta ainda que essa medida de criar um botão de segurança “não vai resolver nenhum dos problemas estruturais e, sobretudo, de liderança do SEF”.

A “situação do SEF é muito grave e os últimos desenvolvimentos são patéticos. Revelam desorientação e falta de competência para resolver os problemas. São já demasiados meses de contradições, ocultações e muita incompetência”, acrescenta Duarte Marques.

Na segunda-feira, já a Iniciativa Liberal tinha defendido que Cabrita “não tem condições” para continuar como ministro da Administração Interna.

Depois de ter tentado entrar ilegalmente em Portugal, por via aérea, a 10 de março, o ucraniano Ihor Homeniuk morreu no aeroporto de Lisboa, em circunstâncias que, após investigação, já conduziram à acusação de três inspetores, por “tortura evidente”.

Segundo o Ministério Público (MP), as agressões cometidas pelos inspetores do SEF, que agiram em comunhão de esforços e intentos, provocaram a Ihor Homenyuk “diversas lesões traumáticas que foram causa direta” da sua morte.

Após a morte de Ihor Homenyuk, o ministro da Administração Interna determinou a instauração de processos disciplinares ao diretor e subdiretor de Fronteiras de Lisboa, ao Coordenador do EECIT do aeroporto e aos três inspetores do SEF, entretanto acusados pelo Ministério Público, bem como a abertura de um inquérito à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI).

Na sequência deste inquérito, a IGAI instaurou oito processos disciplinares a elementos do SEF e implicou 12 inspetores deste serviço de segurança na morte do ucraniano.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Cabrita deve sair.
    Cabrita deve sair, porque deve sair.
    Cabrita deve sair, porque tem de sair.
    Cabrita deve sair, porque deve e porque tem de o fazer.

  2. Bem pelo menos nesta situação o PSD esta a tentar fazer o que lhe compete, oposição ao governo!

    Pode ser que o Dr Riu mude de ideias e finalmente faça oposição ao governo, o que os Portugueses esperam de um partido da oposição.

    Neste caso não usou o argumento de populismo para ficar do lado do governo, ou com medo que o governo possa cair como aconteceu com a polémica das vacinas nos últimos dias.
    Há 2 situações onde os partidos que apoiam o governo, (sem que o povo se aperceba)
    estão a fazer os Portugueses mudar o sentido de voto!

    Abstenção no parlamento:
    Quando pedimos aos Portugueses para votar, para reduzir a abstenção, vemos no parlamento, grupos de pessoas que se abstêm, não sabem onde votar e neste caso com apenas 2 opções, a favor ou contra.

    Falta de oposição:
    Os políticos aparecem sempre com novas modas, derrapagens, buracos,etc…, a mais recente para não fazer oposição e concordar com o governo é Populismo:
    Quando um partido pretende apoiar o governo, ou porque faz, fez ou que fazer o mesmo, empregam a palavra Populismo, para não criticar o governo.

    Esse papel faz o PR muito bem.
    A oposição no parlamento têm que saber votar o que é melhor para os Portugueses e não abster-se sem saber onde votar.
    A oposição têm saber que criticar o governo e até dentro dos próprios partidos quando algo vai mal.

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