O dito por não dito. Expulsão de 46 militantes do PSD recupera “feridas” eleitorais

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Mário Cruz / Lusa

O presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino de Morais

A ordem de expulsão de 46 militantes do PSD, todos ligados à candidatura de Isaltino Morais à Câmara de Oeiras, está a recuperar “feridas” da campanha eleitoral no partido.

Estes 46 militantes foram informados da expulsão na passada terça-feira, isto é, antes da eleição de Luís Montenegro como novo presidente do partido. Todos integraram as listas de Isaltino Morais pelo grupo de cidadãos eleitores “Por Isaltino Inovar Oeiras (IN-OV)”, nas eleições legislativas de 26 de Setembro de 2021 e esse é o motivo que leva à expulsão.

Mas o vice-presidente da Câmara de Oeiras, Francisco Rocha Gonçalves, que é um dos militantes alvos de expulsão, contesta a decisão, considerando que estava “combinado” com as instâncias superiores do PSD que não haveria quaisquer sanções a quem apoiasse Isaltino Morais.

Rocha Gonçalves refere numa carta enviada ao relator do processo disciplinar no PSD, a que o Expresso teve acesso, que houve “diversos encontros preparatórios” com o secretário-geral do PSD, José Silvano, com o secretário-geral adjunto João Montenegro e com o vice-presidente Salvador Malheiro, em Oeiras, no sentido de não sancionar ninguém.

Havia “uma total sintonia entre órgãos concelhios, distritais e nacionais do partido”, assegura Rocha Gonçalves, considerando que é “lamentável” a ordem de expulsão agora dada aos 46 militantes.

Rocha Andrade garante que o secretário-geral do PSD “assegurou ao presidente da Comissão Política Distrital de Oeiras” que “os militantes não seriam objecto de qualquer sanção“, como cita o Expresso.

O vice-presidente da autarquia refere trocas de “mensagens” por telemóvel que o atestam. “Não podemos admitir que o PSD tenha um secretário-geral sem palavra“, aponta ainda.

Outro dos militantes sancionados com a expulsão, Inigo Pereira que é presidente da União das Freguesias de Carnaxide e Queijas, eleito pelo IN-OV, refere mesmo que Rui Rio “combinou” com Isaltino Morais que este seria o seu candidato às legislativas passadas.

De facto, na altura, surgiram notícias de uma aproximação evidente entre Rio e Isaltino, com o então presidente do PSD a tecer elogios ao autarca.

“Só que entretanto David Justino não quis. Então, internamente, arranjou uma forma de o PSD não dar apoio”, aponta Inigo Pereira citado pelo Expresso, frisando ainda que Rio garantiu que não haveria “consequências para ninguém” por um eventual apoio, a título pessoal, a Isaltino Morais.

A candidatura de Suzana Garcia e o “ruído”

A “novela” começa a 29 de Março de 2021 quando a Comissão Política do PSD Oeiras decidiu apoiar a candidatura independente de Isaltino Morais, como reporta o Expresso. Nesse seguimento, a distrital de Lisboa fez o mesmo.

Mas a 6 de Abril de 2021, houve um retrocesso com a candidatura de Suzana Garcia à Amadora pelo PSD. Houve “receio” de que existisse “demasiado ruído na comunicação social” e o apoio à candidatura de Isaltino Morais ficou em suspenso e “nunca chegou”, como atesta Rocha Gonçalves citado pelo Expresso.

O PSD acabou por não apoiar Isaltino Morais, o que levou inclusive o então presidente da Comissão Política do PSD de Oeiras, Armando Cardoso Soares, a demitir-se do cargo.

Esta demissão aconteceu depois de o PSD ter anunciado Alexandre Poço como candidato do PSD a Oeiras, com David Justino como candidato à Assembleia Municipal.

Esta escolha de Poço leva o vice-presidente da autarquia de Oeiras a considerar que “não cumpriu os estatutos” do PSD porque a “Comissão Política Concelhia não aprovou a candidatura”.

ZAP //

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