PSD e CDS podem votar contra o Orçamento do Estado

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José Sena Goulão / Lusa

Em vez de aprofundarem as divergências políticas, PS, PSD e Chega deveriam “vestir fato de adulto” e negociar o documento.

A votação do Orçamento do Estado está cada vez mais próxima. É um momento que será decisivo para o futuro do actual Governo.

Mafalda Prata Fernandes avisa que as negociações do Orçamento de Estado estão longe de estar concluídas e que o xadrez político da votação final não é claro.

Na rádio Observador, a politóloga diz que o PSD tem deixado indicações mistas sobre este assunto.

Por um lado, Miranda Sarmento sugeriu na semana passada que eleições antecipadas são mesmo um cenário real, recorrendo à “vitimização” do Governo e ao tentar o maior apoio eleitoral. Mas a especialista avisou: “É uma estratégia muito difícil, não me parece possível que AD e IL tivessem maioria absoluta em eleições antecipadas. O bloqueio político iria continuar”.

Por outro lado, Cavaco Silva disse recentemente que não seria muito grave um Governo liderar o país sem Orçamento do Estado aprovado. “Ninguém morre com duodécimos”, atirou o antigo primeiro-ministro e presidente da República.

Mafalda acha que vêm aí dificuldades para diversos lados.

Primeiro, para um “vulnerável” Marcelo Rebelo de Sousa. O que faria o presidente da República: deixar o Governo sem Orçamento aprovado? Não fez isso com António Costa, em 2021.

Segundo, contas difíceis para o Chega – seja ao aprovar o documento (ficaria “colado” ao sistema), seja ao ir já para eleições, depois do tombo que levou nas europeias.

Terceiro, para o PS: ficou à frente nas europeias, mas não é claro que ganhe em eventuais legislativas antecipadas.

“O próprio país votaria da mesma forma em legislativas antecipadas. Esta é a divisão, a fragmentação actual na população portuguesa”.

E, perante este cenário, Mafalda Prata Fernandes considera que, em vez de aprofundarem as divergências políticas, PS, PSD e Chega deveriam “vestir fato de adulto, sentarem-se à mesa e negociarem. Porque é esse o pedido da população”, olhando para os resultados das eleições.

Governo vota contra?

No mesmo programa, José Manuel Mestre lembrou que o mesmo Miranda Sarmento, ministro das Finanças, avisou que é preciso “perguntar aos portugueses” se aceitam um Orçamento do Estado “desvirtuado”. Uma ideia reforçada por Hugo Carneiro, deputado do PSD especialista em Orçamento.

“Se não é aceitável para o Governo, pode dar-se o caso de termos os partidos que suportam o Governo (PSD e CDS) votarem contra o Orçamento do Estado“, atirou o jornalista.

“Não estou a dizer nenhuma heresia”, avisou. Se se concretizar o cenário em que o documento inclui diversas propostas de PS ou Chega – aprovadas na discussão na especialidade contra a vontade do Governo – PSD e CDS podem mesmo votar contra, na votação final global.

“É esse o sinal que o Governo e a bancada do PSD estão a passar, como ameaça, dizendo que tem de se perguntar aos portugueses porque eles não concordam com o Orçamento. Apesar de a coluna vertebral do Orçamento ser feita pelo Governo”.

No entanto, José Manuel Mestre acha que este jogo de ameaças “é apenas fumaça”, como diria Pinheiro de Azevedo noutros tempos.

“Toda a gente está a jogar todos os jogos de estratégia que existem. E ninguém sabe qual será a realidade com que o Governo se vai deparar no final de Novembro, depois das eleições nos EUA”, lembrou.

ZAP //

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1 Comment

  1. A capacidade de negociar é uma virtude que parece não existir. Há capacidade para governar bem, mas o não é não é difícil de perceber, parece birra de crianças!

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