Afinal, Cavaco é contra eleições antecipadas: “ninguém morreu” a viver com duodécimos

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Miguel A. Lopes / Lusa

O ex-Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva

“Em nenhuma das suas partes” Cavaco defendeu ou sugeriu a realização de eleições antecipadas, garante o ex-Presidente da República. Só quis “ajudar os portugueses a pensar”.

O antigo Presidente da República Cavaco Silva veio esclarecer esta quarta-feira o que disse na passada quinta-feira, em “texto pedagógico” publicado no Expresso.

Em entrevista ao Observador, Cavaco argumentou que, no recente “texto pedagógico”, “em nenhuma das suas partes” defendeu ou sugeriu “a realização de eleições antecipadas”.

Sou contra as eleições antecipadas“, enfatizou, explicando que o seu objetivo foi “ajudar os portugueses a pensar” em qual o xadrez político mais favorável para “aumentar o bem-estar das famílias” já que nos próximos 10 anos vão “ocorrer duas eleições legislativas”.

Cavaco Silva traçou, vários cenários políticos, inclusive resultantes de eleições legislativas, e questionou sobre a probabilidade de serem tomadas as medidas necessárias para o bem-estar dos portugueses, nos próximos 10 anos.

Orçamento? Deve ser aprovado — mas “não há nenhum drama” se não for

Questionado sobre a viabilização do próximo Orçamento do Estado, o antigo chefe de Estado considerou ser “muito provável que venha a ser aprovado“.

“Mas não há nenhum drama se não for aprovado. É importante aprovar, mas eu não tenho neste momento nenhuma indicação de que se concretize uma obstrução tão forte por parte dos partidos da oposição para que não sejam tomadas medidas que sejam positivas para o crescimento das variáveis que eu sublinhei”, respondeu.

Cavaco Silva ressalvou que “não aprovar orçamentos é banal nalguns países da Europa” e deu o exemplo de Espanha, onde o primeiro-ministro “viveu durante dois anos com duodécimos e ninguém morreu”.

Esta posição pode vir a baralhar a postura de Luís Montenegro, depois de Pedro Nuno admitir viabilizar o OE.

Cavaco está a “descolar” de Montenegro, acredita um conselheiro nacional, que diz ao DN que o antigo presidente “não parece estar articulado” com o primeiro-ministro.

Pactos de regime sem extremos

Sobre a necessidade de serem feitos pactos de regime entre PSD e PS, o antigo Presidente da República defendeu que “apenas os extremos direita e os extremos esquerda”, ou seja Chega, PCP e BE, “têm posições inconsistentes” com o objetivo por si traçado de dar “o salto em frente no bem-estar das famílias portuguesas”.

“A possibilidade de um pacto de regime pode ser em relação a várias forças políticas, excluindo os extremos à esquerda e à direita”, apontou.

“Espero que não haja dissolução”

Sobre se o atual Governo de Luís Montenegro deve ir até 2028, como previsto num calendário eleitoral sem alterações, o social-democrata enfatizou “a decisão é exclusivamente do senhor Presidente da República“, Marcelo Rebelo de Sousa.

“No passado houve muitas dissoluções, eu espero que não ocorram, mas essa é apenas a minha opinião”, disse.

Costa era “a melhor escolha” entre os socialistas

Sobre a ida do antigo primeiro-ministro socialista António Costa para a presidência do Conselho Europeu, o também antigo chefe do executivo destacou que esta “não é uma função executiva”, mas sim com “tarefa de coordenação, de representação e de tentar consensos”.

“Eu penso que o doutor António Costa pode realizar bem essa função. Penso que prestigia Portugal e eu felicito-o”, elogiou.

Para Cavaco Silva, António Costa “era inequivocamente a melhor escolha” entre os Socialistas Europeus.

Em relação ao resultado das eleições francesas, Cavaco Silva considerou que o “sistema eleitoral francês trouxe alívio a muitos governos da Europa”, também ao português e a si próprio, mostrando-se “muito preocupado” com as eleições americanas.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. «…Desde um extremo ao outro do espectro partidário português, estes partidos são todos iguais no seu conservadorismo de regime. Fingem se combater uns aos outros, só para enganar os Portugueses mais distraídos.
    Porém, estão alinhados, todos e ainda que em estilos diversificados, sob as mesmas batutas que controlam a imposição do sistema político-constitucional ainda vigente…» – Alberto João Jardim in «A Tomada da Bastilha»

  2. Oh, Núria, sabes dizer nadinha. E então, tens que ir para a primeira classe, nem escrever sabes, quanto mais opinar.

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