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PS não vai assinar acordos escritos com parceiros de esquerda

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Tiago Petinga / Lusa

O primeiro-ministro António Costa

O secretário-geral do PS afirmou, esta quinta-feira, que não fará qualquer acordo escrito de legislatura com outras forças parlamentares, mas frisou que a metodologia de trabalho adotada na anterior legislatura vai manter-se com os parceiros.

Esta posição foi transmitida à agência Lusa por vários dirigentes socialistas que ouviram a intervenção de fundo de António Costa na reunião, na noite de quinta-feira, da Comissão Política Nacional do PS, em Lisboa.

Nessa intervenção, Costa disse que, desta vez, não se repetirá a assinatura de declarações conjuntas do PS com o Bloco de Esquerda, PCP e PEV, tal como em 2015, mas salientou logo a seguir que a metodologia de trabalho adotada na anterior legislatura se manterá, sendo agora alargada ao PAN e Livre.

O comunicado final da reunião da Comissão Política Nacional do PS traduz esta ideia do líder socialista, não referindo qualquer compromisso escrito de início de legislatura, numa alusão aos resultados da ronda de conversações que Costa teve com o Bloco de Esquerda, PCP, PEV, Livre e PAN na quarta-feira.

“Resultou ainda dos contactos que, à semelhança da legislatura agora finda, será prosseguida uma metodologia idêntica de apreciação prévia das propostas de orçamentos do Estado e de outras relevantes para a estabilidade governativa”, refere-se no comunicado.

Fonte socialista adiantou à Lusa que, se o PS fizesse um acordo escrito de legislatura apenas com o Bloco de Esquerda, estaria agora a hierarquizar parceiros na nova solução política, o que dentro do PS se considera indesejável.

Por outro lado, na sua intervenção, António Costa, para desdramatizar a ausência de qualquer acordo escrito, afirmou que o teor das anteriores declarações conjuntas com o Bloco de Esquerda, PCP e PEV se esgotou há dois anos, a meio da legislatura.

O importante, segundo o secretário-geral do PS, é que o Bloco de Esquerda, PCP e PEV, assim como o Livre e o PAN, estão disponíveis para “análise conjunta prévia de orçamentos do Estado” e de outros documentos relevantes do ponto de vista político, assim como também não votam moções de rejeição ou de censura vindas de forças da direita.

“Estão reunidas as condições para o PS formar Governo”

Antes da reunião da Comissão Política Nacional, Costa assumiu que “estão reunidas as condições para o PS formar Governo, iniciando a sua governação com perspetivas de estabilidade para o horizonte da legislatura”.

Interrogado se o PS já tem alguma estimativa sobre o custo global das medidas que o Bloco de Esquerda coloca como condições para celebrar um acordo escrito de legislatura, Costa preferiu destacar que está em curso “um diálogo com as diferentes forças políticas”.

“Acho que a mensagem que todas deram foi muito clara sobre a existência de condições para a formação do Governo e para o seu início em funções. Há uma vontade do conjunto destas forças políticas para dialogarmos permanentemente ao longo da legislatura, tendo em vista encontrar soluções e proceder-se à avaliação prévia de orçamentos e de outros documentos considerados de política fundamental”, respondeu.

Questionado se os próximos quatro anos vão ser mais exigentes em termos de governação do que os desta legislatura, António Costa alegou que só no final da legislatura poderá fazer comparações.

“Partimos para estes quatro anos com um PS claramente reforçado e, portanto, com melhores condições de governação daquelas que existiam em 2015″, defendeu.

Já quando foi interrogado se espera críticas dentro do PS em relação à estratégia que tenciona prosseguir, renovando as aproximações prioritárias à esquerda e não com o PSD, o líder socialista sorriu e recorreu ao humor para responder.

Não sei se haverá críticas. O PS é um partido livre, felizmente cada um pensa pela sua própria cabeça e se houver alguma oposição ela não deixará de se manifestar. E também se essa oposição se manifestar [os jornalistas] não deixarão de saber. Tudo aquilo que acontece dentro do PS é também conhecido fora das paredes do PS”, declarou.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. Em Portugal somos todos Portugueses…Ser de direita ou esquerda é pouco importante, já que todos pagamos impostos…Os extremismos não levam a lado algum! O Dr. António Costa tem todas as condições para realizar um bom mandato…

  2. António Costa foi claro na entrevista que deu à TV há poucas semanas que valorizava mais o PCP que o Bloco. Por uma questão de coerência, lealdade e previsibilidade. Deu para entender que daria preferência ao PCP, na escolha de um só parceiro de governação.
    Um acordo PS-PCP teria maioria no Parlamento. Mas o PCP não teve os resultados eleitorais desejados (e que, a meu ver, merecia, pelos méritos da sua intervenção ao longo da legislatura). Em consequência, viu-se na necessidade de adoptar a posição táctica que se conhece.
    E o PS aproveitou o facto para se desligar de um acordo formal com o Bloco (que não desejava).

  3. Se fosse o presidente do PSD votaria contra todos, sem exceção, os orçamentos de estado. O PS disse que o faria no caso de Passos Coelho e Paulo Portas tomarem posse. Logo, faria o mesmo. E votaria contra toda e qualquer proposta vinda da esquerda. Somente por esse facto.

    • Votar contra sem conhecer e discutir os orçamentos? Votar sempre contra tudo? A Política é mais séria..
      Rui Rio já deu provas, como autarca, de ser uma pessoa séria…VIVA PORTUGAL!

    • Exacto, porque o bem estar do país não interessa para nada – o mais importante é fazer birra como as crianças!!
      Pode ser que tu, quando chegares à idade adulta, consigas perceber a diferença…
      Felizmente o Rui Rio tem mais maturidade e responsabilidade que boa parte dos restantes políticos (incluído os parasitas do PSD que lhe querem fazer a folha)!…

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