Além de criticar o apelo do PS à “maioria absoluta”, Jorge Cordeiro acusa António Costa de fazer bluff nas negociações e de “usar indevidamente” as propostas do PCP.
Jorge Cordeiro, membro da comissão política do PCP e um dos elementos da negociação do Orçamento do Estado com o Governo, deu uma entrevista ao Público e à Rádio Renascença na qual deixou claro que o partido “não se deixa meter no bolso”. “Creio que fizemos agora prova disso”, assumiu, numa referência ao chumbo do OE2022.
Sobre o PS, acredita que o partido está a fazer bluff nas negociações, além de se apropriar “indevidamente”de propostas do PCP, como o aumento extraordinário das pensões, medida que o PS tenciona incluir no programa eleitoral para as eleições legislativas de 30 de janeiro.
“Andaram a fazer bluff e a fazer propostas que, na prática, sabiam que não iam aplicá-las, mas sobretudo usá-las e instrumentalizá-las no plano eleitoral e o caso das reformas é um deles”, afirmou o comunista.
As críticas estenderam-se a António Costa, que está a “usar indevidamente uma pressão sobre os eleitores para garantir um ou outro elemento”.
Sobre a retórica da maioria absoluta, Jorge Cordeiro entende que Costa “estará a pensar, sobretudo, em poder descartar-se da obrigação de responder aos problemas que precisam de ter resposta”. “2019 provou uma coisa: o caminho para que os portugueses tenham direito à saúde, educação, escola pública de qualidade, habitação, tudo isso ficará menos protegido e menos seguro, se o PS reforçar as suas posições.”
A maioria absoluta é, para o membro da comissão política do PCP, “uma espécie de abono de família para os objetivos do PS, procurando levar as pessoas a pensar que é aí que encontram a solução para os seus problemas”.
Sublinhando que o objetivo do PS era “alcançar a maioria absoluta, porque imagina que com essa maioria absoluta pode ficar mais livre para fazer aquilo que quiser”, Cordeiro salientou que foi o partido do Governo quem quis criar uma crise política.
“A partir de determinado momento, não sei se antes ou depois de o próprio Presidente da República ter estendido essa passadeira, quis vitimizar-se, atribuindo a terceiros responsabilidades que são suas e ambicionar aquilo que pensa alcançar e que, na nossa opinião, seria mau para o país”, frisou.